Série com 3 matérias, que serão publicadas em Abril e Maio de 2011, divididas em partes.
Aqui a 3ª matéria, dividida em 3 partes: Diferentes sim, mas o que isso quer dizer?; que será publicada nos dias 16, 18, 20 de Maio.
por Lise Eliot
Professora adjunta de neurociências da Chicago Medical School da Universidade Rosalind Franklin e autora de Pink brain, blue brain – How small differences grow into troublesome gaps – And what we can do about it (Houghton Miffilin Harcourt, 2009)
Revista Mente e Cérebro
Ano XVII nº209 – Julho 2010
Estudos neurocientíficos mostraram que uma área cerebral responsável pela cognição social e pelo julgamento moral é proporcionalmente maior em “pessoas mais femininas”, independentemente de seu sexo biológico.
Natureza ou educação?
Em outras palavras, parece haver vínculo entre o tamanho dessa área e a percepção social, mas não se trata simples diferença de macho-fêmea. Na realidade, o tamanho do giro reto parece refletir a feminilidade de uma pessoa, mais do que o sexo biológico: mulheres “menos femininas” apresentam um GR correspondentemente menor, comparadas às “mais femininas”, e idem para os homens.
Essa descoberta de que a estrutura do cérebro se correlaciona tão bem, ou até melhor, com o “gênero psicológico” que com o sexo biológico deve ser levada em consideração quando comparamos cérebro de homens e mulheres. Sim, pois eles são psicologicamente diferentes, e os neurocientistas têm comprovado isso., Mas só porque a diferença é biológica, não quer dizer que seja programada. Os traços de gênero dos indivíduos – suas preferências por roupas femininas ou masculinas, carreiras, hobbies e estilos interpessoais – são inevitavelmente moldados pelas criação e pelas experiências, o que não acontece com o sexo biológico. Da mesma forma, os cérebros que produzem os comportamentos masculinos ou femininos devem ser influenciados – pelo menos em algum grau – pela soma das experiências de cada um como meninos ou meninas.
Assim, cada vez que os cientistas relatam uma diferença entre cérebros segundo o sexo, cabe o questionamento “natureza ou criação?”. Afinal, o GR maior das mulheres é a causa de sua sensibilidade social ou conseqüência de uma prática de busca por percepções e respostas empáticas? Wood e seus colegas fazem parte dos poucos neurocientistas que analisam as diferenças entre o cérebro masculino e o feminino e sua relação com “tipo de gênero”, em vez de se basear estritamente no sexo biológico. Suas descobertas não provam que o aprendizado sustenta diferenças entre os cérebros masculino e feminino. E desafiam a ideia de que essas discrepâncias são simplesmente um produto do cromossomo Y. Ou X.
Para conhecer mais:
Meninos e meninas. David Dobbs. Especial Mente&Cérebro nº 10, pgs 56-61.
Arquitetura da diversidade. Larry Cahill. Especial Mente&Cérebro nº 10, pgs 42-49.
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