sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pesticidas aumentam transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças e jovens

Substâncias que chegam à mesa por meio dos alimentos e da água têm efeitos biológicos de longo prazo, afetando principalmente o sistema nervoso e o endócrino

© Zhu Difeng/Shutterstock

Há anos diversos estudos apontam a exposição a pesticidas organofosforados – compostos orgânicos à base de fósforo –, ainda em uso na agricultura, como um importante fator de risco para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças que vivem na zona rural. Um novo estudo feito por cientistas das Universidades Harvard, nos Estados Unidos, e de Montreal, no Canadá, com 1.139 crianças de diversas cidades americanas, traz evidências de que essa associação é forte também no ambiente urbano.

Os pesquisadores analisaram a concentração de metabólitos de pesticidas organofosforados mais comuns na urina de crianças de 8 a 15 anos entre 2000 e 2004. Para um desses metabólitos, níveis mais altos que a concentração média das detectáveis se associaram a um risco duas vezes maior de diagnóstico de TDAH. Publicado na revista
Pediatrics, a pesquisa é um alerta sobre a constante e difusa presença de pesticidas no cotidiano, mesmo de quem vive nos grandes centros. Essas substâncias chegam à mesa por meio dos alimentos e da água, sobrevivem por anos no ambiente e têm efeitos biológicos de longo prazo, afetando principalmente o sistema nervoso e o endócrino.

Fonte: Revista Mente & Cérebro - 29 de setembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Açúcar x Mulheres


O açúcar é um produto químico travestido de alimento - Fernando Ferdo


As mulheres em geral gostam muito de açúcar, mas a recíproca não é verdadeira. O açúcar está associado a uma série de condições que infernizam suas vidas: celulite, tensão pré-menstrual (TPM), enxaqueca, estresse, rugas. Nas mulheres grávidas o mal que o açúcar faz é em dobro e significa pré-eclâmpsia, endometriose, diabetes gestacional e bebê macrossômico. Mesmo que o açúcar estivesse envolvido apenas com problemas que atingem as mulheres individualmente, já seria motivo suficiente para preocupação. A gravidade da situação é que o açúcar está atingindo o ser humano no delicado momento da reprodução da espécie comprometendo o futuro da humanidade.

Celulite
Celulite nada mais é que células do tecido subcutâneo com gordura armazenada. Um quadro infeccioso da pele associado a alterações metabólicas do tecido subcutâneo e a distúrbios endócrinos. A celulite forma-se na camada profunda da pele
no tecido gorduroso entre a derme e os músculos. Uma alteração misteriosa no metabolismo dessa camada de gordura origina a celulite.

Um crescimento desordenado de células de gordura interrompe a circulação congestionando o tecido dando origem aos buracos e nódulos típicos da celulite. Todo mundo sabe que gordura nada mais é que o “excesso” de açúcar ingerido. O Dr. Antonio Herbert Lancha Jr. recomenda: “se o objetivo é reduzir a celulite, evite longos período de jejum. Evite também alimentos com muito açúcar”.
O irônico da coisa é que existe uma indústria, funcionando a todo vapor, que movimenta bilhões de dólares no mundo inteiro por conta da celulite, tratamentos mirabolantes e caros para combatê-la, quando a solução é tão simples e barata: a primeira providência da mulherada que quer se ver livre da celulite é largar o açúcar.

Estrias
O que causa as estrias ninguém sabe. Entre as causas possíveis estão o desequilíbrio hormonal e a má formação do colágeno. Colágeno e elastina são células de sustentação localizadas nas camadas mais profundas da pele. Quando elas se rompem o reflexo na flor da pele são as estrias.
O açúcar é suspeito na formação das estrias por duas razões básicas: uma porque é um notório bagunceiro dos sistemas hormonais e a outra seria a glicação não-enzimática de proteínas (GNP), durante a qual fica exposto o colágeno - proteína que ajuda a conferir elasticidade e viço a pele.

Mulheres que não desejam ter seu corpo todo estriado, têm na dieta isenta de açúcar o melhor caminho: a prevenção, posto que a dieta açucarada moderna responde por uma enxurrada de glicose inútil e radicais livres nocivos ao organismo. “O segredo é não comer açúcar, praticar exercícios físicos, consumir verduras...” resume Patrícia Rittes dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, respondendo à pergunta de uma internauta sobre estrias no Chat do portal Terra.

Enxaqueca
Outro fantasma na vida de muitas mulheres é a enxaqueca. As bebidas alcoólicas encabeçam a lista de fatores que desencadeiam as crises de enxaqueca. O vinho tinto é o campeão de reclamações, embora bebidas destiladas também contribuam. Os médicos que lidam com o problema não atinam, mas o vinho tinto envolvido com certeza é o “suave”, e quando a bebida for destilada deve ser outra porcaria
açucarada tipocaipirinha ou coquetel de frutas, que as mulheres adoram.
O doutor Edgar Raffaelli Jr, fundador e presidente honorário da Sociedade Brasileira de Cefaléia, em entrevista ao site www.cente.med.br diz: “Existe, porém, um inimigo que, em geral, as pessoas desconhecem e custam a identificar: o açúcar. Como o controle da glicemia depende também do sistema límbico e o hipotálamo desses pacientes funciona mal, as oscilações bruscas da taxa de açúcar no sangue são fatores importantes para deflagrar a crise”. Mais adiante o médico explica melhor o que acontece: “Uma hipoglicemia reacional evidencia o fato de o açúcar ter sido queimado em excesso por ter agido como agressor do sistema. Portanto a conduta acertada é ingerir menos açúcar”.

