sexta-feira, 29 de junho de 2012

Onde foram parar os Neuróticos?_3/3


Benedict Carey (The New York Times)
Tradução de: Celso Parciornik

Internet A mudança cultural pela qual passamos pode explicar os números. Hoje, jovens são inundados por confissões pessoais e pela disponibilidade cada vez mais pública de quase todo pensamento - via Facebook, Twitter e outras mídias sociais. Se a postagem crônica em Facebook e Twitter não é um exercício de neurose, então não é nada.

Além disso, características atribuídas a neuróticos foram normalizadas, diz Peter N. Stearns, historiador da Universidade George Mason em Virgínia. “Nos tornamos tão acostumados a pessoas com preocupações constantes que isso ficou obsoleto”.

O neurótico clássico continua entre nós, claro – mas com mais companhia. Mais razão, segundo Stearns, para preservar essa palavra que amplia a definição de normal no melhor da tradição americana – preserva a privacidade, num momento em que pode ser muito importante fazê-lo.

O historiador Edward Shorter argumenta que em alguns casos, como desconectar distúrbios de ansiedade da depressão, a precisão falha. Tristeza e preocupação são parceiras íntimas para muitas pessoas que visitam psiquiatras e os medicamentos conhecidos como antidepressivos são amplamente receitados para ansiedade também.

O termo neurose abarca a ambos e precede Freud em um século. Ele se referia originalmente a um problema dos nervos, não da mente, em contrates direto com “psicose”, que implica uma ruptura do pensamento lógico característico da esquizofrenia. “Perdemos essa visão de doença nervosa como uma doença do corpo inteiro, e agora a chamamos de transtorno do humor, disse Shorter. “Dizer às pessoas que elas têm um transtorno do humor as faz pensar que está tudo na cabaça, quando, na verdade, o sentem em seu corpo”.

Honestamente, que não se atiraria na chance de ter perspectivas menos danosas? Isso significa mais um voto para neurose, como um estado mental ao qual podemos confiavelmente retornar em tempos estranhos – se não no tratamento psiquiátrico, ao menos entre amigos e colegas.

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