quarta-feira, 27 de março de 2013

Hormônios_8/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012


NA FALTA DE SINTONIA

O desequilíbrio na produção dos hormônios (para mais ou para menos) está associado a uma série de problemas. Há aqueles casos, como os de câncer de próstata e de mama, nos quais os hormônios, ainda que em taxas normais, servem de combustível para a doença.
Fontes: Marcos Tambascia, endocrinologista da Unicamp e Cesar Boguszewski, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Diabetes tipo 1

O que é - Doença autoimune, caracteriza-se pela incapacidade do pâncreas de produzir insulina, o hormônio responsável por tirar a glicose da corrente sanguínea e levá-la para dentro das células, onde é transformada em energia. O diabetes tipo 1 costuma se manifestar na infância.
Sintomas - Excesso de fome e sede, desidratação e perda de peso
Tratamento - Injeções diárias de insulina

Diabetes tipo 2

O que é - A obesidade leva o pâncreas a diminuir a produção do hormônio insulina. Nos casos mais graves, o órgão para de sintetizar o hormônio. O diabetes tipo 2 responde por 90% de todos os casos da doença
Sintomas - Excesso de fome e sede, desidratação e alterações visuais
Tratamento - Muitas vezes, a adoção de hábitos saudáveis é capaz de controlar a doença. Em alguns acasos é preciso recorrer a antidiabéticos mais ou injeções de insulina

Hipotireoidismo

O que é - Associado ao envelhecimento, os distúrbio se manifesta quando a glândula tireoide diminui o ritmo de seu funcionamento. Com isso, há uma queda na produção do hormônio tiroxina, ou T4, envolvido no controle do metabolismo
Sintomas - Sonolência, ganho de peso, inchaço e depressão
Tratamento - Comprimidos de T4 devem ser tomados diariamente pelo resto da vida

Hipertireoidismo

O que é - Caracterizada pela produção excessiva do hormônio tiroxina (ou T4), em 90% dos casos em adultos, a doença está associada a tumores benignos. Nos jovens, a principal causa é uma doença autoimune, conhecida como Graves
Sintomas - Agitação, excesso de transpiração, aumento do batimento cardíaco e perda rápida de peso, uma vez que o T4 regula o metabolismo
Tratamento - Pode ser medicamentoso, com antitireodianos, cirurgia para a remoção da glândula tireoide ou terapia à base de iodo radioativo

Distúrbio do crescimento

O que é - Ocorre quando não há produção suficiente de GH pela hipófise e a criança apresenta atraso no crescimento. Em geral, o problema é diagnosticado a partir dos 2 anos. Na maioria dos casos, a causa do distúrbio é desconhecida, mas ele pode ocorrer por tumores preexistentes ou em consequência de tratamento médico, como a radioterapia. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais eficaz é o tratamento.
Sintoma - Baixa estatura
Tratamento - Injeções diárias de GH até que se alcance a altura ideal para a idade

Ovários policísticos

O que é - A doença é deflagrada pelo desequilíbrio entre aos hormônios sexuais. Há excesso de estrógeno, redução de progesterona e pode ocorrer aumento de testosterona. Como os hormônios femininos participam do controle de gorduras no sangue, a portadora da doença pode apresentar colesterol alto
Sintomas - Alterações menstruais, aumento de pelos no rosto e dificuldade para engravidar
Tratamento - Administração de anticoncepcional, ou de indutores de ovulação para quem deseja engravidar

segunda-feira, 25 de março de 2013

Hormônios_7/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012

SACIEDADE

Leptina – Ao contrário da grelina, a leptina é o hormônio do comedimento alimentar.Produzida pelas células de gordura, ela ativa as regiões cerebrais da sociedade. Por mecanismos ainda não completamente desvendados pela ciência, os obesos não respondem à ação da leptina. Um dos estudos mais fascinantes sobre o hormônio foi conduzido por pesquisadores da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos: pessoas com baixos níveis do hormônio têm uma predileção especial por doces.

SONO

Melatonina – Secretado na ausência de luz solar, a melatonina é o hormônio do sono. Ela faz com que o organismo passe a funcionar em ritmo mais lento, sem o qual o repouso noturno é inviável. Vários trabalhos científicos já relacionaram a baixa produção de melatonina a alterações de humor e comportamento agressivo.

