PASSO Nº 2 – Reconhecendo a emoção como uma oportunidade de intimidade e orientação
Para muitos pais, ver nas emoções negativas da criança uma oportunidade de união e orientação é um alívio, um desafogo, um grande “ufa”. A cólera da criança deixa de ser um sinal de rebeldia. Seus medos deixam de apontar para a nossa incompetência enquanto pais. E sua tristeza deixa de ser simplesmente “mais uma coisa infernal que vou ter que resolver hoje”.
PASSO Nº 3 – Ouvindo com empatia e legitimando os sentimentos da criança
Quando começa a perceber oportunidades de se aproximar de seu filho e ensiná-lo a buscar soluções para os problemas, você está pronto para dar o passo talvez mais importante do processo de preparação emocional: ouvir com empatia.
Ouvintes dotados de empatia usam os olhos para detectar sinais físicos das emoções de seus filhos. Usam a imaginação para ver a situação da perspectiva da criança. Usam as palavras para traduzir, de forma tranqüilizadora e acrítica o que estão ouvindo e para ajudar a criança a nomear suas emoções. Mas o que é mais importante, usam o coração para sentir verdadeiramente o que a criança está sentindo.
Para entrar em sintonia com as emoções de seu filho, você precisa prestar atenção à linguagem corporal, às expressões faciais e aos gestos dele. Naturalmente você já conhece aquela testa franzida, aquela boca contraída, aquele sapateado. O que isso lhe diz sobre o que ele está sentindo? Preste atenção para que seu filho também possa ler sua linguagem corporal. Se o seu objetivo é falar de uma maneira descontraída e atenciosa, assuma uma postura que traduza isso. Sente-se ao mesmo nível que ele, respire fundo, relaxe e concentre-se. Sua atenção mostrará a seu filho que você o leva a sério e está disposto a perder algum tempo com os problemas dele.
PASSO Nº 4 – Nomear e verbalizar as emoções
Uma etapa difícil e extremamente importante no trabalho de preparação emocional é ajudar a criança a ir nomeando as emoções que vai sentindo. Pode-se usar uma série de rótulos para ajudar a criança a definir o seu problema como “tensa”, “preocupada”, “magoada”, “furiosa”, “triste” e com “medo”. Fornecer as palavras dessa maneira pode ajudar a criança a transformar um sentimento amorfo, assustador e incômodo em algo definível, enquadrado e que faz parte da vida. Raiva, tristeza e medo tornam-se experiências que todo mundo tem e com as quais todo mundo é capaz de lidar.
Nomear as emoções e demonstrar empatia são coisas que andam juntas. Um pai vê o filho chorando e diz: “Você está muito triste, não está?” Ora, não só o filho compreendeu como também tem uma palavra para descrever aquele sentimento intenso.
Estudos indicam que o ato de rotular as emoções pode ter um efeito calmante sobre o sistema nervoso, ajudando a criança a se recuperar mais rápido de incidentes desagradáveis. Embora não saibamos ao certo como se dá esse efeito calmante, a teoria diz que falar sobre uma emoção na hora em que a estamos sentindo ocupa o hemisfério esquerdo do cérebro, que é o centro da linguagem e da lógica. Isso, por sua vez, pode ajudar a criança a se concentrar e a se acalmar. Ensinar a criança a se acalmar traz enormes mudanças. A criança capaz de se acalmar sozinha desde cedo revela vários sinais de inteligência emocional: tem mais capacidade de concentração, relaciona-se melhor com os colegas, tem melhor desempenho acadêmico e é mais saudável.
Quanto maior a precisão com que a criança expressar seus sentimentos, melhor. Portanto, veja se pode ajudá-la a dizer exatamente como se sente. Se estiver irritada, por exemplo, ela pode também estar frustrada, furiosa, confusa, enciumada ou sentindo-se traída. Se estiver triste, pode estar sentindo-se magoada, abandonada, enciumada, vazia, deprimida.
