segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ciência desvenda sensibilidade olfativa dos cegos

Por Luciana Christante

Ao contrário do que se acredita, deficientes visuais não têm o olfato mais apurado que as pessoas que enxergam. Isso é o que mostra um estudo feito na Universidade de Montreal, no Canadá. Segundo os autores, a diferença é que os cegos prestam mais atenção aos odores presentes no ambiente do que as outras pessoas. A pesquisa avaliou a capacidade olfativa de 25 voluntários, dos quais 11 eram cegos desde o nascimento. A primeira bateria de testes foi realizada com um olfatômetro para detectar o limiar de sensibilidade olfativa, isto é, a menor concentração do odor no ar que os participantes são capazes de reconhecer. Os resultados mostram que não houve discrepância entre resultados obtidos nos testes com cegos e videntes.

A diferença entre os dois grupos apareceu na segunda etapa do experimento, quando os pesquisadores usaram técnicas de imageamento cerebral para identificar quais áreas do cérebro eram ativadas em resposta à exposição aos odores. Observou-se maior atividade no córtex olfatório dos deficientes, mas, paradoxalmente, também o córtex visual destes se mostrou ativo. Para o coordenador do estudo, Maurice Ptito, os dados indicam que a área visual do cérebro dos cegos passou por uma reorganização, o que talvez favoreça a atenção que eles dedicam aos estímulos olfativos, coisa que as pessoas que enxergam, distraídas por outras sensações, não fazem.

Revista Mente & Cérebro n° 210, de julho/2010 – pág. 19

sábado, 28 de agosto de 2010

Ingestão de álcool na gravidez eleva risco de depressão

O repórter

O consumo de álcool na gravidez está relacionado a sofrimento psiquiátrico durante e após a gestação. Segundo o estudo Uso de álcool na gestação e sua relação com sintomas depressivos no pós-parto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, existe uma associação entre o aumento de sintomas depressivos na gravidez e no pós-parto e o aumento de ingestão de bebidas alcoólicas.

A psicóloga Poliana Patrício Aliane, autora do estudo, afirma que não há uma única causa da depressão em gestantes. “São vários fatores de risco que contribuem para um desfecho”, descreve. “Pré-disposição genética, insatisfação na vida pessoal ou na relação conjugal, são alguns desses fatores e o consumo de álcool vem se juntar a eles.”


A pesquisa também indica uma maior prevalência de depressão pós-parto entre as mulheres que tiveram ao menos um binge alcoólico durante a gravidez. O binge é caracterizado pela ingestão de cinco ou mais doses alcoólicas em uma única ocasião, sendo que uma dose contém 12 gramas de álcool puro. “Uma lata de cerveja, por exemplo, contém uma dose de álcool”, descreve Poliana.

O estudo trabalhou na análise de um grupo de 177 mulheres grávidas. A média de consumo encontrada por gestante foi de 163,7 gramas de álcool ou quase 14 doses ao longo dos nove meses de gestação. “Essa é uma quantia elevada se levarmos em conta que o recomendado é que não se consuma nada”, explica Poliana, que ressalta: “Qualquer consumo já impõe um risco à saúde do bebê. Não existe um valor mínimo de segurança.”

Outro novo fator encontrado foi um predomínio de sintomas depressivos ao longo da gestação e não no pós-parto. Do total de gestantes, aproximadamente 20% apresentaram sintomas de depressão durante a gravidez, ante 14,7% que se mostraram deprimidas no pós-parto.

Quadro depressivo
Os sintomas da depressão em qualquer pessoa, seja ou não gestante, podem ser divididos em dois grupos. Os sintomas do grupo principal são um sentimento constante de tristeza e desânimo e a chamada anedonia, caracterizada pela perda de interesse e prazer pelo que antes proporcionava tais sensações. Alterações de apetite e de sono, cansaço excessivo, falta de energia e dificuldade de concentração fazem parte do grupo de sintomas secundários.
Para a depressão ser diagnosticada, o paciente deve apresentar ao menos um sintoma do grupo principal e três ou quatro do secundário. Porém, no caso da depressão pós-parto algumas características particulares podem estar presentes. “Algumas mães passam a ter pensamentos obsessivos e sentimentos ambivalentes acerca do bebê e sentem opressão pela responsabilidade de cuidar dos filhos”, explica Poliana.

O quadro depressivo pode ser superado com tratamento psiquiátrico e psicológico, no qual as possíveis causas envolvidas são exploradas para serem tratadas ou amenizadas. De acordo com o grau da doença, remédios também podem ser prescritos pelo psiquiatra.

Para diminuir o consumo
Atualmente, Poliana trabalha no desenvolvimento de um protocolo de intervenções breves para reduzir o consumo de álcool na gestação. “As intervenções exigem alguma adaptação porque o uso de álcool durante a gravidez traz mais consequências, como maior risco de aborto, de partos prematuros e riscos para o próprio bebê”, explica.

O protocolo ainda está fase de elaboração e é desenvolvido pelo Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade (PAI-PAD), da FMRP. Em sua tese de doutorado, Poliana pretende verificar a eficácia da intervenção breve na redução do consumo de álcool entre gestantes.

O estudo de Poliana foi orientado pelo professor Erikson Felipe Furtado, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP, também coordenador do PAI-PAD.

Fonte: UNIAD

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O equívoco da liberalização da maconha

SEGS - Portal Nacional Seguros & Saúde - ABEAD
De tempos em tempos a discussão ganha espaço; A Abead alerta para seus malefícios e implicações

A equivocada convenção social de que existem drogas “leves” representa um grande problema de saúde pública. Medidas restritivas contra o álcool e o tabaco tentam colocar a imagem dessas substâncias em seu devido lugar: como a de verdadeiras drogas, com implicâncias severas na saúde coletiva e consequências em toda a sociedade, como acidentes de trânsito e violência doméstica, para citar apenas estes.


Em situação semelhante encontramos a discussão sobre a liberalização da maconha, que veio à tona nesta semana com a divulgação de posicionamento da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento favorável à liberalização da erva para uso medicinal.

A Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas) alerta para os riscos de uma medida como essa, a começar pelo fato de que a maconha é uma das principais portas de entrada para o consumo de outras drogas, assim como ocorre com o tabaco, principalmente entre os jovens.


De acordo com o presidente da Associação, o psiquiatra Carlos Salgado, argumentos como o de que a maconha poderia ter fim medicinal não justiçam liberalização. “Existem alternativas para o controle de dor ou de apetite, por exemplo, que não implicam no uso da substância ou extrato. Temos várias opções bem estabelecidas, até para pacientes terminais”, comenta.
“Discutir a liberalização da maconha é ir na contramão das políticas essenciais e urgentes para a prevenção do uso de drogas. A maconha não é uma droga benigna. Não está isenta de riscos. Além da dependência, pode causar câncer de cabeça, pescoço e pulmão e uma série de outras complicações”, diz o psiquiatra, com a estimativa de que um em 10 daqueles usuários de maconha tornam-se dependentes em algum momento do seu período de quatro a cinco anos de consumo pesado.

Outra grande preocupação constitui no número cada vez maior de figuras públicas que admitem e defendem o consumo. “Essas pessoas são tidas como modelo, em especial para os jovens, e acabam por reforçar estigmas entre música, fama, arte e o consumo de drogas”, comenta Salgado.


Atualmente a maconha é um grande problema de saúde pública no mundo inteiro, por ser a droga mais consumida entre as ilícitas. Por isso, é importante que não fiquem margens para que pareceres e opiniões sejam interpretados de maneira equivocada, validando o consumo de drogas ilícitas.


As políticas públicas de combate às drogas e tratamento de dependentes, além do envolvimento da sociedade, são fundamentais para avanços. “Concordamos com a distinção entre quem comercializa a droga e o usuário, que necessita de tratamento, mas isso não pode justificar a liberalização. Se esse fosse o caso, teríamos que liberar qualquer substância que o próprio usuário produzisse? É no mínimo preocupante”, finaliza Carlos Salgado.

Efeitos da maconha
Os efeitos da intoxicação aparecem após alguns minutos do uso. Déficits motores, como o prejuízo da capacidade para dirigir automóveis, e cognitivos, como a perda de memória de curto prazo, costumam acompanhar a intoxicação. Além disso, consumo de maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais como reações de pânico, ou sintomas de natureza psicótica.

