No extremo oeste da Amazônia brasileira, uma substância ainda mais destruidora do que o crack ganha espaço: o oxidado, ou “oxi”, como é chamado. Obtida pelo maceramento das folha da planta acrescidas de cal virgem e querosene, a mistura é uma das etapas anteriores à obtenção da cocaína. “O oxi, como parte do processo de refino, sempre existiu. A novidade é que, de alguns anos para cá, as pessoas começaram a fuma-lo”, explica o delegado Adriano Carrasco, chefe da delegacia de repressão aos entorpecentes de Rio Branco, no Acre. O oxi pode ser fumado puro, em cachimbos, ou misturado ao tabaco de cigarros. Custa 10 reais o grama e causa os mesmos efeitos e danos do crack. Ambos provocam o dobro da euforia propiciado pela cocaína. Como são vasoconstritores, seus principais efeitos colaterais são aumento da pressão arterial e alto risco de infarto e AVC. Quando o uso é prolongado por alguns meses, o cérebro sofre uma série de microinfartos que provocam perda da memória e diminuição da capacidade de concentração e de raciocínio. O que faz o oxi ser ainda mais perigoso que o crack é o fato de que, ao fumá-lo, o usuário está enviando querosene e cal virgem para o pulmão. A cal, de PH muito básico, produz graves queimaduras no órgão, e o querosene, por ser um solvente poderoso, pode levar, a longo prazo, à falência dos pulmões. Diz o psiquiatra Dartiu Xavier de Oliveira: “O efeito cáustico do oxi no pulmão é maior que o do crack, devido aos agentes tóxicos que a pasta-base contém. Além disso, como o princípio ativo se encontra presente em menor grau, a pessoa tende a fumar mais do que se fosse crack”. Aterrorizante.
Revista Veja n° 50 – edição 2195, ano 43, 15.12.2010, pág. 180.
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