quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quietos sim. E daí?_4/8


Por Susan Cain – Escritora e Consultora empresarial formada em direito pelas Universidades de princeton e Harvard. Este artigo foi adaptado do original “O Poder dos Quietos” (Agir, 2012) com a autorização da Editora.

Da revista Mente & Cérebro n° 233, Junho/2012

No entanto, hoje abrimos espaço para um número notavelmente limitado de estilos de personalidade. Dizem que para sermos bem-sucedidos temos de ser ousados, para nos mantermos felizes é preciso ser sociáveis. Costumamos nos ver como uma nação de extrovertidos – o que significa que perdemos de vista quem realmente somos. 

Dependendo de que estudo for considerado, de um terço a metade dos americanos, por exemplo, é introvertido – em outras palavras, uma em cada duas ou três pessoas que você conhece. (Considerando que os Estados Unidos estão entre as nações mais extrovertidas, o número deve ser pelo menos tão alto quanto em outras partes do mundo). Se você não for um introvertido, certamente está criando, gerenciando, namorando ou casado com um.

Se essas estatísticas o surpreendem, provavelmente é porque muitas pessoas fingem ser extrovertidas. Introvertidos disfarçados passam despercebidos em parquinhos, nas salas de aula e nos corredores de empresas. Alguns enganam até a si mesmos, até que algum fato da vida – uma demissão, a saída dos filhos de casa, uma herança que permite que passem o tempo como quiserem – os leva a avaliar a sua própria natureza. Você só precisa abordar o tema deste livro com seus amigos e conhecidos para descobrir que mesmo as pessoas mais improváveis se consideram introvertidas.

Faz sentido que tantos introvertidos se escondam até de si mesmos. Vivemos em um sistema de valores que podemos chamar de “ideal de extroversão” e representa a crença onipresente de que o ser humano em sua melhor forma é gregário, “alfa” e se sente confortável sob a luz dos holofotes. O típico extrovertido prefere a ação à contemplação, os riscos à cautela, a certeza à dúvida. Ele escolhe as decisões rápidas, mesmo expondo-se mais à possibilidade de estar errado. Trabalha bem em equipes e socializa em grupos.

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