segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dor nas costas, dor na alma_4/8

Por Jasmin Andresh, é bióloga e jornalista

Revista Mente e Cérebro n° 220, maio/2011

Matéria dividida em 9 posts - nos dias 31 de Outubro, 02, 04, 07, 09, 11, 14, 16 de Novembro.

Em apenas 20% das situações o problema é determinado por causas físicas evidentes, o que contribui para que, na maioria das vezes, a busca pela raiz do problema não tenha sucesso no primeiro momento

Um estudo publicado em 2009, realizado por uma equipe coordenada pelo especialista em saúde pública Richard Deyo, mostrou que recorrer logo a cirurgias ou usar medicamentos à base de opioides para combater dores nas costas pode provocar efeitos colaterais desnecessários além de aumentar muito os custos do tratamento, que – para agravar a situação – muitas vezes se torna ineficaz. Por isso, os estudiosos defendem que o foco não se restrinja ao físico e pessoas sejam acompanhadas por equipes multidisciplinares- nas quais os psicólogos são fundamentais.

Muitos pacientes aprendem, por exemplo, técnicas de relaxamento muscular progressivo de Jacobson que oferecem alívio por meio do tensionamento e relaxamento alternados dos músculos. Outras medias relacionadas à terapia comportamental, como a elaboração de um diário da dor ou a adaptação ergonômica do local de trabalho, também costuma reduzir o problema de forma efetiva.

Também é muito útil que as pessoas aprendam estratégias para lidar com o estresse. Para muitos, o maior desafio é voltar pouco a pouco a um estilo de vida mais ativo. Por meio da realização controlada dos movimentos temidos, pois provocam enorme desconforto, o paciente pode reduzir seu temor a um nível realista.

As intervenções multidisciplinares têm se mostrado extremamente efetivas e econômicas. Em 2002, o psicólogo Lance McCracken e o médico Dennis Turk, da Universidade de Washington em Seattle, compraram a eficácia da terapia em pacientes com dorsalgia tratados por profissionais de várias áreas com grupos de controle compostos de pessoas que foram acompanhadas apenas por médicos ou nem mesmo foram tratadas. Entre aquelas que receberam cuidados de um grupo de profissionais de várias especialidades, 68% conseguiram voltar ao trabalho; já no tratamento padrão apenas 32% tiveram esse resultado. Nesse último caso, as dores diminuíram em média 4%, enquanto no primeiro foi relatada a diminuição superior a um terço. Além disso, grandes diferenças d se destacaram em relação à necessidade de remédios – apenas 21% entre os que usavam técnicas diversas, orientadas por vários especialistas, declararam que as drogas eram “imprescindíveis” em sua vida; a mesma resposta foi dada por 63% entre os pacientes apenas medicados. No primeiro grupo, 53% conseguiram aumentar a atividade física e no segundo, só 13%.

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