PAZ E AMOR

Oxitocina – É um dos poucos hormônios produzidos no cérebro. Por isso, é também uma das substâncias que mais impactam o comportamento humano. Ela é o hormônio da paz e do amor. Até a década de 80, a oxitocina estava associada a dois processos fisiológicos envolvidos na maternidade: as contrações uterinas no momento do parto e a liberação de leite na amamentação. Hoje já se sabe que o hormônio ativa as regiões cerebrais relacionadas a sensações de autoconfiança, vínculos de afeto e relaxamento.

TPM

Progesterona – Se há um culpado pelas crises mensal de choro, mau humor e irritabilidade de uma mulher em TPM, ele é a progesterona. O hormônio atinge seu ápice no fim do ciclo menstrual. É a lógica evolucionista: a mulher se torna irascível de modo que os homens se afastem e ela possa se dedicar à gestação. Progesterona vem do latim pro gestare, a favor da gestação.

VIGOR MASCULINO

Testosterona – Produzida em quantidades trinta vezes maiores nos homens, a testosterona é o hormônio que determina o desejo sexual e as características físicas do sexo masculino. Por isso, eles têm mais músculo, falam mais grosso, têm ossos mais fortes e são mais peludos. Em excesso, o hormônio deixa tanto os homens quanto as mulheres mais agressivos, desconfiados e egocêntricos. 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Hormônios_6/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012


Química e Comportamento

Além de regularem o bom funcionamento do organismo, os hormônios regem os mecanismos que determinam o comportamento humano.

STRESS

Cortisol Conhecido como o hormônio do stress, o cortisol tem um papel evolutivo importantíssimo. Diante de um perigo iminente, é ele que põe o indivíduo em estado de alerta. Não à toa é também o desencadeador da experiência física do ciúme – taquicardia, boca seca e estômago embrulhado. Em situações de segurança, as taxa de cortisol despencam – como quando se dorme ao lado do ser amado, conforme demonstrou um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

ALEGRIA E PRAZER

Dopamina – É o hormônio da felicidade e do prazer. A sensação deflagrada pela substância é tão intensa que, para evita um colapso, o organismo logo interrompe a sua produção. A dopamina participa do sistema de recompensa do cérebro, aquele que nos faz querer repetir uma experiência prazerosa. Não é de estranhar, portanto, que ela esteja envolvida no processo de estimulação e realização sexual. Uma comida saborosa eleva em até 50% as taxas do hormônio no cérebro.

CURVAS FEMININAS

Estrógeno – Feminino por excelência, o estrógeno é o responsável pelas formas curvilíneas das mulheres. Combustível para o desejo sexual, o hormônio atinge seu pico de produção no auge do período fértil da mulher, que ocorre no meio do ciclo menstrual –quando ela está mais apta a conceber, maior é a sua disposição para os encontros amorosos. Por isso, na menopausa, período em que quantidade de estrógeno circulante naturalmente cai, surgem alguns dos desconfortos associados à falta do hormônio: queda na libido, problemas de memória, depressão e ganho de peso, entre outros.

JUVENTUDE

GH – Sigla em inglês para hormônio do crescimento, o G é a substância da juventude. Está envolvido no processo de regeneraçãocelular de músculos, unha, pele e cabelos, estimula a formação óssea apeticipa da síntese de várias proteínas. No cérebro, ele é a chave que acende os circuitos da sensação de vitalidad e bem-estar. Aqquantidade da substância diponível no organismo varia de acordo com a idade. Sua p´roducção atinge o pico na adolescência e,p or volta dos 125 anos, começa a cair. Aos 16 anos, por exemplo, os níveis de Gh estão quatro vezes mais altos do que aos 60 anos. H é a substância da juventude. Está envolvido no processo de regeneração celular de músculos, unha, pele e cabelos, estimula a formação óssea e participa da síntese de várias proteínas. No cérebro, ele é a chave que acende os circuitos da sensação de vitalidade e bem-estar. A quantidade da substância disponível no organismo varia de acordo com a idade. Sua produção atinge o pico na adolescência e, por volta dos 25 anos, começa a cair. Aos 16 anos, por exemplo, os níveis de GH estão quatro vezes mais altos do que aos 60 anos.