Endometriose
A endometriose é uma doença crônica muito comum, caracterizada pela presença de tecido de estrutura semelhante ao endométrio (mucosa que reveste as paredes internas do útero) em diversas áreas do aparelho genital feminino: peritonal, ovariana, septo retrovaginal. A endometriose pode provocar dores menstruais e causa fibrose em toda a pelve, envolvendo tanto os ovários, que o óvulo normal não pode ser liberado, sendo portanto causa de esterilidade feminina. A
Folha de S. Paulo, no caderno “Equilíbrio”, na internet, tem um depoimento comovente da fisioterapeuta Ana Tereza em pergunta à Dra. Cláudia Colucci: “Eu tenho endometriose e quando recebi o diagnóstico já nem queria mais tratamento algum, pois já tinha tido um natimorto, dois abortos e uma gravidez ectópica. Fiquei um ano sem comer açúcar e quando já nem acreditava era mãe”.

Menopausa, Menstruação e TPM
O nome do
site é Canal Saúde. Nele encontro interessante texto de Lúcia Fávero do qual destaco este trecho: “O açúcar é muito prejudicial para quem está enfrentando os problemas da menopausa. Ele provoca uma flutuação hormonal no pâncreas que leva à baixa de estrógeno. Além disso açúcar provoca lentidão dos elementos químicos dos hormônios, prejudicando o trabalho das supra-renais e também atuando para baixar o nível de estrógeno. O açúcar não faz falta ao organismo. O açúcar é um vício (dos mais fáceis de abolir). O segredo está em cortar definitivamente a utilização do açúcar para a alimentação”.
Fico feliz quando encontro um site como esse. Defendemos a mesma causa, açúcar zero. Quanto à menstruação e TPM (tensão pré-menstrual), na página do jornal cearense O Povo, na internet, leio matéria de 1 de janeiro de 2003 sobre esses assuntos. Como “armas para combater a TPM” entre outras providências, como dormir bem, o Dr. Carlos Antunes, ginecologista e homeopata, pede atenção para a ingestão de açúcar. Segundo ele, para cada três colherinhas de açúcar refinado o organismo tem que se livrar de 100 miligramas de toxinas, e a capacidade de eliminação do organismo é de apenas 60 miligramas. Essas toxinas são subproduto do tratamento químico pelo qual o açúcar passa até ficar branco. É o lixo químico fino do açúcar.

Rugas de açúcar
Em reportagem da revista
Veja, de 29.9.2004, intitulada "Doutor Celebridade", ficamos conhecendo o Dr. Nicholas Perricone, dermatologista de estrelas do porte de Sharon Stone e Nicole Kidman e inventor do creme do “efeito Cinderela”. Segundo a Veja, Perricone é dono de um império que movimentou, só em 2004, 70 milhões de dólares. Com mais de uma centena de substâncias patenteadas em todo o mundo, sua linha de produtos de beleza está nas prateleiras de lojas como Daslu, Neiman Marcus, Saks e Nordstrom. Um pote de creme pode chegar a custar 570 dólares.

Seu livro O fim das rugas ficou 25 semanas na lista dos mais vendidos nos EUA; outrobest-seller dele é Rejuvenescimento total.
O Dr. Perricone é autor de uma interessante teoria sobre o envelhecimento: seria o resultado de sucessivas inflamações nas células. O remédio? Além dos cremes e loções criados por ele, uma dieta alimentar rica em frutas, verduras, legumes, alguns tipos de proteína (como a da clara de ovo) e muito salmão. O peixe é riquíssimo em dimetilaminoetanol, o nome da substância conhecida pela sigla DMAE, base dos cremes de Perricone.

Na curta entrevista a Veja por telefone, perguntado sobre qual é a base de sua teoria antienvelhecimento, respondeu o doutor Perricone: "Depois de vinte anos de pesquisas, concluí que o envelhecimento se deve a inflamações causadas por substâncias tóxicas. O açúcar é um dos grandes vilões nesse processo. Tanto que pessoas com diabetes, que sofrem de excesso de açúcar no sangue, envelhecem numa velocidade um terço maior do que as não diabéticas. Em um dos meus livros, digo que as rugas, por exemplo, são uma doença resultante dessa inflamação e, como tal, podem ser curadas". Que maravilha! A substância química que vimos focalizando tem mais essa propriedade, vamos arranjar um nome para ela? Gerontogênica? Seniligênica? Rugogênica?

O tratamento do Dr. Perricone funciona pela razão básica de que ele pede que se retire da dieta o fator patogênico, que é... todo mundo já sabe. Com isso ele estanca o processo de glicação degenerativa das suas clientes. Os cremes de 500 dólares são ochantili com o qual o homem ganha o dinheiro dele. Amiga leitora, se você zerar o açúcar tanto faz você comer salmão ou sardinha, abacate ou abóbora, o “efeito Cinderela” vai acontecer. Quanto às mulheres que não abandonarem a dieta açucarada, terão que encarar o efeito bruxa malvada.

Pré-eclâmpsia ( ex-toxemia gravídica )
Associando pré-eclâmpsia à obesidade, resistência insulínica e trigliceridemia, o Dr. T. Clausen, do Hospital da Universidade de Ullevaal, em Oslo, Noruega, orientou uma equipe de pesquisadores, partindo da hipótese de que a ingestão de calorias de alimentos ricos em sacarose ou ácidos graxos poliinsaturados, independentemente considerados, aumentaria o risco de pré-eclâmpsia.
Nas mulheres grávidas os testes confirmaram que o consumo de açúcar está associado ao aumento do risco de contrair pré-eclâmpsia. Segundo o Dr. Clausen os ácidos graxos poliinsaturados também contribuem. Os pesquisadores não observaram relações entre outros nutrientes energéticos e o risco do distúrbio. E concluíram que “os padrões dietéticos cada vez mais prevalentes em diversas partes do mundo podem afetar adversamente os muitos esforços para reduzir as complicações hipertensivas durante a gravidez”. Em outras palavras, a dieta açucarada moderna está ofendendo a humanidade desde o ventre materno.