PASSO Nº 5 – Impondo limites e ajudando a criança a encontrar soluções
Depois de ter perdido tempo ouvindo uma criança e ajudando-a a rotular e compreender o que sente, provavelmente você entrará naturalmente no processo de solucionar os problemas. Esse processo pode ter também cinco etapas: 1) Impor limites; 2) Identificar objetivos; 3) Procurar possíveis soluções; 4) Avaliar propostas de soluções baseadas nos valores de sua família; 5) Ajudar a criança a escolher uma solução.
Impor limites
É importante a criança entender que seus sentimentos não são o problema, seu mau comportamento é que é. Todos os sentimentos e todos os desejos são aceitáveis, mas nem todos os comportamentos o são. Portanto, tem-se que impor limites aos atos e não aos desejos.
Isso faz sentido quando você considera que não é fácil para a criança mudar como ela se sente diante de determinada situação. Sua tristeza, seu medo ou sua raiva não desaparecem apenas porque a mãe diz: “Pare de chorar”, ou “Você não deveria estar se sentindo assim”. Dizer a uma criança como ela deve sentir-se só a faz desconfiar do que ela sente, o que a deixa insegura e a faz perder a auto-estima. Por outro lado, se dizemos à criança que ela tem o direito de sentir – mas pode ser que haja formas mais adequadas de expressar o que sente – ela fica com o caráter e a auto-estima intactos. E fica sabendo que tem a seu lado um adulto compreensivo para ajudá-la a deixar de se sentir arrasada e encontrar uma solução.
Os pais devem estabelecer regras para os filhos baseados nos seus próprios valores, embora devam aceitar que a criança seja criança. Excesso de permissividade, por outro lado, é aceitar atos indesejáveis, tais como comportamento destrutivo. Deve-se evitar o excesso de permissividade por ser algo que “causa ansiedade e faz que, cada vez mais, a criança exija privilégios que não podem ser concedidos”.
Ao impor limites de comportamento, os pais devem informar a criança sobre as conseqüências da transgressão. Bater também ensina, por exemplo, que a agressão é um meio apropriado de conseguir o que se quer. Estudos mostram que as crianças que apanham têm mais tendência a bater nos colegas, especialmente nos menores e mais fracos. Bater também pode trazer conseqüência a longo prazo. Pesquisas indicam que as crianças tornam-se tanto mais agressivas quanto mais severamente tenham sido castigadas fisicamente. Na adolescência, têm mais probabilidade de ser violentas e tolerar a violência de seus relacionamentos. E, finalmente, as pessoas que recebem castigos físicos na infância têm menos propensão a cuidar dos pais idosos.
Identificar objetivos
Depois de ter ouvido a criança com empatia, rotulado sentimentos e definido o que ele não pode fazer, o próximo passo deve ser identificar objetivos associados à solução de problemas. Se não lhe parecer lógica esta ordem, você pode estar se apressando.
Procurar possíveis soluções
Trabalhe junto com a criança para fazê-la encontrar uma solução para o problema. As idéias dos pais podem ser uma bênção. Se você realmente quer que a criança seja a dona da solução, deve puxar por ela para que apresente idéias.
Avaliar propostas de soluções baseadas em seus valores familiares
Agora é a hora de analisar cada idéia apresentada, decidindo as que devem ser postas em prática e as que devem ser descartadas. Sugira que seu filho considere separadamente cada solução, fazendo as perguntas abaixo;
A solução é justa?
Vai dar certo?
É segura?
Como vou me sentir? Como os outros vão se sentir
Este exercício lhe dá mais uma oportunidade de explorar com a criança a necessidade de impor limites a certos comportamentos.
Ajudar a criança a escolher uma solução
Embora você queira estimular a criança a pensar por si mesma, esta também é a hora certa para dar suas opiniões e fornecer orientação. Neste ponto, não tenha medo de dizer a seu filho como lidou com problemas semelhantes quando era criança. O que a experiência lhe ensinou? Que erros você cometeu? Que decisões foram motivo de orgulho para você? Transmitir seus valores enquanto ajuda a criança a resolver problemas difíceis é muito mais eficaz do que simplesmente apresentar conceitos abstratos, sem qualquer relação com a vida da criança.
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