FOME

Grelina – O hormônio da fome é secretado sobretudo quando o estômago está vazio. Ativando as regiões cerebrais associadas ao apetite. Vários estudos já demonstraram que alimentar-se de três em três horas reduz a produção de grelina e, consequentemente, diminui a sensação de fome. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Hormônios_5/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012

Graças aos progressos na área da biotecnologia, hoje é possível a fabricação de hormônios quimicamente idênticos aos produzidos naturalmente pelo organismo. “A reposição hormonal como a que é feita na menopausa, aplica-se a absolutamente todas as situações causadas pela falta de hormônio”, diz Marcos Tambascia, endocrinologista da Faculdade de Ciências Média da Universidade Estadual de Campinas. Um desafio ainda persiste: não basta que os hormônios sintéticos tenham a mesma estrutura química de seus equivalente naturais. É preciso fazer com que eles se submetam aos comandos do organismo como os originais. Por isso é tão complicado (mas não impossível) o tratamento , por exemplo, do diabetes. Em um organismo saudável, a insulina é liberada em doses precisas, que, ao longo de um único dia, variam muitas vezes em função de diferentes circunstâncias. A indústria farmacêutica tentou contornar o problema com a criação de insulina de longa e curta duração. Mas, apesar dos acertos, esses medicamentos ainda não conseguem acompanhar totalmente o ritmo natural do organismo. Como o mar de verdade, o de metáfora de Claude Bernard é vasto, fascinante e cheio de segredos ainda por desvendar. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Hormônios_4/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012


Chaves da vida, os hormônios têm uma complexidade de ação que fascina. Por vezes, é preciso que dois ou mais se aliem para cumprir uma mesma função. Para manter o equilíbrio hídrico do organismo, por exemplo, são necessários pelos menos quatro hormônios fabricados em locais diferentes. Um hormônio pode ainda servir para estimular a produção de outro. É o caso da grelina. Produzida pelo estômago com a função de abrir o apetite, na hipófise, ela tem a missão de ajudar na síntese de GH, o hormônio ligado ao crescimento. Um terceiro exemplo do intrincado funcionamento da tela hormonal é o fato de que, a depender da quantidade produzida, da sensibilidade do alvo atingido e do estímulo externo, um mesmo hormônio pode exercer funções completamente diferentes. 

É o que acontece com um dos mais intrigantes compostos produzidos pelo organismo, a oxitocina. Fabricada pelo hipotálamo e distribuída pela hipófise, ela auxilia a produção do hormônio insulina no pâncreas e participa do transporte do esperma nos testículos. É a oxitocina também a responsável pelas contrações uterinas no momento do parto e durante a relação sexual. Ela ainda está presente durante a amamentação, facilitando a liberação do leite materno. Por se um dos poucos hormônios produzidos diretamente no cérebro, a oxitocina é uma das substâncias que mais influenciam o comportamento humano. É ela que regula a intensidade dos vínculos afetivos, a autoconfiança e a sensação de relaxamento. A testosterona é outro hormônio curioso. Embora seja fabricada também pelo organismo feminino, ela é o hormônio masculino por excelência. Em ambos os sexos,a testosterona está envolvida na produção de ossos, massa muscular e oleosidade da pele. Ao agir no cérebro, estimula a libido. 

O fato de o sexo masculino produzir cerca de trinata vezes mais testosterona do que o feminino explica por que os homens são em geral mais fortes e mais peludos, têm a voz mais grossa e estão sempre pensando naquilo.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Hormônios_3/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012

A irisina pertence a um dos chamados circuitos hormonais paralelos. Ou seja, ela é produzida por um órgão fora do eixo hipotálamo-hipófise, da mesma forma que a insulina, sintetizada no pâncreas, e a leptina, nas células de gordura. Imagine os 200 hormônios organizados como numa orquestra. Os sistemas paralelos equivaleriam às orquestras de câmara, que, apesar de parecer funcionar de forma independente, tem de seguir o ritmo do conjunto. Nessa composição, o cargo de diretor artístico caberia ao hipotálamo, uma glândula minúscula localizada no miolo do cérebro. A regência dessa orquestra bioquímica, no entanto, seria a hipófise, glândula do tamanho de um grão de feijão encontrada na base do crânio. Descrita pela primeira vez no ano 150 pelo médico grego Claudio Galeno (129-216), a hipófise só foi definida como o maestro dos hormônios nos anos 1930, pelo endocrinologista americano Philip Edvard Smith (1884-1970). Entre os vários hormônios produzidos pela hipófise, seis estão envolvidos em 70% do funcionamento da máquina humana. Essa glândula é tão vital que, caso seja tomada por um tumor, perde suas funções gradativamente e de acordo com uma hierarquia bem definida. Nela, os hormônios menos importantes para a sobrevivência deixam de ser produzidos antes. As primeiras células a entrar em falência são as produtoras de GH, o hormônio do crescimento. “Se a reposição de GH não ocorre, o paciente pode levar uma vida péssima, com alterações graves de memória e perda de massa óssea e muscular, mas dificilmente morrerá por causa desse desfalque hormonal”, diz Malebrancha Berado Carneiro da Cunha Neto, neuroendocrinologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo. 

Nas escala de prioridade, o ACTH, em caso de comprometimento da hipófise, é um dos últimos que deixa de ser fabricados. Tal composto é o precursor do cortisol, o hormônio do stress. Entre as suas funções uma das mais importantes é manter a pressão arterial. Sem ele, o sangue deixa de circular adequadamente e, em consequência, os órgãos entram em falência. Não há vida sem cortisol. Além disso, do ponto de vista evolutivo, o hormônio tem um papel fundamental. Diante de um ameaça iminente, é ele que nos põe em posição de alerta– para enfrentar o perigo ou fugir dele. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Hormônios_2/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012


As descobertas sobre a irisina foram divulgadas pelas prestigiosas revistas científicas Nature e Cell. Os estudos conduzidos pelo médico Bruce Spiegelman, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, avaliaram o impacto da irisina em camundongos. Durante três semanas, as praticaram uma hora diária de atividade física sobre rodas (o equivalente a um exercício em esteira ergométrica), em ritmo de caminhada rápida. A partir do 21° dia (da décima semana no calendário humano), os animais produziram irisina em quantidade suficiente para ativar em determinadas células de gordura a termogênese, processo no qual ocorre a produção de calor. Ou seja, o que se mostra aqui é a que a irisina tem o podem de acelerar o metabolismo do tecido adiposo (em até cinquenta vezes) e, portanto, de fazer emagrecer.

De posse dessas informações, os pesquisadores desenvolveram em laboratório a versão sintética do hormônio. O composto foi então injetado em camundongos obesos e sedentários, alimentados à base de uma dieta hipercalórica, rica em gorduras. Ao cabo de dez dias, apesar da inatividade física e do excesso de comida gordurosa, os roedores perderam 2% do peso corporal – o que, entre homens e mulheres, equivale a uma redução de 4 quilos em seis meses. Nenhuma outra substância seja ela hormônio, alimento ou suplemento, é capaz de aumentar nesse grau (e de forma tão rápida) a velocidade de funcionamento do organismo .A As experiências com a irisina em humanos devem começar a partir de 2013. “Confirmados os resultados obtidos com as cobaias, estará deflagrada a maior revolução no tratamento da obesidade desde os tempos da descoberta dos anorexígenos, na década de 40”, diz o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. Trocando em miúdos, a irisina é a ginástica em cápsula – ou em gotas.

Depois de ser liberada pelas fibras musculares, a irisina chega às células de gordura, onde estimula a produção da enzima UCP1. A célula sofre então uma alteração em sua estrutura química e, em vez de estocar a gordura, passa a queimá-la, sob a forma de calor. As células transformadas pela irisina foram chamadas de células bege, já que, no processo de termogênese, absorvem mais ferro e, por isso , escurecem. A pesquisa publicada na revista Cell mostrou que as células bege possuem, em relação às células adiposas normais (as brancas), uma quantidade cerca de vinte vezes superior de mitocôndrias, as pequenas usinas de energia localizadas no interior dessas estruturas. Normalmente, a maioria dessas miniusinas se mantém desativada, e elas só entram em funcionamento sob a ação de hormônio – liberado pelo exercício físico. Suspenso o estímulo da ginástica, essas mitocôndrias são desativadas e a célula retoma seu comportamento original, de estocar energia na forma de gordura. Até o artigo na revista Cell descrever as células bege, acreditava-se que a irisina agia nas células marrons, encontradas sobretudo em recém-nascidos. Nas primeiras semanas de vida, quase um terço da gordura corporal dos bebês é formada pela gordura marrom, que, sob temperaturas baixas, produzem intenso calor. Em outras palavras, as células marrons fazem o mesmo que as bege, só que sem precisar da irisina. Elas são importantes para a adaptação do recém-nascido à temperatura fora do útero materno. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Hormônios_1/8


