quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Síndrome do Impostor_3/4

Terceira postagem da série com 4 postagens, publicada na Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 213, de outubro/2010, por Birgit Spinath - Professora de psicopedagogia da Universidade de Heidelberg-Alemanha.



No caso do undergoing, ocorre inicialmente o contrário: as pessoas se preparam pouco ou tarde demais para uma situação de avaliação e, em vez disso, se ocupam de outras coisas. O psicólogo social Edward Jones (1717-1993) denominou esse comportamento como "self-handicapping" , referindo-se àqueles que colocam pedras no próprio caminho na medida em que pouco se esforçam ou rejeitam ajuda ofertada, protegendo-se, no caso de insucesso, de ter de atribuir o fracasso a si mesmo. E assim cultivam a crença de que teriam conseguido se realmente quisessem. Dessa forma, porém, sabotam o próprio desempenho.

Se, no entanto, a pessoa com a síndrome do impostor soluciona bem uma tarefa, apesar de ter criado obstáculos para si mesma, mesmo assim raramente atribui o sucesso a sua própria capacidade, mas à sorte. Por isso, os afetados que utilizam a estratégia do
undergoing também são bastante inseguros quanto ao próprio futuro.

Como é possível romper o ciclo do pensamento daqueles que sofrem de síndrome do impostor? Pauline Clance, que estudou o fenômeno acredita que um ponto de partida central seja aprender a atribuir os sucessos à própria capacidade quando isso é justo. Ainda que no início pareça estranho, trata-se de suportar o sucesso - e arcar com as responsabilidades que advém dele. Por exemplo, se a pessoa recebe uma promoção no trabalho terá de se havr com mais tarefas, cobranças e necessidade de tomar decisões nem sempre confortáveis. Aceitar as próprias vitórias ajuda a lidar com efentuais frustrações, sem cultivar a ideia de que um eventual fracasso colocará absolutamente tudo a perder. Trata-se, na verdade, de compreender que temos capacidades e podemos, sim, eventualmente, errar - sem que isso seja irreparável. Também vale a pena rever a explicação "eu só tive sucesso porque me esforcei muito" - comumente bastante aceita. É fundamental aprender a adequar a quantidade de trabalho e os investimentos necessários em cada situação. Considerando o outro lado dessa moeda, pode parecer muito cômodo explicar insucessos com causas que podem ser facilmente modificadas - como o pouco esforço ou a estratégia de estudos inadequada. O problema é que, agindo assim, a pessoa nunca saberá, de fato, o que pode obter.

Um caminho possível para reverter essa forma de lidar consigo mesmo e com os desafios é fortalecer a autoestima, o que ao mesmo tempo diminui o medo e a tendência à invalidação de si. Exercícios práticos para aprender a reconhecer - e valorizar - realizações pessoais, como fazer listas dos próprios pontos fortes e rever situações em que a pessoa teve sucesso, destacando as qualidades que a favoreceram em cada ocasião, podem ser muito úteis. Mas o acompanhamento psicoterápico, que favoreça a elaboração de conflitos antigos que alicerçam as crenças equivocadas sobre si mesmo, é fundamental para rever posturas e formas prejudiciais de lidar consigo mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário