sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As tuas mãos são para proteger

Spot publicitário espanhol para televisão da Campanha “Tus manos son para proteger”, contra os castigos físicos a crianças.

Esta campanha, cujo slogan é “Levanta la mano contra el castigo físico” é da responsabilidade conjunta do Conselho da Europa e do Ministério de Educação, Política Social e Desporto de Espanha.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Como lamber uma tigela




"Enquanto não amarmos um animal, uma parte da nossa alma permanecerá adormecida."
Anatole France

Jacques Anatole François Thibault, mais conhecido como Anatole France (1844— 1924) foi um escritor francês.

Participou da fundação da Liga dos Direitos do Homem. Recebeu o Nobel de Literatura de 1921.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Decidir cansa!

Após um dia estressante é muito mais difícil tomar iniciativas, desde as simples, como resistir ao desejo de comer uma caixa de doces, até as complicadas, como julgar a inocência de alguém

edição 225 - Outubro 2011

Em um único dia, um juiz analisa os pedidos de liberdade condicional de três presidiários cuja ficha criminal e sentença são semelhantes. No entanto, apenas um deles é libertado. Segundo pesquisadores da Ben-Gurion University, em Israel, e da Universidade Stanford, o veredicto pode ter sido influenciado por um curioso fator: o horário da audiência. O criminoso que teve seu pedido concedido compareceu ao julgamento no início da manhã, enquanto os outros dois o fizeram no final do dia.


Em estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas Jonathan Levav e Shai Danziger acompanharam a rotina de juízes experientes por um ano. Os dois chegaram a analisar mais de 1.100 julgamentos. Em média, foi concedido um de cada três pedidos de liberdade condicional. No entanto, foram libertados cerca de 70% dos prisioneiros julgados pela manhã, contra 10% dos que receberam a sentença no fim da tarde. Segundo os pesquisadores, os réus foram ajudados ou prejudicados pela chamada “fadiga de decidir” (decision fatigue), termo cunhado pelo psicólogo Roy Baumeister, da Universidade Estadual da Flórida. Para o psicólogo, a “força de vontade” necessária para evitar recompensas imediatas depende de atividades mentais que exigem a transferência de energia. Ou seja, após um dia cansativo de trabalho é muito mais difícil tomar iniciativas mais simples, como resistir ao desejo de comer uma caixa de doces, ou mais complicadas, como julgar a inocência de alguém.

Outra pesquisa, conduzida pelo economista Dean Spears, da Princeton University, mostra o “cansaço” causado pela tomada de decisões. A equipe de Spears ofereceu a 20 pessoas de uma aldeia no noroeste da Índia a oportunidade de comprar duas barras de sabão, sendo uma delas de marca conhecida, custando cerca de 20 centavos a mais, quantia significativa considerando os índices de pobreza da região. Em seguida, pesquisadores pediram aos voluntários que os cumprimentassem com um aperto de mão. Observou-se que eles mantiveram as mãos unidas às dos estudiosos por menos tempo do que habitantes de outras aldeias mais abastadas. Para o economista, a obrigação de decidir qual sabão levar de certa forma esgotou a força de vontade dos participantes. A quantidade e a frequência com que pessoas em situação de pobreza têm de fazer renúncias, decidindo a todo o momento o que é mais importante para a sobrevivência, geram fadiga, o que impactaria a dedicação ao estudo, ao trabalho e a outros aspectos que melhorariam sua situação social.


Segundo Baumeister, “os melhores 'tomadores de decisão' são aqueles que sabem quando não confiar em si mesmos”. É possível que, no caso do experimento de Levav e Danziger, os magistrados tenham optado, mesmo inconscientemente, por não decidir no caso dos criminosos julgados ao fim do dia. Para Baumeister, escolher o que comer no café da manhã, para onde ir nas férias, quem contratar, quanto gastar, ou seja, as pequenas e grandes decisões do dia a dia mina a força de vontade. “Não é como ficar sem fôlego e desistir durante uma maratona – o cansaço se manifesta pela tendência a optar pelos ganhos a curto prazo, mesmo sabendo que teremos de arcar com os custos posteriormente”, diz. A análise irracional dessa relação custo-benefício pode ser a mesma que nos “autoriza” a comer a comida açucarada e gordurosa ao final de um dia estressante ou leva um juiz, esgotado, a tomar a decisão mais segura e fácil, mesmo que ela termine prejudicando alguém.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Renascimento do Parto