Eles comandam tudo, do Humor ao Emagrecimento

Por acelerar o metabolismo, a irisina vem sendo chamada de “ginástica em gotas”. Ela é o mais novo achado da intrincada e fascinante rede hormonal que rege nosso corpo e nossa mente

por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012

A existência humana é definida por um mar interior”. Com essa certeza, o médico francês Claude Bernard (1813-1878), considerado o pai da fisiologia, entrou para a história da medicina. O “mar interior” foi a metáfora usada para sintetizar o seu último (e maior) achado: o de que o organismo é controlado por “fluídos que circulam pelo corpo”. Até então, acreditava-se que as células trabalhavam em circuitos fechados, sem comunicação entre eles. A mudança de paradigma aconteceu em 1848, a partir de experimentos com cachorros. Ao analisar as entranhas dos animais, Bernard percebeu que substâncias produzidas no pâncreas e no fígado poderiam se encontradas também em órgãos distantes, como os intestinos. Foi dado ali, em um laboratório do Collège de France, em Paris, o primeiro passo para a descoberta dos intrincados mecanismos reguladores do mar interior que determinaram a existência humana – os hormônios.

Até agora, contam-se duas centenas de hormônio e, graças a eles, nossas células são abastecidas de energia, nosso coração bate, nossas artérias pulsam, temos fome e nos saciamos, dormimos, acordamos e nos emocionamos. Tão Poderosos são que, caso fossem agrupados, todos os hormônios circulantes em nosso organismo somariam apenas dez gotas. Ao longo do século XX, a compreensão sobre eles avançou extraordinariamente, mas as pesquisas estão em constante ebulição. Data apenas de um mês, por exemplo, a anúncio do detalhamento da ação da irisina, o hormônio produzido pelos músculos com ação nas células de gordura – ele próprio revelado no início do ano. A medida da importância desse achado é dada pelo endocrinologista Freddy Eliaschewitz, diretor do Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin): “Fazia pelo menos duas décadas que não se via uma novidade tão importante na área”.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quanto controle você tem sobre sua saúde e vida?


Dr. Joseph Mercola *
Traduzido por Fernando Trucco

Estas perguntas têm intrigado a muitos desde o começo dos tempos.

Na atualidade a ciência emergente da epigenética está oferecendo algumas respostas que colocam ao se alcance uma possibilidade de controle verdadeiro. 

Segundo alguns cientistas, a mudança do estado de sua saúde pode ser tão "simples" como mudar seus pensamentos e crenças. 

“Aquilo que muitas pessoas estão sendo levadas a acreditar, devido à ênfase excessiva nos genes, como fatores determinantes do comportamento humano, nada mais é que teoria e doutrina”, escreve Konstantin Eriksen1

“Muito pelo contrário, nossas decisões podem impactar nossas vidas e a dos outros... Nossas crenças podem mudar nossa biologia. Temos o poder de nos curar a nós mesmos, nossos sentimentos e melhorar o nosso equilíbrio emocional.”

A epigenética derruba o "Dogma Central"

Eriksen passa a discutir aquilo que é conhecido como o "Dogma Central" da biologia molecular, o qual afirma que a informação biológica é transferida sequencialmente e somente em uma direção: do DNA para o RNA e para as proteínas.

A dificuldade de aderir a este 'dogma central' é que ele nos leva a acreditar no determinismo absoluto, o que deixa a pessoa totalmente impotente para fazer qualquer coisa sobre a sua saúde, tudo é conduzido por seu código genético, aquele com o qual a pessoa nasceu. 

No entanto, os cientistas têm derrubado este dogma ao demonstrarem sua falsidade. Você realmente pode ter controle sobre como se expressam suas características genéticas, começando por como você pensa, se alimenta e até o meio ambiente que o cerca. 

Você deve se lembrar do Projeto do Genoma Humano2, que foi lançado em 1990 e concluído em 2003. O objetivo era mapear todos os genes humanos e suas interações, o que serviria de base para a cura de praticamente qualquer doença. Infelizmente, não apenas foi constatado que o corpo humano é constituído de muito menos genes do que se acreditava anteriormente, mas também foi descoberto que esses genes tinham um funcionamento diferente daquele previsto anteriormente. 

No artigo em destaque, Eriksen descreve as experiências de John Cairns, um biólogo molecular britânico, que em 1988 forneceu evidências convincentes de que nossas respostas ao meio ambiente determinam a expressão de nossos genes. Um pensamento radical, com certeza. Porém, desde então, e em várias ocasiões, tem sido provado que o mesmo está correto. 

Eriksen escreve3

"Cairns, trabalhando com bactérias cujos genes não lhes permitiam produzir lactose, a enzima necessária para digerir o açúcar do leite, colocou-as em placas de Petri, onde o único alimento disponível era lactose. Não obstante, para sua surpresa dentro de poucos dias, todas as placas petri tinham sido colonizadas pela bactéria e elas estavam comendo lactose. O DNA bacteriano tinha mudado em resposta ao seu ambiente. Este experimento foi replicado muitas vezes e eles não encontraram uma explicação melhor do que o fato óbvio: mesmo organismos primitivos podem evoluir conscientemente. 

Assim, a informação flui nos dois sentidos, desde o DNA para as proteínas e desde as proteínas para o DNA, contradizendo o "dogma central". Os genes podem ser ativados e desativados por sinais do meio ambiente. A consciência da célula está dentro da membrana da célula. Toda, e cada célula do nosso organismo, tem um tipo de consciência. Os genes mudam sua expressão de acordo com o que está acontecendo fora de nossas células e até mesmo fora de nosso organismo.

Suas emoções regulam sua expressão genética 

Como se a alteração na expressão dos genes em resposta aos fatores ambientais não fosse suficiente (no caso os nutrientes), outros pesquisadores demonstraram que este "ambiente" para o qual os genes respondem também inclui os pensamentos conscientes, as emoções e as crenças inconscientes do indivíduo. 

O biólogo celular Bruce Lipton, PhD., é uma das principais autoridades na questão de como as emoções podem regular a expressão genética, assunto que ele explica em profundidade em seus excelentes livros A Biologia da Crença e A Evolução Espontânea. 

A ciência tem de fato nos levado muito além da física newtoniana, a qual afirma que a vida se desenvolve em um universo mecânico. De acordo com esse conceito, o nosso organismo é apenas uma máquina biológica, pelo que, modificando partes dessa máquina, você pode modificar a sua saúde. Assim esta máquina biológica responde ou reage perante "coisas" físicas, como são os ‘ativos químicos’ de uma droga, por exemplo, e ajustando os medicamentos que afetam esta máquina, os médicos podem intervir no controle da saúde, ou melhor, da doença.

No entanto, com o advento da física quântica, os cientistas perceberam as insuficiências da física newtoniana, e mostraram que o reino do imaterial, do invisível (do metafísico), é realmente muito mais importante do que o reino material4

Na verdade, os pensamentos podem moldar o ambiente muito mais profundamente do que a matéria física! 

Segundo o Dr. Lipton, o verdadeiro segredo da vida não está no seu DNA, mas sim dentro dos mecanismos de sua membrana celular. 

Cada membrana celular tem receptores que captam vários sinais ambientais, e este mecanismo controla a "leitura" dos genes dentro de suas células. Suas células podem escolher ler ou não ler o código genético dependendo dos sinais recebidos do ambiente. Então, o fato de ter um "programa de câncer" no seu DNA não significa automaticamente que você está destinado a ter câncer. Longe disso. Esta informação genética nem sempre tem que ser expressada. 

Tudo isto significa que a composição genética não é determinante. Em vez disso, a leitura genética depende de quais genes estão “ligados” e quais estão “desligados”, fato que está principalmente determinado pelos pensamentos, pelas atitudes (incluso escolhas alimentares) e percepções! 

O maior problema com o mito de que seus genes controlam a sua vida é que você se torna uma vítima da sua hereditariedade. O fato que você não possa mudar seus genes, essencialmente significa que sua vida está pré-determinada e, portanto, você tem muito pouco controle sobre sua saúde. Com um pouco de sorte, a medicina moderna irá encontrar o gene responsável e será capaz de alterá-lo ou inventar alguma outra forma de droga que modifique a química do seu organismo, mas fora isso, você não tem muita chance...... A nova ciência, porém, revela que suas percepções controlam sua biologia, o que coloca você no assento do motorista, porque se você pode mudar sua percepção, você pode moldar e direcionar a leitura de sua própria genética. 

Esta nova ciência também revela que você é na verdade uma extensão do seu ambiente, o que inclui tudo, desde os seus pensamentos e crenças, até sua exposição às substâncias tóxicas e à luz solar, o exercício físico, e, claro, tudo aquilo que você decida pôr interna e externamente no seu organismo. Como o Dr. Lipton gosta de dizer, a nova biologia tira você da posição de vítima e o coloca como o mestre de sua própria saúde. 

Uma declaração suprema é a minha frase favoritas que diz: "Você pode tomar o controle de sua saúde." 

Como a nutrição altera a expressão genética  

Dois anos atrás, um estudo realizado pelo Instituto Linus Pauling da Universidade do Estado de Oregon (EUA), foi apresentado na convenção anual de Biologia Experimental. O estudo demonstrou como "a modificação das histonas" pode afetar a expressão de muitas doenças degenerativas, que variam de câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios de bipolaridade e até mesmo o próprio envelhecimento. 