Complicações crônicas
A dependência é uma das complicações crônicas do uso de maconha, apesar de não atingir a maioria de seus usuários. Os sintomas de abstinência mais relatados são irritabilidade, nervosismo, inquietação, fissura e sintomas depressivos, insônia, redução do apetite e cefaléia. O consumo prolongado e intenso de maconha é capaz de causar prejuízos cognitivos envolvendo vários mecanismos de processos de atenção e memória. O uso em indivíduos predispostos pode desencadear quadros psicóticos similares à esquizofrenia. O consumo de maconha em indivíduos predispostos está associado ao aparecimento de sintomas psicóticos, em alguns casos definitivos. Quanto ao aparelho reprodutor, há redução reversível do número de espermatozóides.

Efeitos psíquicos
* Letargia e sonolência
* Euforia, bem-estar e relaxamento
* Risos imotivados
* Aumento da percepção de cores, sons, texturas e paladar
* Sensação de lentificação do tempo
* Afrouxamentos da associações
* Prejuízo da concentração e memória

Efeitos físicos
* Hiperemia das conjuntivas (olhos avermelhados)
* Aumento dos batimentos cardíacos
* Boca seca
* Retardo e incoordenação motora
* Piora do desempenho para tarefas motoras e intelectuais complexas
* Broncodilatação
* Tosse
* Aumento do apetite (‘larica’)

Fonte: UNIAD

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Perigos da poluição para o cérebro

Agentes tóxicos comuns no ar – como carbono preto, material particulado e ozônio –podem provocar sérios efeitos na cognição de crianças e adultos

Em uma época em que tanto se discute o derretimento das calotas polares e a destruição das florestas e da camada de ozônio, é quase redundante dizer quanto as substâncias emitidas por automóveis e usinas a carvão são prejudiciais ao sistema respiratório. O que pode surpreender é o grau de danos que esses poluentes podem provocar no cérebro – sendo a exposição a eles, em certos casos, tão prejudicial quanto ao chumbo. Estudos recentes mostram que agentes tóxicos comuns no ar como o carbono preto, o material particulado e o ozônio podem ter efeito negativo sobre capacidades como aquisição de vocabulário, tempo de reação e até mesmo sobre a inteligência, de forma geral.

O mais recente desses estudos, realizado em Nova York, no qual grávidas usaram monitores pessoais de ar durante toda a gestação, descobriu que crianças de 5 anos expostas a níveis altos de poluentes urbanos – conhecidos como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) – quando ainda estavam no útero apresentavam quociente intelectual (QI) 4 pontos inferior ao das que foram expostas a quantidades menores das substâncias. De modo alarmante, “a queda foi semelhante à observada em exposições a baixos níveis de chumbo”, comenta a epidemiologista Frederica Perera, diretora do Columbia Center for Children Environmental Health e autora principal do estudo. A alteração dos índices de QI foi suficiente para causar queda no desempenho escolar e nas notas em testes simples.

“E esses níveis de poluição que medimos no estudo nem foram expressivamente altos, se comparados àqueles de outras áreas urbanas”, observou a pesquisadora. A maior parte dos poluentes HPAs vem de emissões de motores de veículos automotivos, especialmente de carros e caminhões movidos a gasolina e a diesel, além da queima de carvão. A fumaça do cigarro é outra fonte importante de poluentes; por isso pesquisadores não consideraram no estudo crianças que convivem com fumantes.

Um dado importante é que o cérebros infantil em desenvolvimento não é o único atingido pela poluição. Pesquisa de 2008 em adultos de 20 a 50 anos, conduzida em conjunto pelas escolas de saúde pública da Universidade Harvard e da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, identificou redução de atenção, memória de curto prazo e tempo de reação, diminuição esta relacionada ao ozônio e equivalente a um declínio intelectual em meninos e meninas de 3 anos e meio a 5 anos.

