COMO O PREPARO PODE REDUZIR OS RISCOS DA CRIANÇA
Não resta dúvida de que os pais de hoje enfrentam problemas que os de antigamente não enfrentavam. Enquanto nos anos 60 a preocupação dos pais podia ser se o filho ia beber na noite da formatura, hoje passou a ser com a venda de cocaína nas escolas de segundo grau. Há pouco, os pais temiam a possibilidade de suas filhas adolescentes engravidarem. Atualmente, já na quinta série, estão falando de AIDS com os filhos.
Hoje não basta educar as crianças, dando-lhes uma boa formação escolar e incluindo-lhes sólidos princípios éticos. As famílias de hoje também precisam se preocupar com algumas questões mais básicas de sobrevivência. Como podemos imunizar as crianças contra a epidemia da violência que vem grassando entre a juventude? Como podemos convencê-los a adiar o início da atividade sexual até terem maturidade suficiente para fazer escolhas responsáveis e seguras? Como incutir-lhes uma dose suficiente de respeito próprio para que não abusem de drogas nem de álcool?
Uma criança que está sofrendo emocionalmente não deixa os problemas na porta da escola. Conseqüentemente, em todo o país, as escolas vêm acusando um aumento dramático de problemas de comportamento nesta última década. As escolas públicas – muitas já sem recursos devido a uma política antiimpostos – estão tendo que prestar um número cada vez maior de serviços sociais às crianças emocionalmente carentes.
PREPARAÇÃO EMOCIONAL COMO UM PASSO EVOLUTIVO
Muitos adultos não acham nada demais rir de uma criancinha irritada. Muitos pais bem intencionados ignoram os medos e preocupações dos filhos, como se isso não tivesse importância. “Não há nenhum motivo para você ter medo”, dizemos a uma criança de cinco anos que acorda de um pesadelo. “Então, você não viu o que eu vi”, deveria ser a resposta. Mas essa criança começa a aceitar a avaliação que o adulto faz da situação em que ela se encontra e aprende a duvidar do próprio julgamento. Com os adultos constantemente invalidando seus sentimentos, ela perde a confiança em si mesma.
Assim, herdamos uma tradição de fazer pouco dos sentimentos da criança, simplesmente porque ela é menor, menos racional, menos experiente e mais fraca que os adultos em volta dela. Levar a sério as emoções da criança exige empatia, capacidade de ouvir e vontade de ver as coisas pela ótica dela.
O psiquiatra Lloyd deMausse (ensaio de 1974) descreve que educar uma criança “tornou-se menos um processo de dominar a vontade da criança do que treiná-la, orientá-la para o caminho certo, ensinando-a a adaptar-se e socializando-a”.
Agora sabemos que a força do relacionamento do casal afeta o bem-estar dos filhos, e podemos ver o imenso potencial de um relacionamento onde há mais envolvimento dos pais com os filhos. E, finalmente, podemos documentar que, para que a criança possa desenvolver sua inteligência emocional, é fundamental os pais perceberem os próprios sentimentos.
Haim Ginott (psicólogo) escreveu entre os anos 50 e 60 que as afirmações de compreensão devem preceder os conselhos. Ele não encoraja os adultos a dizerem às crianças como devem sentir-se porque isso só faz que as crianças não confiem no que sentem. Ele diz que as emoções das crianças não desaparecem quando os educadores dizem “Não se sinta assim”.
Ao contrário de muitos educadores, Ginott não desaprova que a pessoa se irrite com a criança. Na verdade, ele acha que os adultos devem expressar honestamente sua irritação, desde que ela seja dirigida a um problema específico e não agrida a personalidade nem o caráter da criança.
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