segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Vergonha Nacional_1/7


Revista Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86

por Laura Diniz e Carolina Rangel


Com reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel Marques

A lei proíbe menores de beber, mas ninguém, nem mesmo os pais, a respeita. Os jovens pagam o preço por isso, e ele é alto

De todas as leis ignoradas no Brasil – e a lista é longa -, poucas são descumpridas com tanta naturalidade, e na escala, como aquela que proíbe menores de 18 anos de beber. Pesquisa inédita feita em sete capitais do país – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Belém e Campo Grande – mostra que adolescentes que tenta comprar bebidas alcoólicas têm sucesso em, pelo menos, 70% das vezes. Na capital paraense, esse índice chega a estupefacientes 88%, recorde seguido de perto pelo Rio, com 86%. Mesmo em São Paulo, onde uma norma estadual aumenta o rigor das punições aos donos de estabelecimentos que vendem bebida para menores, 71% dos adolescentes têm trânsito livre para o balcão do bar. As décadas de descumprimento da lei fizeram mais do que consolidar a ideia de que ela não passa de letra morta – contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de bebida por adolescentes como um “mal menor”, comparado aos perigos do mundo. “Não é, afirma o autor do estudo e uma das principais autoridades brasileiras no assunto, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas. “Os pais precisam entender que o álcool potencializa o risco de que aconteça aos seus filhos o que eles mais temem”. Leia-se: que eles se metam em encrencas, e das grandes.  

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