O que os especialistas se perguntam agora é: o que pode ser feito em relação a esses poluentes prejudiciais ao cérebro? “A resposta não é mistério: precisamos de melhores políticas para o congestionamento de tráfego, de tecnologias para energias alternativas e de eficiência energética”, afirma Frederica. Felizmente, também há maneiras mais imediatas de reduzir a exposição aos elementos químicos tóxicos, como limitar as atividades físicas ao ar livre nos dias mais poluídos. Os alertas sobre os riscos da qualidade do ar se tornaram parte rotineira das previsões de tempo matutinas. “Se não puder evitar o exercício ao livre, vale a pena diminuir o ritmo, por exemplo, substituindo a corrida por uma caminhada”, sugere a administradora da U. S. Environmental Protection Agency, Lisa Jackson. A alternativa é evitar caminhar, correr ou andar de bicicleta em vias de grande movimento de ônibus, caminhões e carros. Até os controles de emissões e as políticas ambientais surtirem um efeito significativo sobre os níveis de poluentes relacionados a tráfego, a melhor saída é expor o mínimo possível nosso cérebro e o de nossos filhos.

Fonte: Revista Mente e Cérebro edição 207 - Abril 2010
Fonte da imagem: © PATRICK HERRERA/ISTOCKPHTO

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Lian Gong

18 Terapias - Parte Anterior - prevenir e tratar de dores
no pescoço, ombros, costas, cinturas e pernas.

Para maiores informações acesse:

1ª Série de exercícios de 1 a 6





2ª Série de exercícios de 7 a 12




3ª Série de exercícios de 13 a 18



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Biblioteca em casa deixa crianças mais inteligentes

Estudo mostra que a quantidade de livros que os pais oferecem aos filhos desde que são pequenos, pode influenciar diretamente o desenvolvimento da capacidade cognitiva.


Um grupo de sociólogos das universidades de Nevada, em Las Vegas e da Califórnia, em Los Angeles, realizou o maior estudo internacional sobre a influência dos livros na educação escolar. Os resultados mostram que, independentemente do nível educacional dos pais, do status socioeconômico e do regime político, quanto mais livros houver em uma casa, mais anos de escolaridade atingirá a criança que crescer nela. Participam do estudo mais de 70 mil pessoas de 27 países, entre os quais Estados |unidos, China, Rússia, França, Portugal, Chile, África do Sul (o Brasil não foi incluído). A conclusão foi publicada na revista Research in Social Stratification and Mobility.

No artigo, os autores explicam que o nível cultural e educacional dos pais também influencia a escolaridade atingida pela prole, mas nesse caso a correlação é mis fraca do que com o tamanho físico do acervo familiar de livros. Os resultados mostram também como o gosto pela leitura tende a diminuir diferenças sociais. Nos lares mais modestos, o efeito de cada acréscimo ao acervo no futuro acadêmico da criança é mais acentuado do que a adição de um volume em uma biblioteca mais ampla. Apesar de a tendência ter sido observada em todos os países, houve diferenças importantes entre eles. Nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, uma biblioteca com cerca de 500 volumes representou acréscimo de dois a três anos na escolaridade das crianças, comparando com uma casa sem livros. Na Espanha e na Noruega, o número saltou para até cinco anos e na China atingiu o máximo, entre seis e sete anos.

Segundo os pesquisadores, o regime comunista poderia explicar o resultado chinês, pois em um país onde há mais restrições à liberdade individual, os livros seriam bens culturais ainda mais valorizados pela família. O mesmo raciocínio poderia se aplicar aos números semelhantes verificados em países do Leste Europeu (que formavam o bloco comunista) e a África do Sul, que viveu décadas sob o apartheid. Os casos analisados foram de pessoas que cresceram em meio a esses regimes. “A leitura é uma ótima fonte para os oprimidos, seja qual for sua cor, seus opressores e as circunstâncias históricas”, escreveram.

O estudo é uma prova irrefutável de que “uma casa onde os livros são valorizados fornece à criança ferramentas que são diretamente úteis no aprendizado escolar, como vocabulário, imaginação, amplo horizonte em história e geografia, a compreensão da importância da evidência no argumento, e muitas outrass”. E confirma os famosos versos de Castro Alves, do século 19: “Oh! Bendito o que semeia Livros ... livros a mão-cheia.../E manda o povo pensar/O livro caindo n’alma/~E ger,e – que faz a palma/E chuva – que faz o mar”.

