Primeira postagem de uma série de 4 matérias que entrarão nos dias 21/03, 23/03, 25/03 e 28/03, de 2011.
Como o cérebro humano processa imagens até mil vezes mais rápido do que palavras, o uso de técnicas que privilegiam a exploração criativa por associação gráfica ajuda a exercitar a imaginação, treinar a racionalidade e se conhecer melhor.
Por Vera F. Birkenbihl
Psicóloga especializada em analografites como recurso diagnóstico e terapêutico
[Primeiro Experimento]
Gostaria de convidá-lo para participar de dois pequenos experimentos. E como a primeira vez só existe uma vez, você sairá perdendo caso leia este artigo sem participar dos experimentos. Mas é uma escolha ... Exercitar o cérebro significa também embrenhar-se por aventuras mentais, experimentar coisas novas, adquirir conhecimentos. Para aceitar esse desafio peço que você pegue lápis, papel e borracha. E me acompanhe nos exercícios a seguir.
Primeiro, faça uma lista daquelas atividades que, em geral, fazem parte de sua rotina de trabalho, indicando logo à frente apenas de que a soma não deve ultrapassar 100%. Utilize no máximo três minutos para fazer isso.
Pronto? Agora, lembre-se de uma situação na qual você tenha sido obrigado a suportar uma dor intensa. Em duas ou três linhas, descreva a sensação dolorosa. Em que região do corpo ela se localiza? Como é senti-la?
Sobre o primeiro experimento: talvez você tenha descoberto que pode ser bastante difícil listar com rapidez aquilo que fazemos em um dia típico de nossa vida. Na maioria das vezes, a soma das atividades ultrapassa 100%, requerendo solução para um problema aritmético. Vamos agora para outra etapa do experimento: construir uma imagem desenhando um típico dia de trabalho com lápis de cor.
Mas antes vale partilhar algumas considerações. Essa técnica é denominada exploração criativa por associação gráfica (ou analografite) e propõe a apresentação de idéias sob a forma de pequenos desenhos. O objetivo é promover uma expansão de nossas capacidades mentais e ver situações cotidianas com maior clareza. À parte o fato de que essa ferramenta fomenta a criatividade, é importante ressaltar que ela pode ajudar a fortalecer o pensamento racional e analítico. E, para tanto, não é necessário nenhum talento especial para o desenho, no sentido mais usual da palavra. Os mais simples esboços de homenzinhos esquemáticos, como os que uma criança de 4 anos de idade é capaz de desenhar, são mais do que suficientes. De resto, as fronteiras da arte costumam ser elásticas: podemos arriscar dizer que muitas obras tardias de Pablo Picasso nada mais são do que explorações criativas por associação gráfica. Ao compor muitos de seus trabalhos o artista espanhol sacrificou a beleza convencional quem prol da expressão de determinadas idéias. Assim, reuniu, por exemplo, num mesmo rosto, as visões de frente e de perfil.
Também gráficos e diagramas, pictogramas e ideogramas podem ser considerados analografite. Eles são mais agradáveis à mente do que as meras palavras, uma vez que o cérebro processa imagens numa velocidade bastante elevada, até mil vezes mais rápido do que palavras. Os antigos chineses já sabiam que “uma imagem pode valer (até) mil palavras”. Simplificações à parte, em alguns casos essa afirmação é verdadeira. E é bom lembrar que quanto mais conhecida uma imagem, quanto mais familiarizados estamos com o que ela reproduz, tanto mais rápido somos capazes de processá-la.
ANALOGRAFITE criado por Vera F. Birkenbihl:
letras, símbolos e figuras, são recursos eficazes
para organizar o raciocínio e expressar sentimentos
Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 214, nov/2010
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