Picamalacia
É aquele estranho desejo que as mulheres grávidas têm de comer coisas estranhas. Picamalacia tem a ver com o lado patológico da coisa. É quando as gestantes querem comer coisas absurdas como barro, palito de fósforo, bolinhas de naftalina, cabelo etc. Para alguns autores o instinto explicaria tal comportamento; assim, por exemplo, a necessidade orgânica de algum mineral levaria uma grávida a comer argila. Mas a ciência médica não concorda com isso.

O desejo de comer comida normal, frutas fora de época, por exemplo, não é considerado picamalacia. Segundo o livro Nutrição na Gravidez e na Lactação, entre os alimentos mais desejados pelas grávidas estão os doces, e esses desejos ou aversões “não são necessariamente prejudiciais”. Já comer amido, coisa comum entre as negras americanas, é tido como sintoma de picamalacia e tem até nome próprio: amilofagia. Se comessem terra ou barro seria geofagia. Comer amido, ainda segundo o livro, “pode provocar obesidade”.
Amido até onde sei é alimento, contém proteínas, vitaminas, sais minerais, fibras e ainda libera glicose lentamente; logo, ingerir um alimento normal não poderia caracterizar uma doença. A não ser que amilofagia se refira à mania de comer amido cru. Mesmo assim comer gordura ou proteínas cruas daria nas picamalacias: lipidiofagia e protidiofagia o que não acontece.

Então mulher grávida comer doce não é “necessariamente prejudicial”, ao passo que comer amido é patologia e “pode provocar obesidade”.
A meu ver, temos aqui um claro exemplo de um texto de nutrologia escrito segundo os interesses dos traficantes de açúcar, ou seja, não se trata de ciência e sim de ideologia.

Proponho a colocação dessa ciência em pratos limpos. Assim sendo, o desejo de ingerir amido deve ser considerado um desejo normal, quiçá manifestação instintiva da gestante da necessidade de nutrientes; e o desejo de comer doces deve ser considerado uma perigosa manifestação de picamalacia que expõe as mulheres grávidas ao risco de obesidade, diabetes gestacional, ao risco de gerar bebês macrossômicos e ao risco de pré-eclâmpsia.

Diabetes gestacional
O diabetes gestacional é um assunto da maior gravidade, justamente porque atinge a humanidade no sagrado momento da reprodução da espécie. Não vejo porém a seriedade necessária no trato desse assunto. Por exemplo, um número especial sobre diabetes da revista
Saúde, já na capa, ao lado do rosto perfeito de Carolina Melhem, traz uma chamada insidiosa: “Com moderação dá até para liberar o açúcar”. Liberar açúcar para diabéticos devia ser considerado crime e o pedido de moderação uma atenuante. Na apresentação, Lúcia Helena de Oliveira, diretora de redação, diz que o número de diabéticos “só aumenta justamente porque o mundo está cada vez mais gordo”. E está cada vez mais gordo porque a dieta está cada vez mais doce, alguém duvida?

A revista informa que o diabetes gestacional atinge 2% das grávidas. O médico Dráuzio Varela acompanhou a gravidez de cinco mulheres para o programa Fantástico, da Rede Globo, e uma delas apresentou a síndrome - justamente a que mantinha a geladeira abastecida de chocolate. Uma em cinco, não sou bom de matemática, mas são 20%. Será que o pessoal da digitação da revista comeu o zero?

Na cidade do Recife o número de casos de diabetes gestacional já passa de 130 mil por ano; será que essa cifra é só 2% dos nascimentos daquela cidade? Ou a indústria da doença não teria interesse em informar a real dimensão do problema?
E quanto à etiologia do diabetes gestacional? Segundo a teoria geral que informa este livro (ver referência abaixo), é o consumo aumentado de açúcar pelas mulheres grávidas. Todos sabemos que as gestantes comem mais, “comem por dois”, e, et pour cause, comem mais açúcar. A revista consultou Mauro Sancovsky, ginecologista e obstetra especializado em diabetes do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo ele, “é a partir da segunda metade da gravidez que a mulher terá mais glicose no sangue para atender ao bebê que está crescendo. As mães que desenvolvem o diabetes gestacional não conseguem adaptar sua produção de insulina a essa fase”. Eu pergunto: de onde vem essa glicose? Do que ela come ou da depleção de glicogênio ou gordura? Aposto que é da dieta açucarada. A natureza não dá ponto sem nó: se o organismo da grávida providenciasse mais glicose a partir de suas reservas, o pâncreas seria instado a produzir mais insulina. A brecha do sistema é a boca, por onde as mulheres mandam açúcar para dentro. E esse fermento biológico doce é que faz o bebê “crescer demais”.

Minha hipótese é fácil de ser derrubada através de uma pesquisa barata: basta isolar dois grupos de gestantes e de um deles retirar a sacarose refinada de sua dieta. Meu prognóstico: só surgirão casos de diabetes gestacional no grupo das comedoras de açúcar. Vale o axioma: quanto maior for a quantidade de açúcar ingerida maior será o números de casos de diabetes gestacional. E ainda - qual jogador de xadrez seguro de seu jogo que oferece uma peça importante ao adversário - deixo incluir no grupo das grávidas-açúcar-zero aquelas que os médicos entendem como portadoras de “predisposição genética”, filhas e netas de diabéticos.

