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A Ciência ainda não explica o que os religiosos chamam de “Milagre”, mas estudos têm mostrado que, em alguns casos, a fé pode estimular habilidades mentais e ajudar a melhorar a saúde.
Por Pierangelo Garzia - Revista Mente & Cérebro n° 220, maio/2011, págs. 28 a 35
“Seria preciso um milagre”. Ouvir essas palavras de um médico quando os recursos científicos já não são suficientes para combater uma doença costuma trazer enorme desalento. Nessas horas, independentemente da crença, muitos de nós gostaríamos de contar com uma intervenção providencial e inexplicável. No campo da medicina, a palavra “milagre” refere-se à remissão espontânea e surpreendente de uma patologia grave, degenerativa ou terminal. Algo extremamente raro e improvável, porém possível, como demonstram alguns casos. O registro mais recente de cura se explicação científica é o da dona de casa italiana Antonia Raco, de 51 anos. Diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa, a paciente afirma que deixou de manifestar sintomas - que foi atestado pelos médicos – após ter feito uma peregrinação ao santuário de Lourdes, na França.
Episódios como esse, em geral associados à tradição cristã, costuma causar alvoroço ao serem divulgados pela mídia. Mas também há testemunhos de curas e materializações entre seguidores do guru indiano Sathya Sai Baba e entre adeptos das práticas espirituais que requerem a ação de curandeiros. A maioria das hipóteses científicas para explicar esses processo gira em torno do poder a sugestão, da reação emocional que pode desencadear respostas físicas ou de relações entre mente, cérebro e corpo ainda desconhecidas. Afinal, seguindo a leitura “científica” e laica, se a emoção pode nos deixar doentes, ela também poderia nos curar. Durante a maior parte do século 20, inúmeros profissionais da área de saúde mental afirmaram categoricamente que seguir alguma religião – e ter fé – tinha efeitos irrelevantes sobre o bom funcionamento do organismo. Práticas religiosas muitas vezes foram vistas como sintoma ou fator de deflagração de surtos psicóticos. Embora em certas circunstâncias de fato essa relação exista e ao longo da história santos, líderes espirituais e místicos fundadores de religiões tenham exibido comportamentos que hoje poderiam ser classificados como psicopatológicos, tal relação não pode ser generalizada. A despeito das polêmicas – ou talvez até motivados por elas -, a partir dos anos 1970 surgiram cada vez mais estudos que vinculam espiritualidade e saúde.
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