Terceira postagem de uma série de 4 matérias que entrarão nos dias 21/03, 23/03, 25/03 e 28/03, de 2011.
Como o cérebro humano processa imagens até mil vezes mais rápido do que palavras, o uso de técnicas que privilegiam a exploração criativa por associação gráfica ajuda a exercitar a imaginação, treinar a racionalidade e se conhecer melhor.
Por Vera F. Birkenbihl
Psicóloga especializada em analografites como recurso diagnóstico e terapêutico
[Segundo Experimento]
Vamos agora que o segundo experimento. Foi muito difícil descrever a dor com palavras? Em que medida você foi capaz de reproduzi-la com exatidão? É possível que também aqui o processo não verbal tenha utilidade. Foi o que pensou o pesquisador Stefan Büchi, da clínica psiquiátrica do Hospital Universitário de Zurique. E foi por isso que ele desenvolveu a pictorial representation of illness and self measures (Prism, na sigla em inglês).
A Prism é um processo de pensamento idêntico à analografite, embora o desenho não seja necessário. Neste caso, os pacientes depositam um disco vermelho, representando a doença (ou a dor ou outro aspecto a ser observado) sobre uma placa branca de metal que representa a vida. Nesse caso, é fundamental a distância escolhida entre a patologia e o “eu” – simbolizado por um disco amarelo também sobre a placa branca. Essa distância pode ser facilmente medida e nos diz algo sobre como o paciente vive sua enfermidade no plano subjetivo. Curiosamente, as pessoas reagem de maneiras muito diversas, mesmo quando afligidas por dor semelhante. Segunda Büchi, o recurso é uma tentativa de, com o auxílio de um método visual, compreender a pressão que a dor exerce sobre o paciente para entender melhor a relação entre a pessoa e seus problemas de saúde.
Büchi reconhece que uma técnica tão incomum pode, sim, resistir ao crivo rigoroso da ciência. “Nós medimos essas distâncias em cerca de 1.500 pacientes com doenças crônicas. É nítida a constatação estatística de que, em pessoas que se vêem mais prejudicadas, a distância é menor, ao passo em que outras, com a mesma enfermidade, mas com melhor disposição psíquica, a distância é maior”. O quadro resultante da Prism exige nítidas similaridades com os resultados de outros procedimentos de diagnose.
Direção semelhante torna o procedimentos dotado pelo neurologista americano Carl Stafstrom, da Universidade de Wisconsin em Madison. Ele pediu a seus jovens pacientes, com idade entre 4 re 19 anos, que desenhassem suas dores de cabeça, fazendo-lhes perguntas parecidas com as que sugeri neste texto, no segundo experimento: onde está a dor? Como é senti-la?
Fonte: Revista Mente & Cérebro n° 214, nov/2010
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