Vejamos agora os estragos que o açúcar faz no ser humano no nascedouro, uma tremenda covardia. A seguir uma relação das morbidades e distúrbios do recém-nascido de mãe diabética. Tudo começa com o próprio bebê agigantado, pesando aproximadamente 4 quilos, que não deve ser saudado como um bebê super-nutrido mas lamentado como uma manifestação teratológica causada pelo açúcar. Aqui vai a relação: trauma obstétrico, parto difícil devido à distocia do ombro; asfixia (e suas terríveis conseqüências); fraturas ósseas; cefalematoma; hemorragias subdural, ocular, de órgãos abdominais e da genitália externa; hipocalcemia e magnesemia; paralisias facial, diafragmática e cerebral; lesões no plexo braquial e dos nervos do braço, malformações cardíaca, renal, esquelética e do sistema nervoso. Sobrou alguma coisa? E isso se o bichinho sobreviver em vez de engrossar as estatísticas da mortalidade infantil.

Bebê balofo
Distrofia farinácea é um quadro clínico descrito pela escola pediátrica alemã do século XX. As crianças vítimas dessa condição são gordinhas e apresentam um falso aspecto de saúde. Trata-se de uma gordura balofa e flácida, devido ao edema que a acompanha, sobressaindo nas extremidades sob a forma de inchamento no dorso dos pés, das mãos e das pálpebras. São crianças frágeis, basta uma infecçãozinha de garganta para redundar em vômitos e diarréia que podem levar à morte.

Isso acontece com crianças que em vez de se alimentarem do leite da mãe são obrigadas a ingerir alimentos industrializados (farinhas lácteas, mingaus de maizena). Tenho dito: há uma gordura saudável (marrom e vascularizada) que resulta do consumo de alimentos naturais (sem adição de açúcar). Gordura mórbida (branca e flácida) é a que resulta do consumo da dieta açucarada moderna.

Texto extraído do livro O livro negro do Açúcar - Fernando Carvalho Ferdo - edição independente - encontra-se disponível para venda neste site.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Voz materna acalma até por telefone

Em meio a uma tarefa estressante,
receber um abraço da mãe pode ser tão relaxante quanto ouvi-la
© Losevsky Pavel/Shutterstock

Em meio a uma tarefa estressante, receber um abraço da mãe pode ser tão relaxante quanto ouvir a voz dela por telefone. Um estudo feito na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, mostrou que nas duas situações as voluntárias tiveram uma diminuição imediata da liberação do hormônio do estresse (cortisol) e um aumento também rápido da secreção da oxitocina, conhecida como o hormônio do amor ou do afeto. O mesmo não ocorreu quando a opção das participantes era assistir um a vídeo de 75 minutos com uma mensagem emocionalmente neutra enviada pela mãe.

No artigo publicado na
Proceedings of the Royal Society B, os autores discutem os aspectos evolutivos que fazem a ligação afetiva tão importante para as mulheres em situação de estresse ou risco à vida. Nos homens a reação tende a ser de luta ou fuga. O que eles não imaginavam é que, em mulheres, um simples telefonema pudesse desencadear uma resposta tão intensa do hormônio oxitocina.

Fonte: Revista Mente & Cérebro - 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

30% dos jovens dormem menos que o recomendado

Especialistas põem a culpa na permissividade dos pais e no acesso fácil às mídias eletrônicas

Segundo dados do Projeto Atenção Brasil, cerca de 30% dos jovens dormem menos que o recomendado para a idade. A pesquisa, realizada pelo Instituto Glia, ouviu pais de quase 6 mil jovens entre 4 e 19 anos em 17 Estados.

As causas da falta de sono não foram investigadas, mas especialistas ouvidos pelo Estado são unânimes em apontar mau hábito como culpado. “Não tenho dúvida de que isso é reflexo da permissividade dos pais em relação aos hábitos de sono e ao acesso às mídias eletrônicas”, afirma o neurologista infantil Marco Antonio Arruda, diretor do Instituto Glia.

O estudo também apontou que os jovens que dormem mais de oito horas por noite têm o dobro de chance de ter bom desempenho escolar e bons índices de saúde mental. Arruda explica que o conceito de saúde mental adotado vai além de não ter uma doença. “É um estado de bem-estar, no qual a pessoa está apta a superar as dificuldades da vida, estudar e trabalhar de forma produtiva”.

Pesquisas epidemiológicas em todo o mundo mostram que as crianças estão dormindo menos do que deveriam. O problema piora na adolescência, quando ocorre um atraso natural no relógio biológico. O impacto das alterações hormonais na rotina de sono vai depender do estilo de vida de cada família, diz a neuropediatra Márcia Pradella, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Para uma criança que ia dormir às 21 horas, é aceitável que passe a dormir às 22 ou 23 horas. Mas se ela estava acostumada a dormir tarde e passa a dormir mais tarde, acordar para ir à escola vira um problema.

Consequências – A falta de sono diminui a imunidade, prejudica a memória, a capacidade de concentração e pode até deixar as crianças agitadas, levando a um quadro que pode ser confundido com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Quando a privação se torna crônica, podem ocorrer alterações no metabolismo e atraso no crescimento.

É durante a adolescência que o corpo passa pelo maior estirão de crescimentos. Essa é, portanto, a fase em que o hormônio do crescimento – liberado durante o sono – se faz mais necessário. “Antes se pensava que dormir oito horas por noite seria suficiente, mas pesquisas recentes mostraram que o tempo ideal para um adolescente é, em média, nove horas e meia”, conta Márcia.