Revista Mente & Cérebro n° 210, de julho/2010, pág.18

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pesquisa aponta que 18,9% da população brasileira exagera na bebida

Estudo do Ministério da Saúde com 54 mil revela que abuso de álcool é mais comum entre jovens
Estadão.com.br

SÃO PAULO - Os brasileiros relatam cada vez mais episódios de exageros com bebida. A proporção de pessoas que declaram consumo abusivo de álcool cresceu de 16,2% da população, em 2006, para 18,9%, em 2009. Os dados fazem parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54 mil adultos.
Salvador é a capital que mais consome álcool, com 25,6%

O Ministério da Saúde considera excesso de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres. O levantamento mostra que as situações de descontrole na hora de beber são mais frequentes na população masculina. No ano passado, 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam demais.
"Esse nível de consumo de bebida é bastante elevado e preocupante, pois é fator de risco para acidentes de trânsito, violência e doenças. Mas nem sempre isso é lembrado, porque o álcool está presente na cultura brasileira, associado ao lazer e à celebração", afirma a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Ela ressalta que, considerando apenas a população masculina, o índice do Brasil (28,8%) é superior ao do Chile (17%), dos Estados Unidos (15,7%) e da Argentina (14%).

De acordo com a Vigitel 2009, o consumo abusivo de bebida alcoólica é mais frequente entre os jovens de 18 a 24 anos (23%). À medida que a idade avança, o número de exageros diminui. De 45 a 54 anos e de 55 a 64 anos, 17% e 10,5% da população relata que bebeu em excesso, respectivamente.

Combate
Para frear o consumo de álcool, o Ministério da Saúde apoia medidas mais restritivas, como a proibição da propaganda de cervejas e a elevação no preço das bebidas. Essas ações foram incluídas na estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciada em maio, na Suíça. A OMS informa que abusos no consumo de bebida alcoólica matam por ano 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo.

A "Lei Seca", que desde 2008 aumentou a intolerância entre álcool e direção no País, reduziu em 6,2% as mortes provocadas por acidentes de trânsito em um período de 12 meses. Esse índice representa 2.302 mortes a menos no Brasil, reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados no trânsito.
"Precisamos avançar no marco regulatório do álcool, da mesma forma que estamos fazendo em relação ao tabaco. É necessário proteger vidas", destaca Deborah Malta. Atualmente, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que inclui a cerveja no rol de bebidas alcoólicas cuja publicidade é proibida.

Sobre a Vigitel
A pesquisa é realizada anualmente desde 2006 pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Parede de Abraços

O projeto de Keetra Dean Dixon que
criou uma parede para abraços anônimos.
A parede é o primeiro de uma série da artista intitulada:
“Facilitação Social e Elevação do Humor“.

Fonte: Blog Rodrigo Barba e Blog Tetris

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Globalização

O papel da cultura no desenvolvimento da cognição


Até que ponto o ambiente, as crenças e os valores culturais influenciam a inteligência infantil? A questão foi investigada por cientistas da Universidade da Califórnia em Riverside, em um estudo com crianças de 3 a 9 anos de quatro países mais pobres: Belize, Quênia, Nepal e o território Samoa Americana, que vivem em comunidades tradicionais, distantes das facilidades da tecnologia. Elas foram comparadas a pequenos voluntários, da mesma faixa etária, acostumados ao estilo de vida ocidental moderno (eletricidade, automóveis, televisão, internet, etc).

Os resultados mostraram cientificamente aquilo de que os cientistas interessados em obter pistas importantes sobre as consequências psicológicas da globalização, já desconfiavam: cada cultura estimula o desenvolvimento das habilidades cognitivas que mais valoriza. Mas não foram constatadas diferenças significativas da capacidade intelectual entre os participantes do estudo. As crianças mais expostas aos recursos tecnológicos se saíram melhor em alguns tipos de teste de memória e cálculo. Já as que viviam em comunidades tradicionais exibiram habilidades sociais, como a tolerância, mas bem desenvolvidas.

Revista Mente&Cérebro n° 204, de janeiro/2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O ex-ladrão que virou professor

Fora da escola achou a literatura

Até os 8 anos de idade, Marcos Lopes cresceu sob os cuidados do irmão dez anos mais velho, que cuidava dele enquanto os pais trabalhavam para sustentar a casa em que morava, no Parque Santo Antonio. Bairro pobre da zona sul de São Paulo.

Na 2ª série, com problemas na escola, a professora chamou a mãe de Marcos para dizer que o filho era “burro” e “não tinha jeito”, pecha que o marcou “como uma tatuagem”.

