Por
Manfred Hallschmid e Jan Born
Revista Mente e Cérebro nº 235 - pgs 41-45
Famintos e Preguiçosos
Em 2011, o bioquímico Peter Jones,
doutor em nutrição, e sua equipe a Universidade de Manitoba, em
Winnipeg, no Canadá, também procuraram entender se é mesmo verdade
que comemos mais quando dormimos pouco. Os especialistas em
alimentação acordaram os voluntários que participavam do teste
após quatro horas de sono, por cinco dias, enquanto o grupo de
controle repousava nove horas. Os cientistas documentaram em detalhes
os alimentos consumidos pelos participantes durante o café da mana.
Descobriram que aquém ainda sentia sono consumia em média 300
calorias a mais do que os indivíduos mais descansados – na
prática, a energia corespondente a meio tablete de chocolate. Além
disso, quem havia dormido pouco consumia cerca de 30% a mais de
gorduras saturadas, particularmente nocivas à saúde.
Além dos hábitos alimentares, também
a atividade física incide sobre o peso. Por isso, em 2009, na
Universidade de Lübeck, na Alemanha, registramos a intensidade da
atividade física de alguns voluntários depois de um sono noturno,
longo ou breve. Para isso, colocamos em seus pulsos equipamentos
chamados acelerômetros, que os participantes mantiveram por todo o
dia durante suas atividades cotidianas. Avaliando as medições foi
constatado que as pessoas com carência de sono se moviam menos e
muito mais lentamente do que as que haviam tido uma noite inteira
dedicada ao repouso. Isso demonstra que a falta de sono induz à
preguiça.
Mais: quando os participantes
submetidos ao teste ficavam de pé a noite toda, no dia seguinte,
emitiam menos calor corpóreo, indício de que após uma noite
insone, o organismo “prefere” manter para si as reservas
armazenando-as na gordura, em vez de queimá-las. Quando precisamos
de energia, parte dela é liberada sob a forma de calor e, se essa
“emissão” diminui,as calorias são depositadas principalmente em
nossos quadris. Por meio de um teste chamado calorimetria indireta,
medimos a termogênese ou seja, a produção de calor pelo corpo. Os
participantes respiram em um aparelho que registra a quantidade de
oxigênio que se transforma em anidrido carbônico. Usando uma
fórmula complexa calcularmos a quantidade de energia consumida.
Não sabemos ainda se o efeito se
manifesta também depois de uma carência prolongada de sono.
Entretanto, muitos estudos indicam que os pacientes com distúrbios
crônicos do sono consomem mais reservas durante a noite: é provável
que esse processo seja compensado no dia seguinte pelo organismo para
fazê-lo “reduzir a marcha”.
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