por Alexandre Gonçalves / Mariana
Lenharo / Jornal da Tarde
Um estudo científico brasileiro
mostrou que a ioga traz benefícios cognitivos e afetivos palpáveis
para que a pratica.
O trabalho conduzido por pesquisadores
do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRB), preenche uma lacuna nos estudos sobre o impacto
neuropsicológico do yoga. A maioria carece de controles adequados
que garantam o rigor ou a aplicação universal dos resultados.
Diferentemente do que ocorreu nas
outras pesquisas, desta vez os pesquisadores escolheram voluntários
saudáveis que não praticavam ioga. Eles foram recrutados no
Batalhão Visconde de Taunay, do Exército, em Natal (RN).
Os cientistas conseguiram autorização
do coronel Odilon Mazzine Junior para realizar uma atividade atípica
para o grupo de 17 soldados que participaram do estudo: ao longo de
um semestre, eles praticaram uma hora de yoga, duas vezes por semana.
Outros 19 militares não participavam
das aulas e serviram como grupo de controle. Isso é importante para
que os resultados do grupo que praticou ioga possam ser comparados.
A bióloga Regina Helena da Silva,
coordenadora do estudo, pratica ioga há cerca de uma década, mas
nunca tinha colocado o exercício sob a lente da psicobiologia, sua
área de pesquisa.
Animou-se, no entanto, quando o também
biólogo Kliger Kissinger Fernandes Rocha pediu que ela o orientasse
no doutorado. Rocha é professor de yoga e reconhecia as limitações
dos estudos sobre o tema. Por isso, sugeriu abordá-lo em uma tese. O
trabalho, publicado na revista científica Consciousness and
Cognition, é fruto desse interesse.
Os militares foram avaliados no início
e no fim do estudo. Foram aplicados testes de memória e formulários
para averiguar o nível de estresse e outras condições
psicológicas, bem como testes fisiológicos.
“Notamos uma melhora de 20% na
memória de longo prazo nos militares que praticaram yoga”, afirma
Rocha. “É um porcentual que indica um considerável ganho
cognitivo”.
Ele recorda que também houve uma
diminuição no nível de estresse. “O cortisol (hormônio
associado ao problema) presente na saliva diminuiu 50% no grupo da
ioga”, recorda o pesquisador, que aos 14 anos recebeu indicação
médica para praticar ioga com a finalidade de atenuar as raízes
psicológicos de uma gastrite nervosa.
Como não houve alterações
significativas no grupo de controle, os pesquisadores descartaram a
atribuição da melhoria aos exercícios físicos. Isso porque o
grupo de controle realizava até mais exercícios do que o que se
dedicou à prática do yoga.
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