segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vermelho e amarelo são cores associadas ao prazer

Tons “quentes” remetem a frutas maduras e saborosas;
já os “frios” nos levam a coisas menos agradáveis
© luiz rocha/shutterstock

É comum que as pessoas se aproximem ou se afastem de objetos devido à sua cor: o vermelho e o amarelo normalmente remetem a frutas maduras e saborosas, enquanto o verde e o marrom nos levam a coisas menos agradáveis. Para testar se isso faz sentido sob o olhar da ciência, os psicólogos Stephen Palmer e Karen Schloss, da Universidade da Califórnia em Berkeley, separaram os voluntários em quatro grupos. O primeiro devia dizer rapidamente o objeto que associava a cada uma das 32 cores propostas. Quando apresentados ao amarelo, por exemplo, listaram bananas, canários e mostarda; o segundo grupo avaliou a atração que cada objeto exercia em uma escala de zero (repulsivo) a 100 (muito agradável); e um terceiro grupo avaliou o quanto cada cor combinava com cada objeto.

Com base nas diferentes avaliações feitas pelos grupos, os cientistas deram um peso matemático para cada cor indicando a força de sua conexão com os objetos mais apreciados. Finalmente os participantes do quarto grupo indicaram o quanto gostaram ou não das 32 cores anteriores usando uma escala móvel. Os pesquisadores descobriram que esse grupo tendia a apreciar as cores com os maiores pesos – as que os três grupos associaram a objetos agradáveis.

A próxima questão é: será que a atração e a rejeição por determinadas cores são agravadas pelo nosso cérebro? Ou são as nossas experiências que moldam nossas escolhas? Agora o grupo de cientistas está testando pessoas dos Estados Unidos, México e Japão para averiguar se as cores e os objetos prediletos são diferentes em cada país.

29 de outubro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Instituições alertam sobre influência dos pais que bebem sobre os filhos

Folha de São Paulo

A organização britânica Alcohol Concern e a Sociedade da Criança quer assistentes sociais para ter mais formação obrigatória, na forma de lidar com o abuso de álcool dentro das famílias.

Um relatório estima que 2,6 milhões de crianças vivem com um dos pais, cujo consumo de álcool poderia levar ao desprezo. A informação foi publicada no site da "BBC News". Um órgão que representa os assistentes sociais disse que o álcool causa mais problemas do que as drogas.

Segundo uma pesquisa realizada pela Alcohol Concern em julho, a maioria dos britânicos acredita que o hábito dos pais que bebem muito têm um impacto negativo sobre as crianças --muitos acham que é tão prejudicial quanto o abuso de drogas.


No entanto, as duas instituições de caridade dizem que a escala do problema não é plenamente reconhecida.
Os pais dos 2,6 milhões de crianças são definidos como "perigosos" bebedores --seja por causa da enorme quantidade ou frequência do consumo, ou porque mesmo em menor nível, o hábito leva a outros problemas, tais como não ser capaz de levantar da cama de manhã ou cumprir deveres.
Entre as 2,6 milhões de crianças, 700.000 estão sendo criadas por um dos pais definido como alcoólatra.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cura da Diabetes em 30 dias de Comida Ecológica

Pessoas dependentes de insulina por 20 anos e em duas semanas de comida ecológica, já não mais precisavam de doses de insulina. Uma revolução que deve ser anunciada aos 4 cantos deste mundo. Mas que todos nós sabemos: "Somos o que comemos".




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Estudo da USP identifica cocaína em recém-nascidos




Técnica mostra se a mãe consumiu droga em qualquer época da gravidez

Pesquisa pode salvar bebê, mesmo quando a mãe esconde o vício, e também ajudar a polícia em casos de morte
Folha de São Paulo - JULIANA COISSI - DE RIBEIRÃO PRETO
Um mecanismo desenvolvido pela USP de Ribeirão Preto identifica, pelas primeiras fezes do recém-nascido, se a mãe consumiu cocaína (e/ou crack) durante qualquer época da gravidez.
O método inédito pode ajudar a salvar bebês nos casos em que a mãe omite a dependência química e, no futuro, também pode auxiliar na solução de crimes.
O estudo de Marcela Nogueira Rabelo Alves foi orientado pelo professor Bruno Spinosa de Martinis. Foram selecionadas amostras de mecônio (as primeiras fezes) de 20 bebês cujas mães deram à luz no HC (Hospital das Clínicas) em 2009.


