OS CINCO PASSOS
PASSO Nº 1: Percebendo as emoções da criança
As pessoas podem ser emocionalmente conscientes – e por conseguinte estar aptas para o trabalho de preparação emocional – sem ser muito expansivas, sem ter a sensação de estar se “descontrolando”. Ser emocionalmente consciente simplesmente significa a capacidade de reconhecer e identificar as próprias emoções e os próprios sentimentos e perceber emoções do outro.
COMO O MACHISMO PODE AFETAR A PERCEPÇÃO EMOCIONAL
O conforto que uma pessoa sente em expressar emoções, em parte, é influenciado por fatores culturais. Estudos multiculturais provaram que italianos ou latinos, por exemplo, costumam ser mais apaixonados e explosivos; que os japoneses ou escandinavos são mais inibidos e estóicos. Essas influências culturais, no entanto, não afetam a capacidade de sentir. O fato de não demonstrarem afeição, raiva ou tristeza não significa que as pessoas não tenham esses sentimentos. Nem significa que sejam incapazes de reconhecer as emoções do outro e reagir a elas. Sem dúvida nenhuma, pessoas de todos os meios culturais têm capacidade de perceber os sentimentos dos filhos.
QUANDO OS PAIS SENTEM-SE DESCONTROLADOS
Dar-se ao luxo de sentir também pode ser complicado para os pais que têm medo de se deixar descontrolar por emoções negativas como raiva, tristeza e medo. Pais desse tipo evitam sobretudo reconhecer a própria raiva para que as coisas não fujam de controle. Talvez receiem que os filhos se afastem deles ou que copiem seu estilo emocional, descontrolando-se também. Em geral, ainda receiam magoar física ou psicologicamente os filhos.
Os pais que se sentem descontrolados por alguma emoção, em geral apresentam uma ou mais das características abaixo:
São sujeitos àquele tipo de emoção (raiva, tristeza ou medo).
Acham que sentem essa emoção de forma excessivamente intensa.
Têm dificuldade de se acalmar após experimentar sentimentos intensos.
Ficam confusos e não sabem o que fazer quando se emocionam muito.
Odeiam o modo como se comportam quando estão emocionados.
Vivem se defendendo das emoções.
Quando reagem de forma neutra (com calma, compreensão, solidariedade) estão representando.
Acham que sensibilidade é uma coisa destrutiva e até imoral.
Acham que precisam de ajuda por causa daquela emoção.
Mães e pais com essas características às vezes têm tanto medo de se descontrolar que se tornam “superpais”, ocultando as emoções dos filhos. (Mas podem ter ataques de raiva com o cônjuge – que às vezes acontecem diante dos filhos). Tentando disfarçar a raiva, esses pais às vezes ignoram ou deixam passar oportunidades de se emocionar com os filhos. A ironia é que, escondendo o que sentem, esses pais podem estar criando filhos ainda com menos capacidade de lidar com as emoções negativas do que teriam se eles tivessem aprendido a deixar seus sentimentos se manifestarem de uma forma não abusiva. Por isso, os filhos crescem emocionalmente distantes dos pais.
E ficam carentes de exemplos para aprender como lidar de forma eficiente com as emoções negativas.
Se você sentir que corre o risco de magoar seriamente seu filho física ou psicologicamente, procure ajuda profissional.
Finalmente, os pais que temem descontrolar-se talvez devam lembrar-se do poder curativo do perdão. Todos os pais eventualmente cometem erros, perdendo a cabeça com os filhos, dizendo ou fazendo coisas de que depois se arrependem. A partir de quatro anos, a criança é capaz de entender o conceito de “perdão”. Então, não perca a oportunidade de voltar atrás e consertar uma situação quando sentir remorso.
Diga a seu filho o que sentia na hora do incidente e o que sentiu depois. Isso pode servir como um exemplo positivo para ele aprender a lidar com sentimentos de remorso e tristeza. Talvez seu filho até possa ajudá-lo a encontrar soluções que ajudarão vocês dois a evitar desentendimentos e conflitos futuros.
Embora o processo de conscientização da emotividade dure toda a vida, uma nova maneira de ver as coisas pode trazer resultados imediatos evidentes para os pais. Uma mãe que finalmente se permita sentir raiva está em muito melhor posição de admitir o mesmo sentimento no filho. Após reconhecer a própria tristeza, um pai está muito mais apto a ouvir a tristeza do filho ou da filha.
Entre os sinais de que a criança tem algum problema emocional, estão a fome exagerada, perda de apetite, pesadelos, queixas de dor de cabeça e dor de estômago. A criança que já está acostumada a usar o vaso sanitário pode voltar a urinar na cama.
Se desconfia que seu filho está triste, irritado ou com medo, é bom tentar colocar-se no lugar dele, ver o mundo da perspectiva dele.
Quando se comove por causa de seu filho, quando sabe que está sentindo o que ele está sentindo, você está tendo empatia, que é a base do trabalho de preparação emocional. Se é capaz de se emocionar junto com seu filho – mesmo que às vezes isso seja difícil ou incômodo – você pode dar o próximo passo, que é aproveitar os momentos carregados de emoção para ganhar a confiança de seu filho e orientá-lo.
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