sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dor nas costas, dor na alma_3/8

Por Jasmin Andresh, é bióloga e jornalista

Revista Mente e Cérebro n° 220, maio/2011

Matéria dividida em 9 posts - nos dias 31 de Outubro, 02, 04, 07, 09, 11, 14, 16 de Novembro.

TRISTEZA QUE FERE

Uma pesquisa do Instituto Roberto Koch mostrou quanto o que sentimos e pensamos pode afetar a coluna. Segundo o estudo, as pessoas com tendências depressivas sofrem duas vezes mais de dores nas costas. Um experimento realizado pelo médico Marcus Schiltenwolf, do Hospital Ortopédico Universitário de Heidelberg, desenvolvido com 102 homens e mulheres revelou que pacientes com dorsalgia frequentemente se queixam de outros problemas – principalmente psíquicos. Esse resultado comprovo o que psicólogos e médicos mais atentos já percebem em seus consultórios: dores crônicas nas costas raramente representam um quando isolado. Não por acaso é a coluna vertebral que sustenta o corpo, e golpes emocionais terminam por afetar esse equilíbrio , o que resulta em dor.

Uma enquete realizada em 2005 com mais de 5 mil americanos revelou fatos semelhantes. Os pesquisadores Michael Von Korff e Diana Migliorettii, do Centro de Estudos em Saúde em Seattle, em Washington, levantaram, entre outras coisas, a freqüência de dorsalgias e outras doenças que causam impedimentos físicos. Os especialistas também avaliaram, com a Judá de um questionário, o estado de espírito e o grau de ansiedade dos voluntários, assim como indivíduos de abuso de substâncias. No decorrer do período de um ano da pesquisa 19% dos participantes desenvolveram dorsalgia crônica. Nesse, grupo, praticamente dois terços (68%) relataram outras dores, e aproximadamente um em cada três (35%) sofria de algum transtorno psíquico.

As dores frequentemente eram acompanhadas de transtornos de ansiedade assim como de estados depressivos – mais raramente de diabetes, doenças cardíacas, câncer ou dependência de drogas. Devido à debilitação múltipla, dizem os pesquisadores, a quantidade de faltas associadas à doença também é maior do que na maioria dos outros pacientes com dores.

Como essas estatísticas podem ser explicadas? “Por um lado, dores constantes cedo ou tarde podem afetar o ânimo das pessoas; doentes crônicos costuma apresentar depressão ‘reativa’”, diz Marcus Schiltenwolf. “Também é preciso considerar que a inatividade em pessoas com melancolia poderia enfraquecer os músculos e a coluna vertebral precisa de uma forte musculatura nas costas como suporte!”, observa. Ele destaca ainda um terceiro motivo possível: pacientes depressivos voltam a atenção com mais freqüência para a dor, o que faz com que ela seja percebida de forma extremamente forte. Se a pessoa se concentra no desconforto esperado, evita se movimentar – e inicia-se aí um círculo vicioso.

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