De acordo com Rod Dashwood, professor de toxicologia ambiental e molecular e chefe do programa do câncer “Chemoprotection LPI”, citado em um comunicado de imprensa5

"Acreditamos que muitas doenças que têm expressão genética aberrante na sua raiz podem ser relacionadas com a forma como o DNA está empacotado, e as ações das enzimas, tais como as histona desacetilase ou HDACs. 

Muito recentemente, apenas 10 anos atrás, não se sabia quase nada sobre a desregulação da HDAC no câncer ou em outras doenças, mas agora é uma das áreas mais promissoras da investigação relativa à saúde.

Em suma, todos nós temos genes supressores tumorais, e esses genes são capazes de deter as células cancerosas em suas trilhas. Estes genes estão presentes em cada célula do seu organismo junto a proteínas chamadas histonas". "Como explica o Dr. Jean-Pierre Issa do Centro do Câncer MD Anderson Cancer Centerv, as histonas podem "abraçar" o DNA com tanta força que esta molécula fica "escondida do campo de vista da célula." Se um gene supressor de tumor fica oculto, não pode ser utilizado, e deste modo muita histona irá “desligar" estes supressores de câncer permitindo que as células cancerosas proliferem. 

Agora aqui é onde a epigenética entra: em certos alimentos como o brócolis e outros vegetais crucíferos, o alho e a cebola, existem substâncias que agem como inibidores de histona, que essencialmente bloqueiam a histona, permitindo que seus genes supressores tumorais sejam ativados para combater o câncer. Ao consumir habitualmente esses alimentos, você naturalmente estará dando suporte ao seu organismo no combate aos tumores. 

Alguns oncologistas alternativos também utilizam diretamente o mecanismo epigenético, como o Dr. Nicholas Gonzalez, que usa uma abordagem em três frentes para o tratamento do câncer, baseado-se principalmente em nutrição e desintoxicação, e o Dr.  Stanislaw Burzynski, que trata o câncer com uma abordagem focada nos genes. Seu tratamento utiliza peptídeos e aminoácidos não tóxicos, conhecidos como antineoplastons, que funcionam como interruptores genéticos que “ligam” seus genes supressores de tumores. 

Um estilo de vida saudável contribui para uma expressão genética saudável

Assim, a boa notícia é que você tem a oportunidade de controlar seus genes. 
Você pode alterá-los de forma regular, dependendo dos alimentos que ingere, do ar que você respira, e dos pensamentos que você permite ter/sentir. É o seu ambiente e o seu estilo de vida que determinam a sua tendência para expressar a saúde ou as doenças.

Esta é a nova percepção que está pronta para gerar no futuro grandes ações na prevenção de doenças - incluindo um dia – a educação das pessoas para que possam utilizar ferramentas epigenéticas no combate às doenças. Quando acontece uma doença, a solução, de acordo com a terapia epigenética, é simplesmente "lembrar" às células afetadas a sua função saudável (mudando as instruções ambientais) para que elas possam voltar a serem células normais em vez de células doentes. 

Você pode começar a fazer isso por si mesmo, muito antes de que apareça alguma doença. Ao levar uma vida saudável, com uma nutrição de alta qualidade, praticando o exercício, tendo uma exposição limitada às toxinas (dificultando a entrada e facilitando a saída), e favorecendo uma atitude mental positiva, você vai incentivar seus genes para que se expressem com um comportamento positivo na manutenção da saúde e na desativação da doença. 

Isto é tudo o que a medicina preventiva propõe. Não se trata de tomar qualquer nutriente em particular como um suplemento para corrigir uma "parte" específica do seu mecanismo biológico... Quanto mais as pessoas se tornarem comprometidas em abraçar esta verdade simples, todo o mundo se beneficiará de uma vida mais saudável. 

Também é importante ressaltar que os efeitos epigenéticos começam antes do nascimento. 

Pesquisas da epigenética realizadas a partir de 2009 mostraram que fetos de ratos que receberam uma nutrição deficiente no útero, se tornaram geneticamente preparados para um ambiente nutricional pobre. Como resultado desta adaptação genética, os ratos tendiam a ter um tamanho pequeno. Eles também estavam expostos a um maior risco para adquirir uma série de problemas de saúde ao longo de suas vidas, tais como diabetes, retardo no crescimento, doença cardiovascular, obesidade e atraso do desenvolvimento neurológico. 