Em nove casos, as mães tinham declarado já ter usado a droga, seis delas, inclusive, na gravidez. Em três das amostras havia cocaína e em uma delas também crack.


O estudo também revelou que algumas mães omitem a dependência. Onze grávidas disseram que nunca tinham consumido droga, mas o exame apontou a presença de cocaína nos bebês de três mulheres desse grupo.
Segundo Marcela, a autora da dissertação de mestrado, o exame pode ser empregado em hospitais de maior porte, como o HC.
"Isso evitaria casos de mães que não dizem no pré-natal que são usuárias, levando o médico, quando o bebê nasce com problemas, como o cérebro não desenvolvido, a atribuir a deficiência a outras razões", afirmou.

Dados de pesquisas anteriores do HC apontam que entre 4,5% e 6% dos nascidos no hospital são filhos de usuárias de drogas.
De acordo com o chefe do serviço de obstetrícia, Geraldo Duarte, a pesquisa pode servir como mais um apoio para o zelo com a criança.
"É um grande Sherlock Holmes, porque, às vezes, a mãe não pode contar, não quer contar. E se a mãe resiste de deixar tirar sangue do bebê, sobre o mecônio eu não preciso consultá-la para o bem da criança", disse.

O método também poderá servir de apoio à polícia para identificar, em caso de morte do recém-nascido, se a cocaína foi a causa da morte.
Isso porque exames de urina ou sangue retirados só mostram se a mãe consumiu cocaína até quatro dias antes do nascimento. Já o mecônio aponta a droga acumulada durante toda a gravidez.

Para casos suspeitos, a Polícia Científica de São Paulo informou que analisa sangue, plasma e outros elementos, mas não o mecônio.
"Talvez, a partir dessa pesquisa, possa se avaliar qual o benefício que isso pode trazer", disse o assessor da diretoria do IML de São Paulo, João de Souza Filho.


Fonte: UNIAD

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dependência de nicotina

Folha de São Paulo - DRAUZIO VARELLA
Para experimentar o prazer do principiante, o cérebro passa a exigir doses cada vez mais altas de nicotina

NICOTINA é uma droga que anda com péssimas companhias. Pouco contribui para as doenças causadas pelo cigarro; deixa o serviço sujo por conta das centenas de substâncias tóxicas resultantes da queima do fumo, inaladas ao mesmo tempo.
É ela, entretanto, a responsável pela dependência química que escraviza o usuário. Não existisse nicotina nas folhas de fumo, o cigarro daria tanta satisfação quanto fumar um pé de alface.
Na coluna de hoje, leitor, vou explicar porque 80% dos que tentam livrar-se dessa droga fracassam já no primeiro mês de abstinência e porque míseros 3% permanecem abstinentes depois de um ano.

O cigarro é um dispositivo projetado para administrar partículas de nicotina dispersas na fumaça. Absorvida nos alvéolos pulmonares, a droga cai na circulação e chega ao cérebro em velocidade vertiginosa: seis a dez segundos.
Sabe Deus por que capricho, os neurônios de algumas áreas cerebrais possuem pequenas antenas (receptores) às quais a nicotina se liga. A ligação com os receptores abre canais na membrana desses neurônios, através dos quais transitarão diversos neurotransmissores, substâncias que interferem com a intensidade dos estímulos que trafegam de um neurônio para outro.
Um deles é a dopamina, mediador associado às sensações de prazer e à compulsão que nos faz repetir as experiências que as proporcionaram, sejam sexuais, sejam gustativas ou sejam induzidas artificialmente por drogas psicoativas como cocaína ou maconha.

