segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Dormir bem, comer melhor_3/8


Por Manfred Hallschmid e Jan Born

Revista Mente e Cérebro nº 235 - pgs 41-45

Dormir pouco também altera a taxa glicêmica. Essa reação foi demonstrada pela equipe de Eve Van Cauter. Os pesquisadores pediram a alguns rapazes que dormissem apenas quatro horas por seis noites seguidas e nas seis noites sucessivas podiam ficar na cama por até 12 horas. No quinto dia de cada período foi realizado um teste no qual os participantes receberam uma solução açucarada.

Após o aumento considerável da concentração de glicose no sangue, os níveis voltaram a diminuir pouco a pouco. Mas os pesquisadores perceberam que os valores de glicemia desciam mais lentamente depois de noites “breves”, em comparação ao das pessoas que tinham dormido. O motivo? O organismo produzia menos insulina, hormônio que tem a tarefa de concentrar no fígado, nos músculos e nos tecidos adiposos a glicose presente no sangue. Além disso, as células não reagiram no mais com a mesma sensibilidade ao neuro-transmissor: a chamada “sensibilidade à insulina”, caia dramaticamente, estabilizando-se em um nível que os médicos verificam, normalmente nos pacientes com alterações do metabolismo.

O fato de um sono repousante influir na glicemia já havia sido demonstrado em um estudo realizado nos Estados Unidos, o Nurses’Health Study. No qual foram examinadas, em um período de 30 anos e a intervalos regulares, cerca de 70 mil enfermeiras. A diminuição da quantidade e da qualidade das horas de sono aumentava o risco de ficarem doentes e de se tornarem diabéticas. Essa possibilidade aumentava em mais de 50% entre profissionais com menos de cinco horas de sono, em comparação às que dormiam mais de oito.

Para o equilíbrio energético do organismo o elemento decisivo é a qualidade do sono. Durante a fase profunda, que se instaura principalmente nas primeiras horas da noite, o organismo produz muitos hormônios que agem sobre o metabolismo dos glicídios. Essa etapa, medido por eletroencefalograma (EEG), mostra ondas lentas, as chamadas “delta”.

Em 2008, o grupo de Eve Van Cauter afirmou que a alteração do sono delta pode desorganizar o mecanismo de controle dos glicídios no sangue. A pesquisadora fez com que um grupo de indivíduos que estavam dormindo ouvisse alguns sons de frequência e intensidade tais que impediam que acordassem, mas que também não entrassem no sono delta. A equipe registro consequências dramáticas: a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina, de fato, diminuíam para um quarto.

Durante o repouso noturno o cérebro supre a própria necessidade energética recorrendo quase exclusivamente aos açúcares. Embora essas substâncias constituam apenas 2% da massa corpórea, o consumo cerebral de glicose e oxigênio corresponde a 20% de seu consumo total.

Nenhum comentário:

Postar um comentário