Quarta postagem da série com 6 postagens sobre o Alzheimer, publicadas Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 1, de maio/2010, por Michael S. Wolfe.
Como a beta-secretase se encaixa nessa família, os pesquisadores puderam tirar proveito do amplo conhecimento que se tem sobre essas proteases, chegando a uma compreensão de como silenciá-la. Sua estrutura tridimensional, que já era conhecida, foi utilizada como parâmetro na realização de um projeto computadorizado com o objetivo de produzir potenciais drogas inibidoras. Estudos genéticos sugerem que bloquear a atividadade da enzima não levará a efeitos colaterais prejudiciais; o desligamento do gene codificador da beta-secretase eliminou a formação de A-beta no cérebro de roedores sem trazer nenhuma consequência negativa aparente.
Até o momento, porém, tais inibidores ainda não foram utilizados em testes clínicos. O maior desafio é desenvolver compostos potentes pequenos o suficiente para penetrar o cérebro. Diferentemente dos vasos sanguíneos em outras partes do corpo humano, os capilaress cerebrais são forrados de células endoteliais bem comprimidas. Como há pouco espaço entre as células, os inibidores de protease têm de ser capazes de passar pelas mebranas celulares para chegar aos tecidos cerebrais posteriores, e a maioria das grande moléculas não consegue ultrapassar essa barreira hematoencefálica.
Doses altas de inibidores de gama-secretase provocam efeitos tóxicos severos em camundongos em virtude da interrupção do sinal da Notch, o que gerou receio quanto a esse potencial tratamento. Contudo, uma droga candidata desenvolvida pelo fabricante farmacêutico Eli Lilly passou pelos testes de segurança em voluntários. Esta substância, em breve, será testada em pacientes com a forma precoce da doença de Alzheimer. Além disso, pesquisadores identificaram moléculas que ajustam a gama-secretase de modo que a produção de A-beta seja bloqueada sem afetar a clivagem da Notch. Tais moléculas não interagem com os ácidos aspárticos; eles se atam a outro ponto da enzima e alteram sua forma.
Alguns inibidores conseguem até reduzir a criação da versão de A-beta mais propensa a se agregar em favor de um peptídeo mais curto, que não se cristaliza tão facilmente. Uma dessas drogas, Flurizan, identificada por uma equipe de pesquisadores liderados por Edward Koo, da Universidade da Califórnia, em San Diego, e Todd Golde, da Clínica Mayo, ostrou-se consideravelmente promissora em pacientes nos estágios iniciais de Alzheimer e já está sendo submetida a testes clínicos em humanos, em um projeto que incluirá mais de mil pacientes nos Estados Unidos.
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