A nicotina induz prazer e reduz o estresse e a ansiedade. O intervalo entre as tragadas é ajustado na medida exata para controlar a excitação e o humor. Fumar melhora a concentração, a prontidão das reações e a performance de algumas tarefas. A simples manipulação do maço, o gosto, o cheiro e a passagem da fumaça pela garganta são suficientes para trazer bem-estar ao dependente.
A razão mais importante para esses benefícios é o simples alívio dos sintomas da síndrome de abstinência. Das drogas conhecidas, nenhuma causa abstinência mais avassaladora: irritabilidade, agitação, mau humor, ansiedade crescente e anedonia, a incapacidade de sentir prazer.

A exposição repetida dos neurônios à nicotina dispara o mecanismo de tolerância ou neuroadaptação, por meio do qual o número de receptores aumenta em suas membranas. Como consequência, para experimentar o mesmo prazer do principiante, o cérebro passa a exigir doses cada vez mais altas da droga. Negar-se a fornecê-las é cair no inferno.

A repetição diária de crises de abstinência alternadas com a felicidade de ficar livre delas leva o cérebro a associar os efeitos agradáveis da nicotina com certos ambientes, situações e momentos específicos. Esse conjunto de fatores é responsável pelo condicionamento que obriga a acender mecanicamente um cigarro antes mesmo da necessidade consciente de fazê-lo.
Estados de humor desagradáveis, ansiedade e irritação de qualquer origem são lidos pelo cérebro como falta de nicotina e urgência para fumar um cigarro.

Estudos realizados com irmãos gêmeos mostram elevado grau de predisposição genética envolvido na aquisição da dependência, nas características dos sintomas de abstinência e até no número de cigarros fumados por dia.

O comportamento das mulheres fumantes é mais influenciado pelo condicionamento e pelos estados de humor negativos; o dos homens, mais pelos estímulos farmacológicos da droga. Os homens regulam as doses de nicotina inaladas com mais precisão e conseguem parar de fumar com menos sofrimento.
Primariamente, a nicotina é metabolizada por uma enzima do fígado (CYP2A6). Pessoas nas quais essa enzima apresenta atividade reduzida mantém a droga mais tempo em circulação e tendem a fumar menos. Metabolizadores rápidos precisam fumar mais, apresentam sintomas de abstinência mais intensos e encontram maior dificuldade para largar do cigarro.

Droga maldita. Não conduz a nenhum nirvana, não desperta fantasias psicodélicas nem traz sensação de felicidade plena. O que faz o fumante cair nas garras do fornecedor é o condicionamento associado à sucessão dos sintomas de abstinência aplacados imediatamente pelo cigarro seguinte. Fumar se torna condição sine qua non para sobreviver com dignidade.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dicas para alimentar-se bem

• Procure iniciar seu dia com um bom copo de suco desintoxicante, passando a informação de que há uma cumplicidade de você para com seu corpo, no sentido de ajudá-lo a acordar e se aliviar de todos os seus venenos e toxinas.


• Procure consumir alimentos variados todos os dias, para garantir todos os nutrientes necessários. Ah! Não se esqueça das sementes cruas como a de girassol, linhaça e do Pará, que são fontes de nutrição para o cérebro, todas as membranas e pele, assim como para o equilíbrio hormonal. Mas, atenção nas quantidades, pois elas são tão poderosas que o consumo diário deve ser baixo. Tipo: girassol - 1 colher sobremesa / linhaça - 1 colher sopa / castanha do Pará - 1 unidade.


Procure escolher os alimentos da época pois estão mais baratos, bonitos e plenos de nutrientes. Em geral, alimentos da época contêm menos agrotóxicos. Esse é o motivo pelo qual na cultura orgânica, você só encontra disponível no mercado as variedades da época.


• Aumente seu consumo de fibras, preferindo frutas, raízes, sementes, legumes, folhas e cereais integrais crus e frescos, idealmente orgânicos.


