Matéria, dividida em 5 partes, que será publicada nos dias 05, 07, 09, 12 e 14 de Setembro
Por Karina Toledo
O Estado de São Paulo, pág. A24, 08.02.2011
Entrevista
Douglas Gentile, Diretor do Laboratório de Pesquisa de Mídia da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.
Graduado em psicologia pela Universidade de Nova York, mestre e doutor em psicologia infantil pela Universidade de Minnesota. Atualmente é professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Iowa.
O psicólogo Douglas Gentile coordenou um estudo com mais de 3 mil crianças de Cingapura em idade escolar. A pesquisa, publicada na última edição da revista Pediatrics, constatou que um em cada dez menores era viciado em jogos e a maioria não conseguia se livrar do problema. O artigo também aponta que, embora as crianças já tivessem propensão a desvios de comportamento, o uso excessivo de videogames aparentemente agravou esses transtornos.
- Como o sr. Define o vício em jogos eletrônicos?
Na minha opinião, é um transtorno do controle dos impulsos. Ou seja, o jogador sabe que deveria fazer sua tarefa, mas não consegue frear o impulso de continuar jogando. Isso significa que não é algo nos jogos que é “viciante”, mas que a pessoa permitiu que o hábito tomasse proporção exagerada.
- Para a maioria dos pais, é difícil distinguir a brincadeira prolongada da condição patológica. Como ajudá-los?
Medir o tempo gasto em uma atividade não é maneira adequada de diagnosticar um vício. Por exemplo, muitas pessoas bebem muito álcool, mas não são alcoólatras. Para ser um vício, um adicto deve fazer algo de forma a prejudicar sua vida. E também prejudicar múltiplas área de sua vida, não apenas uma ou duas.
O sr. Acredita que o vício em jogos é um sintoma de uma condição pré-existente?
A princípio pensamos que era um sintoma de outros problemas, como depressão ou fobia social, mas descobrimos que é o oposto. Parece que a depressão, a ansiedade e as fobias sociais pioraram quando o vício piorou e melhoraram assim que o vício melhorou.
Há algum conselho que o sr. pode dar para os pais?
Estabeleça limites claros tanto no tempo de jogo (recomendo não mais de uma hora por dia) quanto no conteúdo (os jogos devem ser apropriados para a idade e não devem incluir ações violentas).
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