Lançamento: Março de 2012

O filme "O Renascimento do Parto" retrata a grave realidade obstétrica mundial e sobretudo brasileira, que se caracteriza por um número alarmante de cesarianas ou de partos com intervenções traumáticas e desnecessárias, em contraponto com o que é sabido e recomendado hoje pela ciência. Tal situação apresenta sérias conseqüências perinatais, psicológicas, sociais, antropológicas e financeiras. Através dos relatos de alguns dos maiores especialistas na área e das mais recentes descobertas científicas, questiona-se o modelo obstétrico atual, promove-se uma reflexão acerca do novo paradigma do século XXI e sobre o futuro de uma civilização nascida sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto.

Com a participação especial do cientista Michel Odent, do ator e diretor de cinema Márcio Garcia e sua esposa, a nutricionista Andréa Santa Rosa.

Um filme de: Érica de Paula e Eduardo Chauvet

Direção: Eduardo Chauvet

Uma produção: Master Brasil e Ritmo Filmes

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Apenas um cão...

Homenagem de Sandra Dee (atriz americana) ao seu cão Nino

De vez em quando escuto alguém me dizer:

Pára com isso! É apenas um cão!

Ou então: Mas é muito dinheiro para se gastar com ele! É apenas um cão.

Essas pessoas não sabem do caminho percorrido, do tempo gasto ou dos custos que significam "apenas um cão".

Muitos dos meus melhores momentos me foram trazidos por "apenas um cão".

Por muitas horas em minha vida, minha única companhia era "apenas um cão", e eu não me sentia desprezada.

Muitas de minhas tristezas foram amenizadas por "apenas um cão".

E naqueles dias sombrios, o toque gentil de "apenas um cão" me deu conforto e motivo para seguir em frente.

Se você também é daqueles que pensam que ele é "apenas um cão", com certeza deve entender bem expressões como "apenas um amigo", "apenas um nascer de sol", "apenas uma promessa".

"Apenas um cão" deu à minha vida a verdadeira essência da amizade, da confiança, da pura e irrestrita felicidade.

"Apenas um cão" faz aflorar a compaixão e a paciência que fazem de mim uma pessoa melhor.

Por causa de "apenas um cão" eu me levanto cedo, faço caminhadas e olho com mais amor para o futuro.


Porque pra mim - e para pessoas como eu - não se trata de "apenas um cão", mas da incorporação de todos os sonhos e esperanças do futuro, das lembranças afetuosas do passado, da pura felicidade do momento presente.

"Apenas um cão" faz brotar o que há de bom em mim e dissolve meus pensamentos e as preo-cupações do meu dia. Eu espero que algum dia algumas pessoas entendam que não é "apenas um cão", mas é aquilo que me torna mais humana e me permite não ser "apenas uma mulher". Então, da próxima vez em que você escutar a frase" É apenas um cão", apenas sorria para essas pessoas porque elas apenas não entendem.

"Todos os seres vivos tremem diante da violência. Todos temem a morte, todos amam a vida. Projete você mesmo em todas as criaturas. Então, a quem você poderá ferir? Que mal você poderá fazer?"-BUDA

"Se as experiências em animais fossem abandonadas, a humanidade teria alcançado um avanço fundamental.” - RICHARD WAGNER

Autor: Sandra Dee - Traduzido para o Português por Cris Sousa
Fonte: http://humancat.com

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Uma vida sem limites

Nicholas James Vujicic

“Por muito tempo me perguntei se haveria no mundo alguém como eu, e se haveria outro propósito para a minha vida além de dor e humilhação.”

Nascido sem os braços e sem as pernas, Nick Vujicic superou sua deficiência para viver uma vida plena e cheia de realizações, tornando-se um exemplo para todas as pessoas que buscam a verdadeira felicidade.

Hoje, um palestrante motivacional internacionalmente conhecido, Nick divulga sua mensagem central: o objetivo mais importante para qualquer pessoa é encontrar seu propósito na vida, a despeito de quaisquer dificuldades que apareçam pelo caminho.