• Diminua o consumo de carne vermelha e, enquanto reduz o consumo de carnes opte por peixes e aves. Escolha sempre cortes magros. Tire a pele das aves: ela contém alto teor de gordura.


• Evite todos os laticínios. Mas enquanto há consumo opte pelos desnatados. Evite sorvetes cremosos; prefira o frozen yogurt ou os sorvetes de frutas que não levam leite em sua composição.


• Use menos sal e evite os riscos da pressão alta. Tempere com limão, ervas frescas e aprenda a apreciar o sabor natural dos alimentos. Evite alimentos industrializados, como sopas prontas, carnes enlatadas, embutidos e frios, que contêm muito sal, além de conservantes e aditivos químicos.


• Diminua o açúcar refinado e os demais açúcares (mascavo, demerara e cristal). Reduza ou elimine o consumo de refrigerantes, balas, bombons e sobremesas muito doces. Açúcar engorda sem nutrir, deprime o sistema imunológico, provoca várias doenças (anemia e osteoporose, entre elas) e estimula processos depressivos. Fique atenta para o açúcar escondido nos alimentos industrializados (pães, gelatinas, sucos, etc): leia os rótulos! Compense usando frutas frescas ou secas, que é uma fonte de açúcar integral e saudável.


• Procure beber de 6 a 8 copos de líquidos ao longo do dia na forma de sucos desintoxicantes, chás de ervas (sem açúcar) e sopas desintoxicantes (saborosíssimas) também valem.


• Mas, evite tomar líquidos na hora das refeições. Este hábito dilui as enzimas e líquidos digestivos, provocando atrasos e fermentações, como também expansão do volume estomacal. O ideal é tomar 1 suco desintoxicante 30 minutos antes do almoço e do jantar, para assim reduzir a compulsão alimentar como também a necessidade de beber líquidos na hora errada.


• E finalmente: todo mundo sabe que o exercício regular promove a saúde e o bem-estar, melhora a pos tura e afina a silhueta. Além disso, está provado que o exercício contribui para diminuir o estres se, ajuda a manter o peso ideal, aumenta a ener gia, previne a insônia e a ansiedade e ajuda a viver muito mais. Existem variados e divertidos tipos de exercício, escolha o seu!


Fonte: Doce Limão

Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para a alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citada a autora e a fonte.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tomar sol ajuda proteger os neurônios

Pouca vitamina D no organismo pode comprometer a função cognitiva

Dermatologistas costumam alertar: para expor a pele aos raios solares é preciso aplicar protetor, o que evita câncer e envelhecimento precoce. Mas fugir do sol também traz consequências graves para o cérebro. Pesquisadores descobriram que a ausência de vitamina D no organismo pode comprometer funções cognitivas. Embora seja mais conhecida por promover saúde dos ossos e regular os níveis de cálcio, a vitamina desativa enzimas cerebrais que participam da síntese de neurotransmissores e do crescimento neuronal. Com essas descobertas, pesquisadores esperam que no futuro a vitamina ajude no tratamento de pacientes com Alzheimer.

“Sabemos que há receptores de vitamina D espalhados por todo o sistema nervoso central e hipocampo. Além disso, ela ativa e desativa as enzimas no cérebro e no fluido cerebrospinal envolvidas na síntese de neurotransmissores e no crescimento dos nervos”, explicou o pesquisador Robert J. Przybelski, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin. Os estudos em animais e em laboratório sugerem que a substância pode proteger os neurônios e reduzir a inflamação.

Dois novos experimentos revelam mais novidades sobre o assunto. O primeiro, conduzido pelo neurocientista David Llewellyn, da Universidade de Cambridge, avaliou o índice da presença da vitamina em mais de 1.700 ingleses com mais de 65 anos. Os voluntários foram divididos em quatro grupos de acordo com os índices da substância encontrados no sangue: profundamente deficiente, deficiente, insuficiente e excelente; em seguida, foram testados quanto à função cognitiva. Os cientistas descobriram que, quanto mais baixos os níveis, maior o impacto negativo no desempenho na bateria de testes mentais. Se comparados a pessoas do grupo excelente, os que apresentavam valores mais baixos corriam mais risco de ter alguma deficiência mental.

