Quarta postagem da série com 4 postagens, publicada na Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 213, de outubro/2010, por Birgit Spinath - Professora de psicopedagogia da Universidade de Heidelberg-Alemanha.
Afinal, quem ou o que é responsávl tanto pelos acontecimentos bons quanto ruins em nossa vida? Quando respondemos a essa questão, estamos fazendo uma "atribuição" - conferimos uma razão aos fatos estabelecendo relações de causa e efeito. Segundo o psicólogo Martins Seligman, da Universidade da Pensilvânia, Filadélfia, toda pessoa possui um estilo de atribuição com o qual explica preferencialmente os eventos de sua vida, que inclui três dimensões: os motivos para um acontecimento podem estar dentro ou fora da própria pessoa (interno versus externo); eles podem ser duradouros ou passageiros (estável versus instável); e eles podem se aplicar a várias situações ou a apenas uma única (global versus específico).
O estilo de atribuição já foi muitas vezes associado à saúde mental: as pessoas psiquicamente saudáveis tendem a considerar eventos positivos de forma internalizada, estável e global ("Nem sempre acerto, mas sou inteligente"); no caso de acontecimentos negativos, valorizam aspectos externos, instáveis e específicos ("Desta vez eu dei azar, mas isso não vai, necessariamente, acontecer sempre.") Pessoas depressivas frequentemente apresentam o padrão inverso: consideram-se sempre responsáveis pelos fracassos e explicam sus próprias realizações pela sorte. Evidentemente, não se trata de negar a realidade ou subestimar aspectos concretos ou subjetivos: realmente há fatores que escapam à compreensão racional e posturs psíquicas (ou mesmo dificuldades) que sabotam boas intenções. Mas analisar cada situação, sem tentar encaixá-la em "modelos prontos" - sempre sorte ou sempre incompetência - nos torna menos onipotentes e mais tolerantes com nossos erros e acertos.
De olho na trapaça
Alguns especialistas se perguntam, entretanto, se as pessoas com síndrome do impostor realmente fingem ser mais do que são - o que, em parte, justificaria seu sentimento de estar enganando as pessoas. O psicólogo Joseph Ferrarri, da Universidade DePaul, investigou essa questão e constatou que os impostores imaginários tendiam menos a cometer atos fraudulentos do que as pessoas do grupo de controle que não se consideravam trapaceiras.