Por Alberto Oliveira
Revista Mente & Cérebro n° 228, janeiro/2012, págs. 52 a 55
Mas seus efeitos não estão apenas na forma de agir. Em estudo recente, duas pesquisadoras da Califórnia, Tracey Kahan e Patrícia Simone, analisaram a prática da meditação e constataram seu extraordinário potencial de modificar o funcionamento do cérebro e da mente. Hoje é consenso que a capacidade metacognitiva (de refletir sobre os próprios pensamentos) é fundamental para o autoconhecimento, a regulação emotiva e o planejamento a longo prazo. Segundo Tracey e Patrícia, as práticas meditativas potencializam a atenção seletiva, que é a base do processo metacognitivo para decidir em quais percepções, sentimentos e idéias devemos prestar atenção e quais seria melhor ignorar. Em linhas gerais, podemos considerar que a meditação nos permite atingir um estado de consciência voltada para o presente.
Também existem técnicas nas quais a concentração em sensações corporais ou na visualização de imagens levam a sensações de transcendência. Na tradição das religiões orientais, a repetição de mantras permite que o praticante atinja o autoconhecimento e uma espécie de plenitude estática. Outras técnicas, entretanto, se colocam fora da tradição místico-religiosa e priorizam favorecer a concentração. A proposta é que a pessoa direcione sua atenção para um objetivo particular e que isso perdure por algum tempo. Segundo pesquisadores, nessas duas formas de meditação é possível observar alterações cerebrais através do uso de técnicas de neuroimagem.
Na meditação transcendental são ativadas principalmente as áreas do córtex temporal e parietal que, do ponto de vista eletroencefalográfico, se voltam para o ritmo alfa, típico do relaxamento , e teta, comum nas crianças e nos jovens mas reduzido nos adultos. Na meditação focalizada em sons ou imagens são acessados o córtex pré-frontal e o occipital, respectivamente implicados nos processos cognitivos e de atenção e na atenção polarizada no alvo visual. A ativação seletiva do córtex pré-frontal se verifica quando os meditadores experientes se concentram na própria respiração, ou seja, nas sensações provocadas pelo ar que flui pelas narinas.
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