Na sala de aula, ouviu ainda a professora cantar para ele uma música que não sairia das lembranças. “Não sabe, não sabe, vai ter de aprender, orelha de burro foi feita para você”.

Marcos assumiu o papel de aluno relapso e voltou a repetir na 5ª série. Para chamar a atenção e mostrar que merecia respeito, pegou um revólver de brinquedo e assaltou a cantina da escola em que estudava.

Acabou expulso. Com tempo de sobra, fora da escola e nas ruas da zona sul, aos 14 anos passou a se envolver com outros moleques que não estudavam. Roubar carros e pedestres, fumar maconha, cheirar cocaína e curtir as noitadas com o dinheiro dos roubos passou a ser rotina. Nos anos 2000, prestes a completar 18 anos, entrou para o tráfico.

A situação começou a apertar quando alguns amigos da biqueira em que trabalhavam passaram a ser mortos. Em questão de semanas, foram quatro. E ele percebeu que era a bola da vez. Foi quando procurou a educadora Dagmar Garroux, fundadora da Casa do Zezinho, no Capão Redondo, que ensina a jovens da região uma série de atividades, incluindo inglês, espanhol, música e artes.

Conversando sobre as mortes que o rondavam e sobre a vida que havia abraçado, Tia Dag sugeriu que ele desse um tempo e emprestou o livro Capão Pecado, do escritor Ferrez, que relata o cotidiano do bairro. A empatia com o livro o levou a novas obras e o estimulou a tentar contar a vida que havia levado e testemunhado. “Foi o primeiro livro que li na vida”, conta.

Incentivado por outros zezinhos, que ingressavam no vestibular ao deixar a Casa, passou a levar apostilas para estudar nos intervalos dos empregos que conseguia. Fez supletivo e aos 21 anos ingressou no curso de Português e Inglês da Universidade de São Paulo (USP). No ano seguinte, voltou à escola em que estudava – e de onde foi expulso – para lecionar português.

Também escreveu um livro, Zona de Guerra, que será relançado dia 20 de setembro, com tarde de autógrafos na Casa do Zezinho. Trabalhando em uma entidade não governamental e fazendo pós-graduação em Educação Social, Marcos passou a intermediar conflitos na região. “Eu roubava para ter status. Hoje busco o respeito daqueles que não se sentem respeitados, o que busco conseguir compreendendo e ouvindo o que eles passam. Minha trajetória serve como um fio de esperança e mostra que é possível mudar”.

Bruno Paes Manso – Estadão de 30.08.2009 – C3

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Lembre de alimentar seu cérebro


A mente anda cansada, com preguiça de pensar, planejar e aprender?

E pior, vive dando brancos: para onde estou indo mesmo? Sei que tenho que comprar algo... Caramba, esqueci a panela no fogo! Qual é mesmo o nome daquele ator?


Bem, isto é sinal de que você está esquecendo de colocar alguns alimentos no prato. Afinal, um cérebro saudável e vivo, depende de uma alimentação consciente e vitalizante.


Que o consumo de peixes faz bem à manutenção das células cerebrais todo mundo já sabe. Mas os neurobiólogos não param de realizar estudos, e a lista de alimentos que fortalecem as funções cerebrais fica cada vez mais focada para o mundo dos vegetais frescos e integrais.


É nas frutas, por exemplo, que se encontra a fisetina - mais precisamente no morango, pêssego, uva, kiwi, tomate, maçã e também na cebola e espinafre. Segundo o Instituto Salk, na Califórnia (EUA), essa substância vem sendo considerada fundamental para manter a memória “jovem”, porque sua função é estimular a formação de novas conexões entre os neurônios (ramificações) e fortalecê-las.


O fenômeno pode ser explicado pelo fato destes vegetais, quando integrais, frescos e crus, estão concentrados de compostos antioxidantes, que neutralizam os danos dos radicais livres no cérebro, melhorando a juventude e sanidade das suas células. A capacidade delas se comunicarem com todas as partes do organismo e de armazenarem informações.


Além disso, encontramos na fração oleosa das sementes, grãos integrais e na gema do ovo, uma grande gama de substâncias que são muito amigas do cérebro. Vamos conhecê-las:


Zinco, Selênio, Ferro e Fósforo - sais minerais que participam de inúmeras trocas elétricas e mantêm o cérebro acordado e ativo (elétrico). Presente em todas as sementes e grãos, em raízes e nas folhas verde escuro.