O segundo estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, concentrou-se nos níveis de vitamina D e no desempenho cognitivo de mais de 3.100 voluntários entre 40 e 79 anos em oito países europeus. As informações mostram que os participantes com níveis mais baixos demoraram mais tempo para processar informações. Essa correlação foi particularmente expressiva entre os homens com mais de 60 anos.

“O fato de essa relação ter sido estabelecida em larga escala e em um estudo com seres humanos é muito importante, mas ainda há muito a ser estudado. Embora saibamos que o baixo grau da vitamina está associado ao comprometimento mental, não descobrimos se os altos reduziram a perda cognitiva”, salienta Przybelski.

Pelo fato de o comprometimento cognitivo ser, em geral, precursor da demência e do Alzheimer, a vitamina D é tema em constante discussão entre os cientistas que tentam responder a essas questões. Przybelski, por exemplo, planeja um estudo sobre isso para verificar se afetará a incidência de Alzheimer em longo prazo. Então, quanto de vitamina D é suficiente? Alguns especialistas dizem que de 15 a 30 minutos de exposição ao sol, de duas a três vezes por semana, seria o ideal para adultos saudáveis. É importante lembrar que fatores como a cor da pele, o local de residência e a área exposta ao sol afetarão o volume de vitamina D produzido por cada um.

edição 214 - Novembro 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os Homens de fato estacionam melhor que as mulheres?


Muita gente defende a tese de que “homens conseguem estacionar melhor que mulheres”. Resta saber se afirmação tem algum respaldo de verdade ou é apenas mais uma dessas frases machistas que cada vez mais perdem força diante dos bons desempenhos femininos. Para irritação de algumas motoristas, estudos têm mostrado que, embora haja exceções, eles costumam ser mais habilidosos na hora de manobrar e para o carro em uma vaga. Ao que tudo indica, essa diferença entre os gêneros (que aparece também entre condutores iniciantes) se baseia na vantagem masculina em relação à visão espacial e na opinião positiva que eles têm sobre si.

Isso é o que mostram os resultados de um estudo realizado por uma equipe coordenada pelo psicólogo Onur Güntürkün, da Universidade de Bochum, na Alemanha. Alguns anos depois de tirar a carteira de habilitação, a autoimagem de cada um como motorista tem grande influência em sua capacidade de estacionar.

Os psicólogos de Bochum pediram a 65 voluntários, 30 mulheres e 35 homens, para estacionar várias vezes: de frente, de ré e de lado. As voluntárias eram, segundo elas mesmas, tão experientes quanto os homens, mas avaliavam sua habilidade na direção de forma modesta em comparação aos colegas do sexo masculino. Durante o teste, elas precisaram de mais tempo para colocar o carro na posição desejada e ainda assim, quando precisavam estacionar de lado, o automóvel não ficava exatamente posicionado nas marcações. Para frente e de ré, porém, todos os voluntários paravam com a mesma facilidade. Na fase seguinte do experimento, os cientistas testaram a capacidade de visualização espacial dos voluntários e os resultados mostram que, conforme o esperado, homens tiveram pontuação melhor.

Em relação a motoristas iniciantes os estudiosos concluíram que quanto mais acertavam a manobra mais rapidamente estacionavam. Essa performance dependia exclusivamente da convicção pessoal de ser um bom ou mau motorista. Já entre os experientes, a autoavaliação era decisiva tanto para rapidez quanto para precisão ao estacionar. Assim, os pesquisadores concluíram que a visão espacial era fator decisivo apenas para os menos experientes. Com o aumento da prática, essa característica perde a importância, pois as ações se tornam automáticas.

Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 213, outubro/2010, pág. 73

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Carícias e o Iluminado


Chega de viver entre o medo e a Raiva! Se não aprendermos a viver de outro modo, poderemos acabar com a nossa espécie.

É preciso começar a trocar carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas boas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque "não fica bem" mostrar bons sentimentos! No nosso mundo negociante e competitivo, mostrar amor é... um mau negócio. O outro vai aproveitar, explorar, cobrar... Chega de negociar com sentimentos e sensações. Negócio é de coisas e de dinheiro- e pronto! O pesquisador B. Skinner mostrou por A mais B que só são estáveis os condicionamentos recompensados; aqueles baseado na dor precisam ser reforçados sempre senão desaparecem. Vamos nos reforçar positivamente. É o jeito - o único jeito - de começarmos um novo tipo de convívio social, uma nova estrutura, um mundo melhor.

Freud ajudou a atrapalhar mostrando o quanto nós escondemos de ruim; mas é fácil ver que nós escondemos também tudo que é bom em nós, a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar - com o outro. Tudo tem que ser sério, respeitável, comedido - fúnebre, chato, restritivo, contido...

Há mais pontos sensíveis em nosso corpo do que as estrelas num céu invernal.

"Desejo", do latim de-sid-erio, provém da raiz "sid", da língua zenda, significando ESTRELA, como se vê em sideral, relativo às estrelas.

Seguir o desejo é seguir a estrela - estar orientado, saber para onde vai, conhecer a direção...

"Gente é para brilhar", diz mestre Caetano.

Gente é, demonstravelmente, a maior maravilha, o maior playground e a mais complexa máquina neuromecânica do Universo conhecido. Diz o Psicanalista que todos nós sofremos de mania de grandeza, de onipotência.

A mim parece que sofremos de mania de pequenez.

Qual o homem que se assume em toda a sua grandeza natural? "Quem sou eu primo..."Em vez de admirar, nós invejamos - por não termos coragem de fazer o que a nossa estrela determina.

O Medo - eis o inimigo.

O medo, principalmente do outro, que observa atentamente tudo o que fazemos - sempre pronto a criticar, a condenar, a pôr restrições - porque fazemos diferente dele.

Só por isso. Nossa diferença diz para ele que sua mesmice não é necessária. Que ele também pode tentar se livre - seguindo sua estrela. Que sua prisão não tem paredes de pedra, nem correntes de ferro. Como a de Branca de Neve, sua prisão é de cristal - invisível. Só existe na sua cabeça. Mas sua cabeça contém - é preciso que se diga - todos os outros que, de dentro dele, o observam, criticam, comentam - às vezes até elogiam!

Por que vivemos fazendo isso uns com os outros - vigiando-nos e obrigando-nos - todos contra todos - a ficar bonzinhos dentro das regrinhas do bem-comportado - pequenos, pequenos. Sofremos de megalomania porque no palco social obrigamo-nos a ser, todos, anões. Ai de quem se sobressai, fazendo de repente o que lhe deu na cabeça. Fogueira para ele! Ou você pensa que a fogueira só existiu na Idade Média?

Nós nos obrigamos a ser - todos - pequenos, insignificantes, inaparentes, "normais"- normopatas diz melhor; oligopatas - apesar do grego- melhor ainda. Oligotímicos - sentimentos pequenos - é o ideal...

Quem é o iluminado?

No seu tempo, é sempre um louco delirante que faz tudo diferente de todos. Ele sofre, principalmente, de um alto senso de dignidade humana - o que o torna insuportável para todos os próximos, que são indignos.

Ele sofre, depois, de uma completa cegueira em relação à "realidade"(convencional), que ele não respeita nem um pouco. Ama desbragadamente - o sem vergonha. Comporta-se como se as pessoas merecessem confiança, como se todos fossem bons, como se toda criatura fosse amável, linda, admirável.

Assim ele vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe.

Porque se encanta, porque se apaixona, porque abraça com calor e com amor, porque sorri e é feliz.

