segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ele disse, ela disse_1/7

Série com 3 matérias, que serão publicadas em Abril e Maio de 2011, divididas em partes.

Aqui a 2ª matéria, dividida em 7 partes: Ele disse, ela disse; que será publicada nos dias 25, 27, 29 de Abril e 02, 04, 06 e 09 de Maio.

por Deborah Tannen

Professora de linguística da Universidade de Georgetown e autora de You Were Always Mum's Favorite!: Sisters in Conversation Throughout

Their Lives (Random House, 2009), entre outros, ver mais bibliografia na postagem do dia 09 de Maio de 2011.

Revista Mente e Cérebro

Ano XVII nº209 – Julho 2010

www.mentecerebro.com.br

Mulheres e homens usam linguagens próprias – por isso nem sempre o entendimento é tão simples. Enquanto o discurso deles tende a se concentrar na hierarquia e na competição pelo poder, o delas é voltado ao objetivo de se aproximar ou se afastar do interlocutor


Volta e meia duas perguntas aparecem em comédias, shows de humor e programas de piadas:”Por que Moisés vagou pelo deserto durante 40 anos?”; “Por que é preciso tantos espermatozoides para encontrar apenas um óvulo? A resposta para ambas as questões é a mesma: porque os homens não gostam de pedir ajuda quando não sabem o caminho. Há alguns anos, chegam a ser vendidos nos Estados Unidos guardanapos de papel com a frase? “Homem que é homem não pergunta caminho”. Tanto interesse por esse aspecto do comportamento masculino – que, aliás, levantei em meu livro You just don’t understand: women and men in conversation, em 1990 – me surpreendeu. Na verdade, eu não sabia o quanto essa experiência era difundida, mas percebi que buscar informações sobre o endereço e direção parece cristalizar aspectos essenciais do fenômeno responsável por várias frustrações que homens e mulheres enfrentam na comunicação.

Passei mais de três décadas coletando e analisando milhares de exemplos de como as pessoas de cada sexo interagem e descobri que o discurso deles tende a se concentrar na hierarquia: a competição pelo poder relativo, enquanto isso, as mulheres geralmente dão prioridade para proximidade ou distância. Em outras palavras, um homem e uma mulher podem se afastar depois da mesma conversa, com questionamentos diferentes. Ele pensa: “Será que o que falamos me deixou um nível acima ou abaixo dela?” E ela reflete: “Isso nos aproximou ou nos afastou mais ainda?” Esses pensamentos, porém, nem sempre são percebidos de forma consciente.

Mas calma lá! Toda comunicação e todos os relacionamentos refletem uma combinação de hierarquia e conexão – as duas não são mutuamente excludentes; ao contrário, estão intimamente ligadas. De alguma forma, almejamos o poder e queremos nos conectar uns com os outros. Em minhas investigações tenho constatado que nuances na forma de homens e mulheres se expressar nos ajudam a esclarecer como o estilo de conversa de cada um revela modos diferentes de alcançar os mesmos objetivos. Mas como isso está ligado ao ato de perguntar o caminho?

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