Matéria dividida em 3 posts – em 05, 07 e 09 de Dezembro.
Da revista VEJA – edição 2226, págs. 90/91, de 20.07.2011
O senhor acha que a internet está mudando nosso modo de pensar?
Sem dúvida. A internet estimula certos modos de pensar e desestimula outros. O pensamento atento, focado, concentrado é algo que ela claramente desencoraja. A internet estimula o usuário a folhear, passar os olhos, não a mergulhar com profundidade. Com a rede, nosso conhecimento está mais amplo, mas mais superficial.
Ao mudar seus hábitos on-line, o senhor conseguiu recuperar a concentração necessária para ler um livro como Guerra e Paz?
Consigo ler, mas é mais difícil do que antes. Tenho de fazer um esforço. Posso sentir minha cabeça resistindo contra ficar focada num conjunto de páginas por determinado período. Acho que, ao usar tanto meu computador para navegar na rede, acabei treinando meu cérebro para se distrair, mudar o foco, dividir a atenção rapidamente. Para ler um livro, tenho de combater esse novo instinto.
Seu artigo publicado na revista The Atlantic indagava se o Google estava nos tornando idiotas. O senhor chegou a uma resposta?
Escrevi o artigo, mas o título quem deu foi um editor da revista. Eu não usaria a palavra “idiotas”. No fim das contas, acho que o Google, ou a internet de modo mais geral, está nos tornando superficiais como pensadores. Trato disso no meu último livro. Em algum momento deste ano, deve ser publicado no Brasil, inclusive.
Qual a editora?
Pois é, estou conferindo no site do meu livro.
Ainda bem que a internet existe, não?
Mas acho que se eu estivesse sem acesso à internet eu conseguiria me lembrar. Está aqui. É Ediouro.
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