Como pode, esse louco?

Como pode estar - e viver! - sempre tão fora da realidade - que é sombria, ameaçadora; como ignorar que os outros - sempre os outros - são desconfiados, desonestos, mesquinhos, exploradores, prepotentes, fingidos, traiçoeiros, hipócritas...

Ah! Os outros...
(Fossem todos como eu, tão bem-comportados, tão educados, tão finos de sentimentos...) O que não se compreende é como há tanta maldade num mundo feito somente de gente que se considera tão boa. Deveras, não se compreende.

Menos ainda se compreende que de tantas famílias perfeitas - a família de cada um é sempre ótima - acabe acontecendo um mundo tão infernalmente péssimo.

Ah! Os outros... Se eles não fossem tão maus - como seria bom...

Proponho um tema para meditação profunda; é a lição mais fundamental de toda a Psicologia Dinâmica:

Só sabemos fazer o que foi feito conosco.
Só conseguimos tratar bem os demais se fomos bem tratados.
Só sabemos nos tratar bem se fomos bem tratados.
Se só fomos ignorados, só sabemos ignorar.
Se só fomos odiados, só sabemos odiar.
Se fomos maltratados, só sabemos maltratar.
Não há como fugir desta engrenagem de aço: ninguém é feliz sozinho.
Ou o mundo melhora para todos ou ele acaba.
Amar o próximo não é mais idealismo "místico"de alguns.
Ou aprendemos a nos acariciar ou liquidaremos com a nossa espécie.
Ou aprendemos a nos tratar bem - a nos acariciar - ou nos destruiremos.
Carícias - a própria palavra é bonita.
Carícias ... Olhar de encantamento descobrindo a divindade do outro - meu espelho!

Carícias... Envolvência ( quem não se envolve não se desenvolve...), ondulações, admiração, felicidade, alegria em nós - eu e os outros.

Energia poderosa na ação comum, na co-operação. Na co-munhão.

Só a União faz a força - sinto muito, mas as verdades banais de todos os tempos são verdadeiras - e seria bom se a gente tentasse FAZER o que essas verdades nos sugerem, em vez de críticos e céticos e pessimistas, encolhermos os ombros e deixarmos que a espécie continue, cega, caminhando em velocidade uniformemente acelerada para o Buraco Negro da aniquilação.

Nunca se pôde dizer, como hoje: ou nos salvamos - todos juntos - o nos danamos - todos juntos.

Fonte: Humauniversidade

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Aprendendo a dirigir

Folha de São Paulo - SUZANA HERCULANO-HOUZEL

Se já não penso para trocar de marcha, por que não posso falar ao celular enquanto dirijo?

SE VOCÊ já dirige há anos, nem pensa mais a respeito. Mas se ainda está aprendendo, como meus alunos na faixa dos 18, 19 anos, tem a clara noção de como é difícil executar uma sequência complexa de movimentos, selecionando a ação certa na hora certa - e sem perder a noção do conjunto, enquanto o carro se move pela rua.

Para quem está começando, é preciso muita supervisão atenta do seu córtex cerebral para lembrar de, primeiro, tirar o pé direito do acelerador; depois, colocar o pé esquerdo na embreagem; tirar a mão direita do volante e estendê-la em direção ao câmbio; lembrar da posição em que a alavanca estava e fazer o movimento adequado para levá-la à marcha desejada; e voltar a mão para o volante, enquanto se tira devagar -devagar!- o pé esquerdo da embreagem e o pé direito volta a acelerar na medida certa.

Ficou angustiado só de ler? Compreensível, enquanto seu cérebro não dispuser de um programa motor unificado que dê conta de selecionar as ações certas na hora e na ordem certas sem que você precise prestar atenção no que está fazendo.
O alívio vem com a prática, conforme os núcleos da base, no centro do cérebro, vão aprendendo, com as tentativas e acertos, a encaixar as ações umas nas outras.
Graças à plasticidade sináptica, o próprio uso modifica aquelas ações que ativam os neurônios que representam cada ação, e as que dão certo em conjunto -tirar um pé do acelerador e pousar o outro na embreagem ao mesmo tempo, por exemplo- vão sendo reforçadas.
Com treino suficiente, esses neurônios têm oportunidade de se organizar em redes que precisam apenas ser acionadas pelo córtex cerebral para levar à execução de um programa motor completo, como passar a marcha, escrever seu nome ou tocar uma sonata de Beethoven inteira.

O único porém é que, quando os núcleos da base assumem a troca de marchas e o córtex fica dispensado para prestar atenção em outra coisa, vem a tentação de abusar. Pergunta perfeitamente procedente de um aluno, então: se eu não preciso mais prestar atenção para trocar de marcha, por que é que eu não posso falar ao celular enquanto dirijo?

Porque você ainda precisa voltar sua atenção, que é uma só, à rua, aos pedestres e aonde você leva o carro, e o celular rouba para si toda essa atenção. Falando ao celular, você não dirige o carro; apenas é levado por ele...


SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da UFRJ e autora de "Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Yo-Yo Ma & Bobby McFerrin

Yo-Yo Ma & Bobby McFerrin

cello: yo-yo ma
vocal: bobby McFerrin
violin: mark o'connor
contra bass: edgar meyer





segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma boa conversa pode melhorar seu humor

Pessoas mais felizes costumam manter
diálogos construtivos e inteligentes,
falando do que realmente pensam e sentem,
de seus planos e desejos

Foto por Flickr

Está se sentido desanimado ou de mau humor? Emitir comentários ou propagar boatos não vai ajudar em nada. Já uma boa conversa sobre o que os interlocutores realmente pensam e sentem pode ajudar a levantar o astral. Pelo menos é isso que garante um estudo recém-publicado no periódico Psychological Science. Para chegar a essa conclusão pesquisadores das universidades do Arizona e de Washington, nos Estados Unidos, usaram um aparelho discreto para gravar a conversa de 79 estudantes durante quatro dias. Depois analisaram os discursos e determinaram quantas de suas falas foram superficiais e banais (“O que você está comendo? Pipoca?”) e quantas pareciam mais significativas e “profundas” (“Como você está se sentindo em relação a essa situação? O que pensa sobre aquele assunto?”).

Após a avaliação dos discursos, os especialistas pediram aos voluntários que respondessem questionários e que seus amigos próximos relatassem quanto pareciam estar felizes e satisfeitos com a vida que levavam. Por meio da junção dessas respostas os cientistas conseguiram “medir” o bem-estar dos voluntários.

Os “felizes” passaram 70% mais tempo conversando sobre assuntos consistentes (como ideias, planos, desejos, sentimentos ou mesmo inquietações). Segundo o psicólogo Matthias Mehl, pesquisador da Universidade do Arizona e um dos coordenadores do estudo, esse fato sugere que o tempo que uma pessoa gasta na presença das outras é um bom indicativo de seu “nível de felicidade”. Mas não basta ter companhia é fundamental cultivar relacionamentos sólidos e confiar naqueles com quem convivemos – ou pelo menos em alguns – a ponto de nos sentirmos seguros para expressar o que realmente acreditamos, queremos e tememos.

Os voluntários satisfeitos tiveram duas vezes mais diálogos “importantes” que os demais. Mehl admite que é difícil determinar causa e efeito: ele reconhece que não sabe se uma interação construtiva pode tornar as pessoas mais contentes ou se os mais felizes tendem a conversar de forma consistente com maior frequência. Para descobrir isso, ele e seus colegas estão realizando outros estudos nos quais voluntários desenvolvem diferentes tipos de conversa. Até agora, os resultados sugerem que manter pelo menos cinco conversas construtivas semanais pode ser benéfico para o humor. Algumas mulheres, que adoram discutir a relação, já têm agora um argumento científico para tentar convencer o parceiro a dialogar.

Fonte: Revista Mente & Cérebro