Quinta postagem da série com 8 postagens, publicada na Revista Mente & Cérebro, edição especial n° 214, de novembro/2010, por Christof Uhlhass.
Segundo Stanislas Dehaene, pode ser que elaboremos o estímulo subliminar em nível semântico. Seria um resultado fascinante: o estímulo óptico é reconhecido como palavra, a faixa de letras é decifrada e a representação da palavra é lembrada pelo cérebro. Tudo isso acontece sem nos darmos conta.
De acordo com Nakamura, o efeito priming subliminar passa de uma modalidade sensorial a outra. Mesmo se a palavra fosse inserida sob a forma escrita por 3 centésismos de segundo e a tarefa sucessiva de reconhecimento verbal consistisse na sua pronúncia, a faixa de letras inserida de forma subliminar diminuía o tempo de reação das pessoas. Dehaene deduz que percebemos os estímulos de maneira consciente quando produzem uma "reverberação" distribuída e duradoura no cérebro. Portanto, não apenas o tempo do estímulo é determinante, mas também os processos cognitivos superiores: por exemplo, a tarefa em que a pessoa está envolvida naquele momento ou na qual deve se concentrar.
Mas a questão científica ainda está aberta. Os céticos refutam a ideia de que possamos ler palavras em um nível inferior ao patamar da consciência. É provável que as faixas com poucas letras tenham sido "arquivadas" no cérebro como figura completa e criado efeitos priming. Em 2000, o psicólogo Richard Abrams, da Universidade de Washington, encontrou alguns indícios disso. Inicialmente, permitiu que os indivíduos determinassem o conteúdo emotivo dos termos: a palavra smile (sorriso), por exemplo, tinha efeito positivo, enquanto smut (sujeira) assumia conotação negativa. Após a experiência de priming, Abrams confirmou que uma palavra subliminar de cunho negativo provocava reações mais rápidas nos indivíduos quando se davam conta conscientemente de uma palavra que tinha o mesmo significado.
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