Nick conta a história de sua deficiência física e da batalha emocional que travou para conviver com isso na infância, adolescência e vida adulta. Compartilha com o leitor a força de sua fé e explica que, depois que encontrou seu senso de propósito – inspirar as pessoas a melhorar sua vida e o mundo –, achou confiança para construir uma vida produtiva e sem limites. Nick encoraja o leitor mostrando como aprendeu a aceitar o imponderável e se concentrar em suas habilidades possíveis.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Profissional esconde dependência

Com a imagem de super-heróis e sob pressão intensa, altos executivos evitam pedir auxílio

Folha de São Paulo - DE SÃO PAULO

Competitividade, pressão por resultados e solidão são uma combinação explosiva entre executivos. Com receio de perder o posto e impelidos a trazer retorno para a companhia, muitos escondem o uso de drogas -sejam ansiolíticos sejam drogas ilícitas.

"O executivo é muito solitário, e o ambiente é altamente competitivo. A demonstração de fraquezas é duramente tratada", afirma Antonio Carlos Worms Till, diretor da clínica Vita Check-Up.

A imagem que as corporações têm dos profissionais que compõem o alto escalão é a de heróis. "Se ele não for o super-homem, será preterido em relação a outros e malvisto politicamente", frisa.

O cenário torna a identificação de executivos para tratamento e auxílio dentro das companhias uma tarefa hercúlea. A dificuldade é sentida até mesmo em hospitais.
As psicólogas Mariana Guarize e Janaína Xavier Santos, que coletaram dados sobre uso de remédios controlados e drogas ilícitas para pesquisa no HCor, contam que, frequentemente, o profissional só assume o uso de psicotrópicos em entrevista, não em formulários.

"Muitas vezes, os executivos só falavam sobre o uso de remédios quando abordávamos insônia, ansiedade e depressão", destaca Guarize.

PRESSÃO
Não são apenas os altos executivos de empresas que têm medo de expor fragilidades no ambiente de trabalho.

Sob pressão intensa na companhia, a analista de sistemas M.Y., 39, teve um surto -que incluiu sintomas como dificuldade de respirar, sudorese e pressão alta.
Foi levada pelos colegas para o hospital. Lá, o médico receitou ansiolíticos.
O ataque ocorreu há um ano e, desde o episódio, a profissional toma o remédio.

Mas, sobre isso, ela não diz uma palavra no trabalho. "Podem achar que eu sou uma pessoa que não aguenta pressão", analisa.

Em segredo, a advogada P.W., 34, internou-se em uma clínica de reabilitação há dez meses. Ela tentava se livrar dos problemas com o consumo de drogas como álcool, cocaína e ecstasy.

Durante os 20 dias em que ficou internada, teve que "implorar para trabalhar, para não perder prazos importantes em processos". Após muita negociação, obteve acesso a computador com internet por algumas horas por dia.

"Tem gente que fuma crack e é presidente de empresa - e não o estereótipo do sujeito caído na rua. Muitos não pedem ajuda por causa da visão estereotipada de que quem se droga não tem trabalho", avalia a advogada.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Três dicas para dormir bem

Dormir bem tem a ver com respeito pelo sono. O neurologista Francisco Hora Fontes dá 3 dicas para mandar a insônia embora:

1 – nada de navegar na internet à noite. A luz do computador interfere na produção de melatonina, o hormônio que avisa ao cérebro que é hora de dormir. Pelo mesmo motivo, evite a TV.

2 – Na de atividade física, a ansiedade, grande inimiga dos sonhos, ganha espaço. Aliás, tente se livrar dela antes de ir para a cama. Uma massagem nos pés pode ajudar.

3 – Esqueça os drinques noturnos. Ao contrário do que parece, o álcool compromete as fases do sono. No dia seguinte, o corpo vai estar em frangalhos.

Fonte: Revista Saúde

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As coisas em ordem...

Os grandes antigos, quando queriam propagar altas virtudes, punham seus Estados em ordem.

Antes de porem seus Estados em ordem, punham em ordem suas famílias.

Antes de porem em ordem suas famílias, punham em ordem a si próprios.

E antes de porem em ordem a si próprios, aperfeiçoavam suas almas, procurando ser sinceros consigo mesmos e ampliavam ao máximo seus conhecimentos.

A ampliação dos conhecimentos decorre do conhecimento das coisas como elas são (e não como queremos que elas sejam).

Com o aperfeiçoamento da alma e o conhecimento das coisas, o homem se torna completo.

E quando o homem se torna completo, ele fica em ordem.

E quando o homem está em ordem, sua família também está em ordem.

E quando todos os Estados ficam em ordem, o mundo inteiro goza de paz
e prosperidade.

(Confúcio)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A internet pode ser um perigo para a memória_3/3

Matéria dividida em 3 posts – em 05, 07 e 09 de Dezembro.

Da revista VEJA – edição 2226, págs. 90/91, de 20.07.2011

O senhor acha que a internet está mudando nosso modo de pensar?

Sem dúvida. A internet estimula certos modos de pensar e desestimula outros. O pensamento atento, focado, concentrado é algo que ela claramente desencoraja. A internet estimula o usuário a folhear, passar os olhos, não a mergulhar com profundidade. Com a rede, nosso conhecimento está mais amplo, mas mais superficial.

Ao mudar seus hábitos on-line, o senhor conseguiu recuperar a concentração necessária para ler um livro como Guerra e Paz?

Consigo ler, mas é mais difícil do que antes. Tenho de fazer um esforço. Posso sentir minha cabeça resistindo contra ficar focada num conjunto de páginas por determinado período. Acho que, ao usar tanto meu computador para navegar na rede, acabei treinando meu cérebro para se distrair, mudar o foco, dividir a atenção rapidamente. Para ler um livro, tenho de combater esse novo instinto.

Seu artigo publicado na revista The Atlantic indagava se o Google estava nos tornando idiotas. O senhor chegou a uma resposta?

Escrevi o artigo, mas o título quem deu foi um editor da revista. Eu não usaria a palavra “idiotas”. No fim das contas, acho que o Google, ou a internet de modo mais geral, está nos tornando superficiais como pensadores. Trato disso no meu último livro. Em algum momento deste ano, deve ser publicado no Brasil, inclusive.

Qual a editora?

Pois é, estou conferindo no site do meu livro.

Ainda bem que a internet existe, não?

Mas acho que se eu estivesse sem acesso à internet eu conseguiria me lembrar. Está aqui. É Ediouro.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A internet pode ser um perigo para a memória_2/3

Matéria dividida em 3 posts – em 05, 07 e 09 de Dezembro.

Da revista VEJA – edição 2226, págs. 90/91, de 20.07.2011

O que o senhor achou da pesquisa que ostra que o cérebro tende a esquecer o que pode ser achado facilmente na internet?

A pesquisa é fascinante. Ela ostra a enorme plasticidade do cérebro. Claro que a memória humana já passou por mudanças com o advento de outras tecnologias de comunicação e informação, mas nunca tivemos à nossa disposição um estoque tão vasto e tão fácil de acessar como a internet. Talvez estejamos entrando numa era em que teremos cada vez menos memórias guardadas dentro do cérebro.

Quando descarta a memória fácil de recuperar e armazena a memória que pode sumir, o cérebro está sendo inteligente?

Não. Acho isso perigoso. A perda de motivação para memorizar informações pode degradar nossa capacidade cognitiva. Na história humana, sempre guardamos memórias em lugares externos, fora do cérebro. A diferença, agora, é que a internet é imensa. O cérebro pode descartar um enorme volume de informações. Ou seja: no passado, tínhamos lugares externos para complementar nossa memória. É um perigo. A memória fora do cérebro não é igual à memória dentro do cérebro. O que guardamos na cabeça nos permite fazer associações, conexões, aprofundar o conhecimento, elaborar, reelaborar. É isso que nos torna únicos.

Sócrates, o filósofo grego, reclamava do advento da escrita dizendo que era um estímulo ao esquecimento. A internet não é a mesma coisa, em nova escala?

Há uma diferença importante. Sócrates reclamava do ato de escrever antes de a forma do livro ter sido inventada. Ele estava certo no estímulo do esquecimento proporcionado pela escrita, mas a chegada do livro ajudou a ampliar a memória humana ao contribuir com o aumento da nossa atenção, da nossa capacidade de concentração. É possível que a internet, em algum momento no futuro, também seja complementara por outra invenção ou comece a ser usada de um jeito diferente, de modo a passar a exercer um papel semelhante ao que o livro teve para a escrita. Mas, examinando-se a historia da internet nos últimos vinte anos, o que se vê vai na direção contrária. Cada vez mais, a maioria das pessoas usa a internet para ter acesso a informações rápidas, curtas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A internet pode ser um perigo para a memória_1/3

Matéria dividida em 3 posts – em 05, 07 e 09 de Dezembro.

