sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uso precoce de maconha está associado com piora no funcionamento cerebral

Os usuários regulares de maconha, que iniciam o uso da droga antes dos 15 anos apresentam pior desempenho em testes que avaliam funções cerebrais, quando comparados com aqueles que começam mais tarde, de acordo com nova pesquisa publicada na edição de junho da British Journal of Psychiatry.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo dizem que o estudo sugere que o consumo precoce de maconha pode ter efeitos prejudiciais no funcionamento cognitivo das pessoas.

Os pesquisadores avaliaram 104 usuários crônicos de maconha que foram submetidos a uma série de testes neuropsicológicos. Estes testaram as funções executiva, atenção, capacidade de formar conceitos abstratos, habilidades visuais, motoras e flexibilidade mental.

Dos 104 usuários crônicos de maconha, 49 começaram a usar a droga antes dos 15 anos de idade (usuários precoce). Os restantes 55 começaram a usar após os 15 anos de idade (usuários de início tardio). Em média, o grupo de início precoce tinha usado maconha por 10,9 anos - o que equivale a um consumo durante a vida estimado de 6.790 baseados cada um. O grupo de início tardio tinham usado maconha durante uma média de 8,7 anos - o que equivale a 5.160 baseados cada um. Outras 44 pessoas serviram como grupo de controle, pois não fizeram uso de maconha e também fizeram os testes cognitivos.

Não houve diferenças de QI ou escolaridade entre os três grupos. No entanto, o grupo de início precoce teve desempenho significativamente pior do que o grupo de início tardio e do que o grupo controle em tarefas de atenção sustentada, de controle dos impulsos e relacionadas ao funcionamento executivo. Por exemplo, em um teste de classificação de cartas, o grupo de início precoce cometeu mais erros que o grupo controle (10 vs 6,44) e completou menos categorias (2,77 vs 3,5). Não houve diferença significativa no desempenho entre o início tardio e grupos de controle.

A pesquisadora Maria Alice Fontes disse: "Nós detectamos que o início precoce de maconha está relacionado com maiores déficits no funcionamento cognitivo. Sabemos que a adolescência é um período em que o cérebro parece ser particularmente vulnerável aos efeitos neurotóxicos da maconha. Estudos de imagem cerebral mostraram que o cérebro antes dos 15 anos ainda está se desenvolvendo e amadurecendo, assim a exposição à maconha durante este período pode ser mais prejudicial e levar a menor flexibilidade mental no futuro. É possível que as pessoas que começam a usar maconha numa idade mais avançada podem ser capazes de compensar os seus déficits cognitivos, do que as pessoas que começaram a consumir maconha numa fase anterior do desenvolvimento do cérebro. "

Referência

Fontes MA, Bolla KI, Cunha PJ, Almeida PP, Jungerman F, Laranjeira RR, Bressan RA and Lacerda ALT. Cannabis use before age 15 and subsequent executive functioning. British Journal of Psychiatry 2011; 198:442-447

Para maiores detalhes, por favor entre em contato com Dra. Maria Alice Fontes, Laboratório de Neurociências Clínicas da Universidade Federal São Paulo e UNIAD. Tel: (11) 2364-2024; (11) 9992-2024. Email: m.alice@plenamente.com.br

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