Matéria dividida em 3 posts – dias 28, 30 de Novembro e 02 de Dezembro
Por Alexandre Salvador e Filipe Vilicic
Com reportagem de Carolina Melo
Revista Veja - Edição 2226, págs.86 a 91, de 20.07.2011
A facilidade e a rapidez com que se encontram informações na internet estão transformando nossa memória e a forma como processamos o conhecimento
A Internet produziu transformações espetaculares nas sociedades na última década, mas a mais profunda delas só agora começa a ser estudada pela ciência. A facilidade e a rapidez com que se encontram informações na rede, sobre qualquer assunto e a qualquer hora, podem estar alterando os processos de cognição do cérebro. Até a popularização da web, as principais fontes de conhecimento com que todos contavam erram os livros e, evidentemente, a própria memória do que se aprende ao longo da vida. A internet mudou esse panorama: a leitura em profundidade foi substituída pela massa de informações, em sua maioria superficiais, oferecidas pelos sites de busca, blogs e redes de relacionamento . A memória, por sua vez, perdeu relevância – para que puxar pela cabeça para se lembrar de um fato ou do nome de uma pessoa se essas informações estão prontamente disponíveis no Google, a dois toques do mouse? Quanto mais dependemos dos sites de busca para adquirir ou relembrar conhecimentos, mais nosso cérebro se parece com um computador obsoleto que necessita de uma memória mais potente.
Um dos estudos mais completos sobre essa mudança determinada pela internet na forma como assimilamos e processamos conhecimento foi divulgado na semana passada. Conduzido pela psicóloga Betsy Sparrow, da Universidade Columbia, e por outros dois colegas, ele mostra que a memória processada pelos 100 bilhões de neurônios do cérebro está se adaptando rapidamente à era da informação imediata. Hoje, diz uma das conclusões da pesquisa, nós nos preocupamos me3nos em reter informações porque sabemos que elas estarão disponíveis na internet. Em lugar de guardar conhecimentos, preferimos guardar o local na rede onde eles estão disponíveis. A internet se tornou uma memória externa, o que faz com que as informações sejam armazenadas não mais no nosso cérebro, mas coletivamente. “Desenvolvemos uma relação de simbiose com as ferramentas de nosso computador, da mesma forma que com as pessoas de nossa família”, disse Betsy Sparrow.
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