Vitamina E - poderosa ação antioxidante. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio.


Vitamina C - famosa ação antioxidante. Presente nas sementes frescas e cruas que foram pré-germinadas, assim como na maioria das frutas.


Vitaminas do complexo B - regulam a transmissão de informações (as sinapses) entre os neurônios, presente nas sementes e nas fibras dos alimentos integrais.


Bioflavonóides - são polifenóis com forte ação antioxidante. Além das sementes são encontrados também no limão, frutas cítricas, uva e nas folhas verde escuro.


Colina - participa da construção da membrana de novas células cerebrais e na reparação daquelas já lesadas. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.


Acetil-colina - um neurotransmissor, fundamental para as funções de memorização no hipocampo. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.


Fitosteróis - estimulante poderoso do sistema de defesa do organismo, reduzindo proliferação de células tumorais, infecções e inflamações. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio.


Fosfolipídeos entre eles a Lecitina - funcionam como um detergente, “desengordurando” todos os “sites” por onde passa. Além disso, participam na recuperação das estruturas do sistema nervoso e da memória. Presente em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.


Ômega-3 – funciona como um antiinflamatório poderoso, evitando a morte dos neurônios. Existem somente três fontes: os peixes de águas frias e profundas e as sementes de linhaça e prímula.


NÃO ESQUEÇA DE TER SEMPRE NA DESPENSA


Sementes cruas e sem sal: linhaça, gergelim, girassol, abóbora, castanha do Pará, castanha de caju, noz pecã e macadâmia. Lembre das sementes da melancia, do pepino e do melão.


Óleos: azeite virgem ou aqueles que são prensados a frio – linhaça, girassol, gergelim e soja. Lembre do famoso óleo de fígado de bacalhau.


Leguminosas: soja, ervilha, lentilha, grão de bico, feijão branco, azuki e os demais.


Frutas: limão e as demais cítricas, uva, maçã, kiwi, pêssego, morango e demais frutas vermelhas (amora, cereja), abacate, tomate e azeitona.


Cereais integrais: arroz, trigo, aveia e centeio, como também o germe de trigo.


Verduras: todas as folhas de cor verde escura, como todas as couves (manteiga, brócolis, flor), a bertalha, a espinafre e a folha da beterraba.


Legumes: principalmente os de cores vivas como a cenoura, a beterraba, a abóbora e no meio deles a cebola e a cebolinha.


Se você não é vegetariano, lembre-se que os peixes não devem faltar quando o propósito é cuidar do cérebro, da capacidade de se concentrar e da memória. Os mais interessantes são os de água fria, ricos em ômega-3, como salmão, sardinha, anchova, atum, arenque e cavala.

Os Alimentos Neuroprotetores

São os agentes antioxidantes, como os bioflavonóides e carotenos, presentes nas frutas cítricas, na uva (principalmente as escuras), nas frutas vermelhas (morango, amora e cereja) e laranjas (pêssego, caqui, mamão, manga e damasco) e na maçã. Quanto às hortaliças, insista nas de folhas escuras, como as couves, a bertalha e o espinafre. Nos legumes: a abóbora, a cenoura e a beterraba.


A vitamina E (tocoferóis) está presente nas sementes e nos óleos vegetais prensados a frio, como o de soja, linhaça e girassol, assim como no germe de trigo. Óleos vegetais refinados são pobres de micronutrientes de valor terapêutico.

Entre os minerais, as revelações são o zinco - encontrado em doses generosas na semente de abóbora, no iogurte e nos cereais integrais; e o selênio, que está concentrado na castanha do Pará e em menores doses nos grãos integrais, na cebola e no alho.


Por fim, o ômega-3 dos peixes de água fria, que também protege os neurônios. Mas ele está presente em altas doses na semente de linhaça e no seu óleo prensado a frio.

Os Alimentos Regeneradores das células

A colina e a lecitina, substâncias fartamente encontradas na fração oleosa da soja e na gema do ovo, têm papel fundamental na composição da membrana gordurosa que reveste os neurônios. E, haja colina, pois as funções cerebrais de aquisição e armazenamento de novos dados, exigem mais intensamente pela formação de novas células. Bem, não dá para sair comendo ovo em excesso, mas é possível fazer uso diário de suplementação alimentar com a lecitina isolada de soja (1 grama/dia).