O desejo próprio da idade de protelar o sono é alimentado pelo acesso irrestrito às mídias eletrônicas. Estudo publicado pela revista Sleep mostrou que jovens com TV ou computador no quarto vão dormir significativamente mais tarde e apresentam maior índice de fadiga.

“A privação de sono entre os estudantes está se tornando um problema tão sério que algumas escolas americanas, que funcionam em período integral, estudam adotar a sesta após o almoço”, conta a especialista em Medicina do Sono Magda Nunes, da PUC do Rio Grande do Sul.

A estratégia pode ser útil. Tirar uma soneca à tarde – curta, para não atrapalhar o sono noturno – ajuda a tirar o atraso. Esticar na cama nos fins de semana, também. Mas quanto mais tarde o adolescente vai dormir durante a semana, mais difícil repor do déficit. Além disso, a maioria dos jovens hoje têm a rotina tão atribulada que raramente podem se dar ao luxo de tirar um cochilo.

Como a queda nas horas de sono costuma ser acompanhada pela queda no rendimento intelectual, tanta correria pode acabar não compensando, alertam os especialistas.

Karina Toledo – textos (Estadão, 22.08.2010, A26.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Escada-Piano

Escada de metrô em Estocolmo, Suécia, foi "transformada" em piano. A ação, feita em conjunto pela agência de publicidade DDB e pela Volkswagen. As duas empresas se reuniram para criarem um experimento chamado, Fun Theory (teoria divertida), uma tentativa de tentar mudar os hábitos sedentários dos moradores.

Confira no vídeo:





Fonte: Blog Tetris

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Miguel Chalub: "O homem não aceita mais ficar triste".

"O homem não aceita mais ficar triste"
Uma das maiores autoridades brasileiras em depressão, o médico diz que, hoje, qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. E que prefere-se recorrer aos remédios a encarar o sofrimento.
Adriana Prado


RECEITA

Chalub afirma que muitos médicos se rendem aos laboratórios farmacêuticos e Indicam antidepressivos sem necessidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030 – atualmente, 121 milhões de pessoas sofrem do problema.
Para o psiquiatra mineiro Miguel Chalub, 70 anos, há um certo exagero nessas contas. Ele defende que tanto os pacientes quanto os médicos estão confundindo tristeza com depressão. “Não se pode mais ficar triste, entediado, porque isso é imediatamente transformado em depressão”, disse em entrevista à ISTOÉ.

"Hoje, brigar com o marido, sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Mas o sofrimento não significa depressão".

Professor das universidades Federal (UFRJ) e Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), ele afirma que os psiquiatras são os que menos receitam antidepressivos, porque estão mais preparados para reconhecer as diferenças entre a “tristeza normal e a patológica”. Mas o despreparo dos demais especialistas não seria o único motivo do que o médico chama de “medicalização da tristeza”. Muitos profissionais se deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. “Os laboratórios pagam passagens, almoços, dão brindes. Você, sem perceber, começa a fazer esse jogo.”


"Há a tendência de achar que o medicamento vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca pela pílula da felicidade".

Istoé:
- Por que tantas previsões alarmantes sobre o aumento da depressão no mundo?
Miguel Chalub:
- Porque estão sendo computadas situações humanas de luto, de tristeza, de aborrecimento, de tédio. Não se pode mais ficar entediado, aborrecido, chateado, porque isso é imediatamente transformado em depressão. É a medicalização de uma condição humana, a tristeza. É transformar um sentimento normal, que todos nós devemos ter, dependendo das situações, numa entidade patológica.



Istoé:
- Por que isso aconteceu?
Miguel Chalub:
- A palavra depressão passou a ter dois sentidos. Tradicionalmente, designava um estado mental específico, quando a pessoa estava triste, mas com uma tristeza profunda, vivida no corpo. A própria postura mostrava isso. Ela não ficava ereta, como se tivesse um peso sobre as costas. E havia também os sintomas físicos. O aparelho digestivo não funcionava bem, a pele ficava mais espessa. Mas, nos últimos anos, a palavra depressão começou a ser usada para designar um estado humano normal, o da tristeza. Há situações em que, se não ficarmos tristes, é um problema – como quando se perde um ente querido. Mas o homem não aceita mais sentir coisas que são humanas, como a tristeza.

Istoé:
- A que se deve essa mudança?
Miguel Chalub:
- Primeiro, a uma busca pela felicidade. Qualquer coisa que possa atrapalhá-la tem que ser chamada de doença, porque, aí, justifica: “Eu não sou feliz porque estou doente, não porque fiz opções erradas.” Dou uma desculpa a mim mesmo. Segundo, à tendência de achar que o remédio vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca pela pílula da felicidade. Eu não preciso mais ser infeliz.

Istoé:
- O que diferencia a tristeza normal da patológica?
Miguel Chalub:
- A intensidade. A tristeza patológica é muito mais intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é longa.

Istoé:
- Quanto tempo é normal ficar triste após a morte de um ente querido, por exemplo?
Miguel Chalub:
- Não dá para estabelecer um tempo. O importante é que a tristeza vai diminuindo. Se for assim, é normal. A pessoa tem que ir retomando sua vida. Os próprios mecanismos sociais ajudam nisso. Por que tem missa de sétimo dia? Para ajudar a pessoa a ir se desonerando daquilo.

Istoé:
- Quais são os sintomas físicos ligados à depressão?
Miguel Chalub:
- Aperto no peito, dificuldade de se movimentar, a pessoa só quer ficar deitada, dificuldade de cuidar de si próprio, da higiene corporal. Na tristeza normal, pode acontecer isso por um ou dois dias, mas, depois, passa. Na patológica, fica nas entranhas.

