Por
Manfred Hallschmid e Jan Born
Revista
Mente e Cérebro nº 235 - pgs 41-45
Gasolina para Lembrar
No sono delta, é como se a necessidade
de açúcar fosse “redimensionada” em comparação ao estado de
vigília. O que indicou isso, entre outras coisas, foram os estudos
realizados por Pierre Maquet, da Universidade de Liège, na Bélgica.
O pesquisador ministrou nos voluntários que participaram de seu
experimento uma solução à base de glicose com uma leve marcação
radioativa. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) determinou
a quantidade de açúcares consumida pelo cérebro nas várias fases
de repouso. Assim, descobriu que durante o sono profundo a quantidade
de glicídios necessária era muito mais baixa. Por mais que nesse
momento, em geral, nosso cérebro reduza a própria demanda
energética, algumas áreas cerebrais parecem literalmente inundadas
pelos “carburantes” – produtos químicos, cuja combustão,
permite a obtenção de energia, como a gasolina, por exemplo.
Em 2010, uma equipe de pesquisadores da
Escola de Medicina da Universidade Harvard, coordenados pela
psicóloga Radhika Basheer, mediu a concentração de trifosfato de
adenosina (ATP) – a principal fonte de energia dos processos
metabólicos celulares – no cérebro de ratos. Alguns animais
tinham sido obrigados a permanecer acordados por longo tempo e outros
haviam dormindo normalmente, como de hábito. Após os exames, o s
cientistas observaram que a quantidade de ATP permanecia estável
enquanto os ratos estavam acordados. Mas, assim que entravam no sono
delta, o nível da substância aumentava principalmente nas regiões
cerebrais que são ativas durante a fase de vigília, entre elas o
córtex frontal, o prosencéfalo basal e o hipocampo.
Quanto mais
profundo o sono dos animais, maior era a quantidade de energia
colocada à disposição de seu cérebro.
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