Elas estão presentes também, mas em menor concentração, no germe de trigo, nas leguminosas e no levedo de cerveja. Está provado que o consumo de alimentos que contêm colina durante a gravidez e na fase de aleitamento influi beneficamente no desenvolvimento cerebral da criança.

Os Alimentos que Estimulam as conexões cerebrais

Os alimentos deste grupo contêm substâncias que facilitam a comunicação entre os neurônios, aumentando também a capacidade de pensar, se concentrar, aprender e memorizar. É o caso da fisetina, que marca presença nas frutas já citadas.


As vitaminas do complexo B também facilitam a comunicação entre as células e tais substâncias são mais comuns em alimentos de origem animal como as carnes, peixes, aves, vísceras, leite e derivados. Entretanto, nos vegetais como os cereais integrais, sementes, germe de trigo, soja e demais leguminosas, também estão presentes, porém em menor concentração.


Finalmente, o fósforo, que se encontra nos peixes, no germe de trigo e ainda nas sementes de girassol e abóbora.

O QUE COMPROMETE A SANIDADE DO CÉREBRO?

Procure fugir de alimentos que causam picos glicêmicos - eles estouram a taxa de glicose no sangue e no cérebro - como o açúcar (principalmente o refinado), massas e cereais refinados, batata inglesa e doces em geral. Eles elevam a produção de insulina e de ácido aracdônico, fortes responsáveis pelos processos inflamatórios, que aceleram o envelhecimento e morte das células cerebrais.


Metabolicamente, sabe-se que logo após os picos glicêmicos gerados pelo consumo excessivo de açúcar e amidos, é inevitável quadros de hipoglicêmia, que é a queda vertiginosa do teor de glicose no sangue. Tal situação desarticula todas as funções sensoriais do cérebro, assim como a sua produtividade, poder de comunicação interna e armazenagem de dados. Tanto que a reação natural de um cérebro em estado de hipoglicemia é o sono, ou seja, pára tudo.


Evite também as drogas que geram produção massiva de radicais livres como é o caso do cigarro, das frituras, do álcool, do café, dos alimentos muito processados e aditivados. Os radicais livres AMAM destruir neurônios e demais células do organismo.


Por último, evite as frituras e as gorduras de origem animal, que tormam as membranas celulares rígidas e pouco porosas, inviabilizando a fluidez e a qualidade das trocas químicas, tanto de nutrição, como de limpeza orgânica. Uau! Cérebro desnutrido e envenenado.


Fonte: Doce Limão

Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para a alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citada a autora e a fonte.

Recomenda-se a leitura na íntegra dos livros Alimentação Desintoxicante e A importância da Linhaça na saúde - Editora Alaúde, o que possibilitará o consumo destes alimentos com mais consciência e responsabilidade.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Atividade física ajuda a prevenir fibromialgia


Quem se exercita pouco corre mais risco de desenvolver fibromialgia, doença crônica caracterizada por dores difusas no corpo e que atinge preferencialmente as mulheres a partir dos 40 anos. A conclusão vem de um estudo feito na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e publicado na revista Artbritis Care & Research. A pesquisa se baseou nos dados de quase 16 mil mulheres norueguesas cujo estado de saúde foi examinado em dois momentos em meados dos anos 80 e, mais tarde, entre 1995 e 1997. Da amostra total, 2.380 participantes tinham diagnóstico do distúrbio na segunda avaliação. As análises mostraram que o risco de desenvolver fibromialgia foi 30% menor em mulheres que relataram na primeira etapa do estudo, praticar exercícios quatro vezes por semana, em comparação às fisicamente inativas. Como era de esperar, o sobrepeso e obesidade, conseqüências típicas do sedentarismo, também apareceram como fatores de risco para a doença. A causa da fibromialgia é desconhecida, mas há suspeitas de que citocinas pró-inflamatórias, secretadas por células do sistema imune, tenham um papel importante no aparecimento dos sintomas. Para os pesquisadores, o efeito preventivo da atividade física regular poderia estar relacionado ao seu efeito modulador sobre o sistema imunológico.

Revista Mente & Cérebro n° 210, de julho/2010, pág. 20