Da revista VEJA – edição 2226, págs. 90/91, de 20.07.2011

O americano Nicholas Carr, 52 anos, é formado em inglês e fez mestrado em literatura americana. Com uma prosa extremamente eficiente, Carr tornou-se escritor de não ficção. Escreve livros sobre cultura, economia e, especialmente, tecnologia. Quando a maioria das pessoas só via os benefícios da internet e as maravilhas do Google, Carr publicou um artigo na revista The Atlantic dizendo que, talvez, a rede mundial estivesse nos idiotizado. Ele contava que, como usuário intensivo da internet, vinha observando que sua capacidade de concentração e contemplação já não era a mesma. Ler um livro estava virando um sacrifício. Hoje, três anos depois, o escritor acha que melhorou um pouco, mas à custa da redução do seu tempo on-line. “Mudei alguns hábitos”, diz. “Fechei minha conta no Twitter e no Facebook. Os dois prestam um serviço útil, mas provocam muita distração, mandando mensagens o dia inteiro”. Agora, com a pesquisa que mostra que o Google pode estar afetando o modo como a memória humana funciona, Carr sente-se como se já soubesse disso. Do estado do Colorado, ele falou a VEJA por telefone e disse que seu livro mais recente, The Shallows, que trata dos efeitos da internet sobre o cérebro humano, deve ser lançado no Brasl neste ano. Quando quis saber o nome da editora brasileira, Carr deu uma resposta que vale a leitura da entrevista a seguir.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

G O O G L E_Como ele afeta o cérebro_3/3

Matéria dividida em 3 posts – dias 28, 30 de Novembro e 02 de Dezembro

Por Alexandre Salvador e Filipe Vilicic

Com reportagem de Carolina Melo

Revista Veja - Edição 2226, págs.86 a 91, de 20.07.2011

A pesquisa de Sparrow levanta entre muitos cientistas e educadores o temor de que estejamos nos transformando em terminais de informações, e não em agentes capazes de processar conhecimento por meio da memória e do raciocínio. A neurocientista Maryanne Wolf, diretora do Centro de Pesquisas de Leitura e Linguagem da Universidade Tufts, de Boston, trabalha com o desenvolvimento da leitura em crianças. Segundo ela, o cérebro é capaz de se adaptar de e formar sinapses entre os neurônios de acordo com o tipo de leitura que faz. Em seu livro Proust and the Squid: The Story and Science of the Reading Brain (Proust e a Lula: a História e Ciência do Cérebro que lê), Maryanne demonstra preocupação em como a leitura tem se desenvolvido. Ela diz:? “Livros sempre foram uma forma de se aventurar além das palavras, trabalhar a imaginação e crescer intelectualmente. Porém, na era da Internet, passou-se a ler rapidamente, sem análise nem crítica. Com consequência, o cérebro começou a ter dificuldades na hora de ler com concentração”; Na sua conclusão, os jovens estão desenvolvendo menos as conexões de seus neurônios.

Um estudo feito pela University College London mostrou que, mesmo no ambiente acadêmico, o estilo Google de assimilar conhecimento se disseminou. O estudo mapeou os hábitos dos usuários de dois sites com grande audiência entre universitários: o da British Library e o de uma associação de instituições de ensino inglesas. Os endereços dão acesso a e-books, artigos e pesquisas. O estudo mostrou que a maioria dos frequentadores dos sites acessava muitos itens do conteúdo, mas apenas uma ou duas páginas de cada um deles. O padrão era pular rapidamente de um artigo ou um livro para outro, o que constitui o que os pesquisadores chamaram de Power browsing - - em português, “navegação mecânica”. “As pesquisas mostram que nossa vida on-line é capaz de afetar a neuroquímica de nosso cérebro, disse a psicóloga americana Sherry Turkle, professora de estudos sociais e ciência da tecnologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Os céticos das de que a internet está mudando radicalmente o cérebro humano sustentam que a história está cheia de exemplos de novas tecnologias que foram recebidas com uma desconfiança que, posteriormente se mostrou infundada. Na Grécia antiga, Sócrates lamentou a popularização da escrita. Ele defendia a tese de que a substituição do conhecimento acumulado no cérebro pela palavra escrita tornaria a mente preguiçosa e prejudicaria a memória. O advento da imprensa de Gutenberg, no século XV, suscitou prognósticos de que a facilidade de acesso aos livros promoveria a preguiça intelectual. Pode ser que esses paralelos seja corretos e tranquilizadores. Tanto a escrita quanto a imprensa potencializaram a capacidade cognitiva humana, especialmente pela facilidade na troca de informações entre mais gente. Talvez a salvação de nossa orquestra cerebral nos tempos da internet venha pelo mesmo caminho: a intensa troca de conhecimento e experiências.