quarta-feira, 6 de abril de 2011

A verdade sobre meninos e meninas_2/7

Série com 3 matérias, que serão publicadas em Abril e Maio de 2011, divididas em partes.

Aqui a 1ª matéria, dividida em 7 partes: A verdade sobre meninos e meninas, que será publicada nos dias 04, 06, 08, 11, 13, 15 e 18 de Abril.

por Lise Eliot

Professora adjunta de neurociências da Chicago Medical School da Universidade Rosalind Franklin e autora de Pink brain, blue brain – How small differences grow into troublesome gaps – And what we can do about it (Houghton Miffilin Harcourt, 2009)

Revista Mente e Cérebro

Ano XVII nº209 – Julho 2010

www.mentecerebro.com.br


A preferência por jogar futebol ou brincar de casinha está longe de ser imutável. Elas são mesmo mais empáticas e eles agressivos ou apenas confirmamos o que esperamos ver? A ciência tem mostrado que, no nível neurológico, as diferenças sexuais são menores do que as pessoas costuma imaginar – mas podem se tornar mais marcadas quando as expectativas dos adultos as reforçam


Pontapé Inicial

Em geral, os bebês do sexo masculino são mais ativos fisicamente e tal característica persiste por toda a infância. Mães e pais exaustos sabem bem que os meninos chutam, balançam os braços e correm pela casa bem mais que as garotas. A diferença pode se manifestar antes do nascimento, embora nem todos os exames pré-natais de ultrassom revelem diferenças de movimento fetal entre os sexos. Ainda assim, a disparidade é clara durante o primeiro ano e tende a aumentar, segundo uma análise de mais de cem estudos realizada pelo psicólogo Warren Eaton, da Universidade de Manitoba, no Canadá. A pesquisa revela que meninos são, em média, mais ativos do que 69% das meninas.

Esse desnível é maior do que a diferença em relação a habilidades verbais e matemáticas, porém, pequeno o bastante para permitir muitas exceções à regra, com destaque para os 31% de meninas que são mais ativas do que o menino médio. A agitação masculina parece ser desencadeada pelos hormônios sexuais – em especial, por uma relativa abundância de testosterona no útero materno. Contudo, a diferença de atividade física entre os sexos continua aumentando durante a infância, não obstante o fato de que, dos 6 meses à puberdade, não há nenhuma especificidade em relação aos níveis dos hormônios em crianças dos dois sexos – que leva a crer que a criação seja, provavelmente, o único elemento amplificador da disparidade.

Estudos feitos em laboratórios e parquinhos, por exemplo, indicam que as filhas são mais desencorajadas pelas mães do que os filhos a correr riscos físicos. É comum que os pais incentivem mais as crianças a se arriscar do que as mães, mas não há estudos que digam se essa postura paterna é mais voltada aos meninos. Os colegas também exercem pressão para que as crianças se conformem a padrões esperados, em grupos só de meninos, os garotos incentivam a atividade uns dos outros, enquanto as meninas mais ativas tendem a se acomodar quando estão entre as amigas mais pacatas. Elas começam a praticar esportes mais tarde, param mais cedo e, em geral, participam de menos equipes do que os meninos.

A diminuição do período de intervalo e a pouca ênfase às aulas de educação física, em muitas escolas, prejudicam ambos os gêneros. O resultado se vê no aumento da obesidade e dos diagnósticos de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Os garotos, em especial, precisam de intervalos mais freqüentes para realizar atividades físicas que satisfaçam sua necessidade de movimentação, mas as garotas também se beneficiam dos efeitos mentalmente revigorantes dos exercícios físicos.

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