segunda-feira, 23 de maio de 2011

Creatina ajuda a controlar glicemia em diabete tipo 2

Suplementação alimentar aliada a exercícios
físicos melhora a taxa de açúcar no sangue

26 de julho de 2010 | 14h46

Agência USP

SÃO PAULO - A suplementação alimentar de creatina - composto derivado de aminoácidos - aliada a exercícios físicos regulares melhora o controle glicêmico de pessoas com diabete tipo 2.

Pesquisas do Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP revelam que a creatina ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue, elevada em diabéticos. A segurança do composto também foi comprovada, pois não foram observadas alterações ou sobrecarga das funções renal e hepática nos participantes do estudo.

A diabete tipo 2 é caracterizada pela incapacidade das células absorverem glicose da corrente sanguínea, o que é explicado pela resistência do organismo à ação da insulina. As principais indicações médicas para o controle da doença são a prática de atividades físicas e o uso de hipoglicemiantes orais.

“Ambos ajudam a jogar o açúcar para dentro da célula, e a creatina pode ter um papel nessa função também”, afirma Bruno Gualano, professor do Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da EEFE e autor da pesquisa.

Os estudos constataram que a suplementação de creatina, juntamente com os exercícios físicos, é mais eficiente no tratamento da doença que os exercícios praticados isoladamente, e tão eficiente quanto à metformina - medicamento mais empregado no tratamento da diabete tipo 2.

Além disso, Gualano ressalta que a eficácia da creatina foi observada em conjunto às atividades, ou seja, apenas a suplementação de creatina, sem treinamento físico, poderia não resultar em benefícios.

A melhora observada se explica porque a creatina atuou no deslocamento, chamado de translocação, da proteína GLUT-4. “Ela fica dentro das células. Sua função é se deslocar do interior até a superfície, ‘pegar’ o açúcar que está fora, no sangue, e transferi-lo para dentro da célula”, explica Gualano.

Em diabéticos tipo 2, essa função não é realizada em níveis adequados. “A creatina atuou nesse aspecto, elevando a translocação de GLUT-4 a níveis similares aos observados em pessoas sem a doença”, completa.

Proibição

Até o fim de abril, suplementos alimentares de creatina tinham comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pois se alegava que seus possíveis efeitos nocivos não eram conhecidos. Porém, várias pesquisas científicas já comprovaram que o composto - produzido naturalmente pelo organismo - não é prejudicial à saúde se ingerido com moderação.

As pesquisas da EEFE constataram, mais uma vez, a segurança da creatina. Não houve nenhum tipo de prejuízo aos pacientes que ingeriram o composto, em doses de cinco gramas por dia, ao longo de três meses. Uma possível sobrecarga das funções renal e hepática também não foi observada.

“Um terço dos pacientes tinham doença renal crônica e, mesmo assim, não foram constatados problemas ou alterações. O mesmo vale em relação ao fígado”, aponta Gualano. Ele acrescenta: “A creatina tem um potencial terapêutico excepcional e pode ser essencial no tratamento de muitas doenças caracterizadas por perdas de força, massa muscular e óssea, cognição e sensibilidade à insulina".

O estudo foi orientado pelo professor Antonio Herbert Lancha Junior, do Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da EEFE.

Fonte: Estadão

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