quarta-feira, 27 de junho de 2012

Onde foram parar os Neuróticos?_2/3


Benedict Carey (The New York Times)
Tradução de: Celso Parciornik


Algumas razões para “neurótico” ter caído em desuso na linguagem coloquial são óbvias. A análise freudiana perdeu seu domínio sobre o imaginário comum, assim como na psiquiatria, e parte da linguagem de Freud perdeu o poder.

Os cientistas que definem distúrbios mentais fatiaram a neurose em pedaços mais finos, como distúrbio do pânico, ansiedade social e transtorno obsessivo-compulsivo – todos termos que caíram no uso das pessoas comuns, para não mencionar os grupos de usuários online, letras de rock e programas de TV.

Em 1994, após um debate áspero com psicanalistas, os médicos que compilavam o Manuel de Diagnóstico e Estatística, a enciclopédia da psiquiatria, tiraram a neurose do livro. “Com o que sabemos hoje o termo parece obsoleto“, diz Michael First, pesquisador de Columbia e ex-editor do manual. 

“Com o declínio geral da importância de Freud em nossa sociedade, o termo foi ficando anacrônico.”

Mesmo assim, o desejo de precisão e o declínio do pensamento freudiano não explicam por completo o desaparecimento do neurótico. Os psiquiatras não moldam a linguagem que usamos, afinal – nós todos o fazemos – e neurose tem ao menos tanta aceitação quanto outros termos freudianos duráveis, como ego e id.

A resposta pode residir em uma área na qual o espírito do neurótico continua vivo: a pesquisa psicológica. O “neuroticismo” é uma das “dimensões” do modelo de personalidade. Ele é medido com um questionário simples, no qual as pessoas reagem a declarações como “Eu me irrito facilmente” e “Eu me aborreço com coisas”. Muitos desses questionários não mudaram em adultos desde os anos ‘950. Mas estudos revelaram que, entre universitários, os níveis de neuroticismo aumentaram até 20%.  

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