Istoé:
- Ainda há preconceito com quem tem depressão?
Miguel Chalub:
- Não. É o contrário. A vulgarização da depressão diminuiu o preconceito, mas criou outro problema, que é essa doença inexistente. Antes, a pessoa com depressão era vista como fraca. Hoje, as pessoas dizem que estão deprimidas com a maior naturalidade. Não se fica mais triste. Se brigar com o marido, se sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Pode até ser que alguém fique realmente com depressão, mas, em geral, fica-se triste. O sofrimento não significa depressão. E não justifica o uso de medicamentos.

Istoé:
- Os médicos não deveriam entender este processo?
Miguel Chalub:
- Os médicos não estão isentos da ideologia vigente. O que acontece é: você vem ao meu consultório. Eu acho que você não está deprimido, que está só passando por uma situação difícil. Então, proponho que você faça um acompanhamento psicoterápico. Você não fica satisfeito e procura outro médico, que receita um antidepressivo. Ele é o moderno, eu sou o bobão. Para não ser o bobão, eu receito um antidepressivo logo. É uma coisa inconsciente.

Istoé:
- Inconsciente?
Miguel Chalub:
- Os médicos querem corresponder à demanda. Senão, o paciente sairá achando que não foi bem atendido. Receitando um antidepressivo, eles correspondem à demanda, porque a pessoa quer ser enquadrada como deprimida. Mas há a questão dos laboratórios. Eles bombardeiam os médicos.

Istoé:
- A ponto de influenciar o comportamento deles?
Miguel Chalub:
- Se for um médico com boa formação em psiquiatria, mesmo que não seja psiquiatra, ele saberá rejeitar isso, mas outros não conseguem. Eles se baseiam nos folhetos do laboratório. Não é por má-fé. Os laboratórios proporcionam muitas coisas. Pagam passagens, almoços, dão brindes. O médico, sem perceber, começa a fazer o jogo. Porque me pagaram uma passagem aérea ou me deram um laptop, acabo receitando o que eles estão querendo.

Istoé:
- O médico se vende?
Miguel Chalub:
- Sim. Por isso é que há uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibindo os laboratórios de dar brindes aos médicos. Nenhum laboratório suborna médico, não que eu saiba, nem vai chegar aqui e dizer: “Se você receitar meu remédio, vou lhe dar uma mensalidade.” Mas eles fazem esse tipo de coisa, que é subliminar. O médico acaba tão envolvido quanto se estivesse recebendo um suborno realmente.

Istoé:
- Esse lobby é capaz de fazer um médico receitar certo remédio?
Miguel Chalub:
- Aí é a demanda e a lei do menor esforço. Se o paciente chegar se queixando de insônia, por exemplo, o que o médico deveria fazer era ensiná-lo como dormir. Ou seja, aconselhar a tomar um banho morno, um copo de leite morno, por exemplo. Mas é mais fácil, tanto para o paciente quanto para o médico, receitar um remédio para dormir.

Istoé:
- Os demais especialistas também receitam remédios psiquiátricos, não?
Miguel Chalub:
- Quem mais receita antidepressivos não são os psiquiatras, são os demais especialistas. Os psiquiatras têm uma formação para perceber que primeiro é preciso ajudar a pessoa a entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão mesmo, medicar. Agora, os outros, não querem ouvir. O paciente diz: “Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o remédio. Brinco dizendo o seguinte: se você for a um clínico, relate só o problema clínico. Dor aqui, dor ali. Não fale que está chateado, senão vai sair com um antidepressivo. É algo que precisamos denunciar.

Istoé:
- Os psiquiatras deveriam ser os únicos autorizados a receitar esse tipo de medicamento?
Miguel Chalub:
- Não acho que seja motivo para isso. Os outros especialistas têm capacidade de receitar, desde que não entrem nessa falácia, nesse engodo.

Istoé:
- Mas os demais especialistas estão capacitados para receitar essas drogas?
Miguel Chalub:
- Em geral, não.

Istoé:
- É comum o paciente chegar ao consultório com um “diagnóstico” pronto?
Miguel Chalub:
- É muito comum. Uma vez chegou um paciente aqui que se apresentou assim: “João da Silva, bipolar”. Isso é uma apresentação que se faça? Quase respondi: “Miguel Chalub, unipolar”. É uma distorção muito séria.

Istoé:
- O acesso à informação, nesse sentido, tem um lado ruim?
Miguel Chalub:
- A internet é uma faca de dois gumes. É bom que a pessoa se informe. A época em que o médico era o senhor absoluto acabou. Mas a informação via Google ainda é precária. Muitas vezes, a depressão, por exemplo, é ansiedade. Mas as pessoas não querem conviver com a ansiedade, que é uma coisa desagradável, mas que também faz parte da nossa humanidade. Tenho uma paciente que disse: “Ando com um ansiolítico na bolsa. Saí de casa, me aborreci, coloco ele para dentro.” Então é isso? Se alguém me fala algo desagradável, eu tomo um ansiolítico? Isso é uma verdadeira amortização das coisas.

Istoé:
- O que causa a depressão?
Miguel Chalub:
- Esse é um dos grandes mistérios da medicina. A gente não sabe por que as pessoas ficam deprimidas. O mecanismo é conhecido, está ligado a uma substância chamada serotonina, mas o que o desencadeia, não sabemos. Há teorias, ligadas à infância, a perdas muito precoces, verdadeiras ou até imaginárias – como a criança que fica aterrorizada achando que vai perder os pais. As raízes da depressão estão na infância. Os acontecimentos atuais não levam à depressão verdadeira, só muito raramente. Justamente o contrário do que se imagina. Mas mexer na infância é muito doloroso. Não tem remédio para isso. Precisa de terapia, de análise, mas as pessoas não querem fazer, não querem mexer nas feridas. Então é melhor colocar um esparadrapo, para não ficar doendo, e pronto. É a solução mais fácil.

