sexta-feira, 15 de março de 2013

Hormônios_3/8


por Adriana Dias Lopes e Natália Cuminale – Revista Veja – 22.08.2012

A irisina pertence a um dos chamados circuitos hormonais paralelos. Ou seja, ela é produzida por um órgão fora do eixo hipotálamo-hipófise, da mesma forma que a insulina, sintetizada no pâncreas, e a leptina, nas células de gordura. Imagine os 200 hormônios organizados como numa orquestra. Os sistemas paralelos equivaleriam às orquestras de câmara, que, apesar de parecer funcionar de forma independente, tem de seguir o ritmo do conjunto. Nessa composição, o cargo de diretor artístico caberia ao hipotálamo, uma glândula minúscula localizada no miolo do cérebro. A regência dessa orquestra bioquímica, no entanto, seria a hipófise, glândula do tamanho de um grão de feijão encontrada na base do crânio. Descrita pela primeira vez no ano 150 pelo médico grego Claudio Galeno (129-216), a hipófise só foi definida como o maestro dos hormônios nos anos 1930, pelo endocrinologista americano Philip Edvard Smith (1884-1970). Entre os vários hormônios produzidos pela hipófise, seis estão envolvidos em 70% do funcionamento da máquina humana. Essa glândula é tão vital que, caso seja tomada por um tumor, perde suas funções gradativamente e de acordo com uma hierarquia bem definida. Nela, os hormônios menos importantes para a sobrevivência deixam de ser produzidos antes. As primeiras células a entrar em falência são as produtoras de GH, o hormônio do crescimento. “Se a reposição de GH não ocorre, o paciente pode levar uma vida péssima, com alterações graves de memória e perda de massa óssea e muscular, mas dificilmente morrerá por causa desse desfalque hormonal”, diz Malebrancha Berado Carneiro da Cunha Neto, neuroendocrinologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo. 

Nas escala de prioridade, o ACTH, em caso de comprometimento da hipófise, é um dos últimos que deixa de ser fabricados. Tal composto é o precursor do cortisol, o hormônio do stress. Entre as suas funções uma das mais importantes é manter a pressão arterial. Sem ele, o sangue deixa de circular adequadamente e, em consequência, os órgãos entram em falência. Não há vida sem cortisol. Além disso, do ponto de vista evolutivo, o hormônio tem um papel fundamental. Diante de um ameaça iminente, é ele que nos põe em posição de alerta– para enfrentar o perigo ou fugir dele. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário