segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ciência desvenda sensibilidade olfativa dos cegos

Por Luciana Christante

Ao contrário do que se acredita, deficientes visuais não têm o olfato mais apurado que as pessoas que enxergam. Isso é o que mostra um estudo feito na Universidade de Montreal, no Canadá. Segundo os autores, a diferença é que os cegos prestam mais atenção aos odores presentes no ambiente do que as outras pessoas. A pesquisa avaliou a capacidade olfativa de 25 voluntários, dos quais 11 eram cegos desde o nascimento. A primeira bateria de testes foi realizada com um olfatômetro para detectar o limiar de sensibilidade olfativa, isto é, a menor concentração do odor no ar que os participantes são capazes de reconhecer. Os resultados mostram que não houve discrepância entre resultados obtidos nos testes com cegos e videntes.

A diferença entre os dois grupos apareceu na segunda etapa do experimento, quando os pesquisadores usaram técnicas de imageamento cerebral para identificar quais áreas do cérebro eram ativadas em resposta à exposição aos odores. Observou-se maior atividade no córtex olfatório dos deficientes, mas, paradoxalmente, também o córtex visual destes se mostrou ativo. Para o coordenador do estudo, Maurice Ptito, os dados indicam que a área visual do cérebro dos cegos passou por uma reorganização, o que talvez favoreça a atenção que eles dedicam aos estímulos olfativos, coisa que as pessoas que enxergam, distraídas por outras sensações, não fazem.

Revista Mente & Cérebro n° 210, de julho/2010 – pág. 19

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