Istoé:
- O antidepressivo é sempre necessário contra a depressão?
Miguel Chalub:
- Quando é depressão mesmo, tem que ter remédio.

Istoé:
- Há quem diga que hoje a moda é ter um psiquiatra, não um analista. O que sr. acha disso?
Miguel Chalub:
- As pessoas estão desamparadas. Desamparo é uma condição humana, mas temos que enfrentá-lo, assim como o fracasso, a solidão, o isolamento. Não buscar psiquiatras e remédios. Em algum momento, isso pode ficar tão sério, tão agudo, que a pessoa pode precisar de uma ajuda, mas para que a ensinem a enfrentar a situação. Ensina-me a viver, como no filme. Não é me dar pílulas, para eu ficar amortecido.

Istoé:
- O que é felicidade para o sr.?
Miguel Chalub:
- A OMS tem uma definição de saúde muito curiosa: a saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social. Essa é a definição de felicidade, não de saúde.
Felicidade, para mim, é estar bem consigo mesmo e com o outro. Estar bem consigo mesmo é também aceitar limitações, sofrimento, incompetências, fracassos. Ou seja, felicidade também é ficar triste de vez em quando.

~ o ~

"É TÃO SOLITÁRIO QUANDO VOCÊ NÃO CONHECE NEM A SI MESMO".
by Red Hot Chilli Peppers

~ o ~

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alguns distúrbios necessitam de tratamento


Além da quantidade, a qualidade do sono é fundamental para a saúde. Crianças que acordam várias vezes à noite não conseguem ter estágios de sono estáveis para liberar o hormônio do crescimentos nos níveis adequados. “É durante o sono REM que sonhamos e gravamos o que aprendemos durante o dia. Quando esse estágio é interrompido sucessivamente, a capacidade de memorização é prejudicada”, explica Shigueo Yonekura, do Instituto de Medicina e Sono de Campinas.

A insônia na infância geralmente é comportamental e pode ser combatida com uma boa higiene do sono, mas algumas crianças possuem distúrbios que necessitam de tratamento.

No caso da apneia, o sono é interrompido pelo ronco e pelas pausas respiratórias. O quadro pode ser amenizado com cirurgia e aparelhos orais. Os portadores da síndrome das pernas inquietas são acordados por contrações bruscas e involuntárias das pernas. Medicamentos, massagens e exercícios podem ajudar. Já as parassonias – situações em que a criança se comporta como se tivesse acordada e não lembra de nada no dia seguinte, como sonambulismo e terror noturno – costuma desaparecer sozinhas.

“Os pais devem ter em mente que o sono é tão importante quanto a alimentação para o desenvolvimento da criança”, diz Yonekura.

Texto: Karina Toledo – Estadão 22.08.2010, A26

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Exercício antiestresse

Diante de um estresse crônico, 60% das conexões neurológicas entre o cérebro e o corpo físico, que necessariamente passam pelo conjunto muscular do pescoço, ficam comprometidas.

Você pode perceber, pessoas estressadas têm esta região de nuca, pescoço e ombros sempre tensas, dura e dolorida.

Os outros 40% destas conexões passam pela face. E você pode perceber, pessoas tensas normalmente apresentam uma face contraída, fechada e com dificuldade para relaxar ou sorrir.

Pratique estes exercícios três ou mais vezes por semana, por no mínimo 20 minutos.

São basicamente exercícios de alongamento, que aliviam tensões e as cargas emocionais acumuladas nas couraças musculares. Tal atividade física provoca imediato impacto no cérebro, porque a natural produção de endorfinas (hormônios do relaxamento) irá reduzir a dor, a tensão, a fadiga e a ansiedade.

Pescoço e ombros – série 1
Relaxar toda a musculatura de nuca, pescoço e ombros. Você pode lançar mão de óleos de massagem da aromaterapia que integram o efeito de relaxamento. Bons óleos essenciais são os de lavanda, ylang e cítricos como o de limão, sempre diluídos em óleos vegetais. Para cada 60 ml de creme ou óleo vegetal adicione cerca de 10 gotas de cada um dos óleos essenciais citados.

1) Sente-se com a coluna ereta e com as pontas dos polegares faça uma pressão suave na linha ao longo da base da nuca (do centro para as laterais). Pressione a região por 3 segundos em cada ponto, relaxe e repita por 3 vezes.

2) Com os dedos indicadores e médios faça movimentos circulares e lentos ao longo do pescoço deslizando lentamente sempre da base nuca para baixo até alcançar os ombros.

3) Ainda sentado, com a coluna ereta, segure os ombros e faça movimentos firmes como se os estivesse amassando. A mão direita amassa a musculatura do ombro esquerdo e vice-versa. Massageie por 15 segundos, pare, faça o lado oposto. Repita por 3 vezes cada lado. Nota: esse exercício funciona melhor ainda se for feito debaixo do chuveiro.

4) Com a ponta dos dedos vá fazendo pressão na nuca até os ombros. Repita por 3 vezes.

Pescoço e ombros – série 2
Giro da cabeça de 180 graus, também chamado de Coruja. Trabalha o pescoço e chacra laríngeo (da garganta) expandindo a comunicação e a amplitude da visão. A pessoa começa a escutar e enxergar melhor.

Segure com firmeza os músculos dos 2 ombros e aperte (mão esquerda segura o ombro esquerdo e vive-versa). Inspire e gire somente a cabeça, lentamente para o lado esquerdo, e siga girando, tentando enxergar o que está exatamente atrás de você (180 graus). Os ombros devem permanecer imóveis. Volte expirando para a posição original, ou seja, a cabeça olhando para a frente.

Repita o movimento, porém girando agora a cabeça 180 graus para a direita. Inspire quando gira para trás e expira quando retorna à posição inicial. Faça o giro completo por 3 vezes, ou seja, e vezes para a esquerda e 3 vezes para a direita.

Ombros e quadris
Segure por trás o braço esquerdo estendido (para cima e próximo ao ouvido) com braço direito flexionado. Expire e flexione o tronco para o lado direito, alongando toda a musculatura de costas e lateral esquerda. Alongue por 30 segundos e relaxe.

Faça o mesmo exercício trocando a posição dos braços, flexionando o tronco para o lado esquerdo e alongando a musculatura de costas e lateral direita. Alongue por 30 segundos e relaxe.

Braços
Sente-se com a coluna ereta e com a mão esquerda segure em torno do pulso direito. Inicie com uma pressão suave em volta do punho. Vá subindo (deslizando) esse trabalho de compressão ao longo de todo o braço até atingir o bíceps. Repita por 3 vezes, no mínimo, em cada braço.

Abdômen
Deite-se em uma superfície confortável como uma cama ou colchonete e com a mão em concha faça movimentos circulares, amorosos porém vigorosos, no sentido horário, em todo o abdome. Este exercício também pode ser realizado opcionalmente de pé. Faça por 2 minutos ou mais. É excelente para ser feito pela manhã antes de levantar e assim acordar o funcionamento dos intestinos.

Rolamento e massagem da coluna
1) Deitado sobre um colchonete em decúbito dorsal (de costas), levante as pernas e dobre-as trazendo os joelhos até o peito. Abrace-as pela parte posterior dos joelhos e levante parcialmente o tronco e cabeça. Comece a fazer um movimento de gangorra com o corpo, de tal forma que a coluna seja massageada vértebra por vértebra. Quanto mais lento for o balanço mais eficiente será a massagem e relaxamento de toda a coluna vertebral. Faça com que a amplitude do balanço vá desde a nuca até o glúteo. Faça este exercício diariamente por 1 minuto ou mais.

2) No final, ainda deitado em decúbito dorsal, abrace os joelhos com mais força, provocando uma posição quase fetal, e enquanto os braços puxam as pernas para perto da cabeça, as pernas fazem um esforço contrário, tentando se afastar da cabeça. Repita por 3 vezes.

Pernas
No estresse avançado a pessoa tem dificuldade para colocar os pés no chão. Sente cãibra, ardência e fisgadas. Corre riscos de acidentes porque o nervo reflexo do tendão, que pertence ao sistema de alerta que nos avisa de uma ameaça, está constantemente frenado. Assim, neste nível de estresse existe uma resistência contínua para o movimento e os reflexos estão muito lentos.

Este conjunto de exercícios é ideal para ser feito à noite, após um banho relaxante e antes de deitar. E também, de forma simplificada, pela manhã ao levantar.

1) Sente-se no chão sobre um colchonete. Flexione uma das pernas para frente e coloque sobre o joelho da outra perna. Na perna flexionada faça movimentos deslizantes com as duas mãos, sempre no sentido dos joelhos para o calcanhar, ao longo de toda a perna. Repita por várias vezes em cada perna. Nesta série, você pode e deve usar um óleo essencial diluído num óleo vegetal como o usado no relaxamento do pescoço e nuca descrito anteriormente.

2) Amasse com as mãos os músculos da parte de trás da perna (as batatas da perna), sempre no sentido para baixo. Repita por várias vezes em cada perna. Se você estiver com estresse avançado esta região estará muito dolorida. Aproveite para observar qual das pernas apresenta maior rigidez e dor. Se for a perna esquerda, significa que o estresse vem do hemisfério direito = emocional. Se for a perna direita, o estresse vem do hemisfério esquerdo = racional.

3) Com as pontas dos dedos faça pressões suaves e circulares sobre o tendão do calcanhar. Esta é uma região muito dolorida e esta manobra deve ser repetida até que diminua a dor.

4) Aproveite para flexionar os tornozelos girando os pés para a direita, esquerda, para cima e para baixo.

5) Faça uma massagem em todo o pé, dorso, sola e dedos.

Flexão da perna
Ajuda a ter mais motivação e mobilidade. Deve ser feito sempre que a pessoa se sentir bloqueada ou paralisada.

De frente para uma parede firme, afaste o corpo o mais que puder, inclinando o tronco para frente, mas mantendo as pernas inicialmente juntas. Apóie as duas mãos, espalmadas na parede. Inspire colocando a perna esquerda para frente, flexionando o joelho. Expire enquanto sente a parte posterior da perna direita (a que ficou trás) alongando. Observe de manter os calcanhares no chão. Permaneça por 30 segundos.

Ao terminar o alongamento da perna direita, troque a posição das pernas. Ou seja, a perna direita vai flexionar para frente e a perna esquerda terá sua musculatura posterior alongada. Repita por 3 vezes de cada lado. Quanto mais você dobrar o joelho dianteiro, maior será o alongamento e alívio das tensões da perna que ficou atrás.

Fonte: Doce Limão

Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para a alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.

Texto extraído do livro Simples Mente Feliz - edição independente esgotada - Conceição Trucom