Mais uma vez, ao invés de culpar às "predisposições" dos genes defeituosos, o fator FUNDAMENTAL é a nutrição, ou seja, o ambiente celular. 

Se você está pronto para decidir sobre suas escolhas alimentares, leia o meu plano de nutrição completo, ele vai lhe dar dicas e ferramentas sobre como estruturar uma alimentação saudável, lidar com o estresse, e levar um estilo de vida que irá dar sustentação a sua saúde epigenética6

Você também pode “ligar” e “desligar” seus genes mediante suas emoções. Muitos, se não a maioria das pessoas, carregam cicatrizes emocionais, traumas que podem prejudicar a saúde. Usando técnicas como a psicologia energética, você pode atingir a causa e corrigir o trauma e assim ajudar na regulagem da expressão genética. Minha técnica favorita para isso é a técnica da liberdade emocional (EFT, pelas siglas em inglês), mas há muitas outras. Escolha qualquer uma que você goste, e se você não sentir nenhum benefício, tente outra, até encontrar aquilo que funciona melhor para você. 
Por favor, lembre-se que "você pode tomar controle de sua saúde." 

Referências:

Texto original em inglês.
1. Wake Up World March 26, 2012
2. The Human Genome Project
3. Wake Up World March 26, 2012
4. Comentário Conceição Trucom: é só a ponta do iceberg...
5. 'Epigenetic' concepts offer new approach to degenerative disease, Eurekalert April 28, 2010
6. Epigenetic Therapy, NOVA, October 16, 2007

* Dr. Joseph M. Mercola (nascido em 1954) é um médico controverso que pratica em Illinois (EUA). Ele é o autor de vários livros, incluindo A Dieta sem cereais (com Alison Rose Levy), que condena o excesso de consumo de cereiais refinados e industrializados pelos americanos.

Fonte: Doce Limão

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tratamento de água_SABESP



As estações de tratamento de água (ETAs) da Sabesp funcionam como verdadeiras fábricas para produzir água potável. Das 213 estações: 28 abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, e as outras 185 fornecem água aos municípios do interior e litoral do Estado.

Atualmente, são tratados 105 mil litros de água por segundo. É um número bem expressivo, mas que ainda pode aumentar. Projetos de extensão e melhorias dos sistemas de abastecimento estão em andamento.

O processo convencional de tratamento de água é dividido em fases. Em cada uma delas existe um rígido controle de dosagem de produtos químicos e acompanhamento dos padrões de qualidade.

As etapas são:

marcador Pré-cloração – Primeiro, o cloro é adicionado assim que a água chega à estação. Isso facilita a retirada de matéria orgânica e metais.

marcador Pré-alcalinização – Depois do cloro, a água recebe cal ou soda, que servem para ajustar o pH* aos valores exigidos nas fases seguintes do tratamento.

*Fator pH –O índice pH refere-se à água ser um ácido, uma base, ou nenhum deles (neutra). Um pH de 7 é neutro; um pH abaixo de 7 é ácido e um pH acima de 7 é básico ou alcalino. Para o consumo humano, recomenda-se um pH entre 6,0 e 9,5.

marcador Coagulação – Nesta fase, é adicionado sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante, seguido de uma agitação violenta da água. Assim, as partículas de sujeira ficam eletricamente desestabilizadas e mais fáceis de agregar.

marcador Floculação – Após a coagulação, há uma mistura lenta da água, que serve para provocar a formação de flocos com as partículas.

marcador Decantação – Neste processo, a água passa por grandes tanques para separar os flocos de sujeira formados na etapa anterior.

marcador Filtração – Logo depois, a água atravessa tanques  formados por  pedras, areia e carvão antracito. Eles são responsáveis por reter a sujeira que restou da fase de decantação.

marcador Pós-alcalinização – Em seguida, é feita a correção final do pH da água, para evitar a corrosão ou incrustação das tubulações.

marcador Desinfecção – É feita uma última adição de cloro no líquido antes de sua saída da Estação de Tratamento. Ela garante que a água fornecida chegue isenta de bactérias e vírus até a casa do consumidor.

marcador Fluoretação – O flúor também é adicionado à agua. A substância ajuda a prevenir cáries.


Animação tratamento da água

Você sabia que...

A desinfecção da água com cloro é uma das técnicas mais antigas de tratamento?


Desde que passou a ser utilizada, houve queda no índice de mortalidade infantil e redução das doenças provocadas pela água contaminada.




Fonte: SABESP