segunda-feira, 28 de março de 2011

Desenhando Pensamentos _4/4

Quarta postagem de uma série de 4 matérias que entrarão nos dias 21/03, 23/03, 25/03 e 28/03, de 2011.

Como o cérebro humano processa imagens até mil vezes mais rápido do que palavras, o uso de técnicas que privilegiam a exploração criativa por associação gráfica ajuda a exercitar a imaginação, treinar a racionalidade e se conhecer melhor.

Por Vera F. Birkenbihl

Psicóloga especializada em analografites como recurso diagnóstico e terapêutico

[Conclusão]

Os desenhos resultantes foram bem diferentes uns dos outros. Um garotinho de 9 anos desenhou um martelo que golpeava o topo da cabeça, ao passo que uma jovem de 18 anos esboçou uma nuvem da qual caem gostas de chuva. A flecha apontando para sua cabeça mostra com clareza quando chove, sinto dor na têmpora.

Mesmo entre os pacientes que não sofrem de enxaqueca, imagens relativas a suas dores de cabeça revelam-se bastante distintas. No desenho de uma menina de 9 anos uma garotinha põe as mãos na cabeça, no ponto de onde acredita que a dor irradia. Um garoto de 10 anos localizou um a sensação dolorosa mais para o lado, na altura a orelha , para onde sua mão aponta. Muitos desenhos sugerem ainda náusea e desconforto na região do estômago.

Ao todo, crianças e jovens demonstraram surpreendente capacidade de representar sua dor por meio desenhos – e sem qualquer treinamento para isso. Quanto não conseguiríamos se, nas escolas, o pensamento com o lápis de cor fosse exercitado de maneira mais criativa? Talvez muitos conflitos pudessem ser mais bem compreendidos pelos professores se eles apenas pedissem que seus alunos desenhassem o que sentiam sobre determinados assuntos (incluindo dificuldade de relacionamento ou aprendizagem) e depois falassem sobre o que fizeram.

O que menos importa é se as pessoas empregam seu incômodo com perfeição. O fato é que as imagens são instrumento preciosos de comunicação, que ás vezes surpreendem até mesmo quem desenha. Em séries de estudos duplos-cegos, neurologistas analisaram os desenhos de pacientes, nos quais não haviam sequer realizado exames fisiológicos. Seus diagnósticos, baseados apenas nas analografites, coincidiram em grande parte com aqueles de colegas que, para o mesmo fim, utilizaram recursos técnicos sofisticados. Ambos os procedimentos chegaram ao mesmo diagnóstico de 83% dos pacientes que não sofriam de enxaqueca, e m em 93,1% dos caso de enxaqueca.

Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 214, nov/2010

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