Dores de cabeça estão associadas a problemas de concentração
Mais de 60 milhões de brasileiros sofrem de dores de cabeça com frequência – cerca de 2 milhões deles são crianças ou adolescentes, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe). Um dos tipos mais comuns da dor, a enxaqueca – sensação de pressão no crânio acompanhada de náuseas e de aversão à luz e ao barulho –, considerada por muitos uma “doença de adultos”, pode prejudicar o desempenho escolar e interferir no diagnóstico de transtornos de aprendizagem, como mostra um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) concluído em novembro do ano passado.
A neurologista Thaís Villa e a psicóloga Andrea Moutran, do Setor de Investigação e Tratamento das Cefaleias (SITC), avaliaram as funções cognitivas, como capacidade de concentração e de memorização, de 60 crianças de 8 a 12 anos, metade delas diagnosticada com enxaqueca. Por meio de testes aplicados individualmente, ao longo de dois anos e a cada dois meses, as pesquisadoras constataram que as que tinham crises de cefaleia se revelaram mais dispersas e com dificuldade de processar e reter informações.
Na infância, as crises de enxaqueca se manifestam em episódios curtos, de cerca de duas horas. Elas costumam aparecer por volta dos 5 anos e não raro são motivo de faltas à escola. “O que não significa que as dores persistirão ao longo da vida – elas desaparecem espontaneamente até o final da adolescência em mais de 40% dos casos”, diz Thaís. Os resultados mostram que o diagnóstico de transtornos de aprendizagem deve levar em conta se a criança sofre de enxaqueca ou de outro tipo de cefaleia, o que pode direcionar as intervenções.
Fonte: Revista Mente & Cérebro
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