Por Gláucia Leal, jornalista,
psicóloga e psicanalista, editora de Mente e Cérebro
Fonte: Revista Mente & Cérebro, n°
233, junho/2012
Vários Jeitos de Ser
Introvertidos não são necessariamente
tímidos. Timidez é o medo da desaprovação social e da humilhação,
enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não
sejam estimulantes demais. A timidez é inerentemente dolorosa; a
introversão, não. Uma das razões pelas quais as pessoas confundem
os dois conceitos é que muitas vezes eles se sobrepõem (apesar de
psicólogos discutirem até que ponto). Algumas abordagens mapeiam
essas duas tendências, definindo quatro quadrantes de tipos de
personalidade: extrovertidos calmos, extrovertidos ansiosos (ou
impulsivos), introvertidos calmos e introvertidos ansiosos. O que se
vê na prática é que muitos tímidos se voltam para dentro, em
parte como um refúgio da socialização que tanto os angustia. E
muitos introvertidos são tímidos, em parte como resultado do
recebimento da mensagem constante de que há algo errado com sua
preferência pela reflexão.
Parece inegável que timidez e
introversão têm algo profundo em comum. O estado mental de um
extrovertido tímido sentado quieto em uma reunião de negócios pode
ser muito diferente daquele de um introvertido calmo. A pessoa tímida
tem medo de falar, enquanto o introvertido está simplesmente
superestimulado, mas para quem os observa os dois parecem iguais. Mas
por razões muito distintas tímidos e introvertidos podem escolher
passar seus dias nos bastidores, inventando coisas, escrevendo,
pesquisando, talvez até segurando a mão de doentes graves – ou
assumindo posições de liderança com uma “competência quieta”.
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