Revista
Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86
por
Laura Diniz e Carolina Rangel
Com
reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel
Marques
A
lei proíbe menores de beber, mas ninguém, nem mesmo os pais, a
respeita. Os jovens pagam o preço por isso, e ele é alto
De
todas as leis ignoradas no Brasil – e a lista é longa -, poucas
são descumpridas com tanta naturalidade, e na escala, como aquela
que proíbe menores de 18 anos de beber. Pesquisa inédita feita em
sete capitais do país – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Recife, Rio de Janeiro, Belém e Campo Grande – mostra que
adolescentes que tenta comprar bebidas alcoólicas têm sucesso em,
pelo menos, 70% das vezes. Na capital paraense, esse índice chega a
estupefacientes 88%, recorde seguido de perto pelo Rio, com 86%.
Mesmo em São Paulo, onde uma norma estadual aumenta o rigor das
punições aos donos de estabelecimentos que vendem bebida para
menores, 71% dos adolescentes têm trânsito livre para o balcão do
bar. As décadas de descumprimento da lei fizeram mais do que
consolidar a ideia de que ela não passa de letra morta –
contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de
bebida por adolescentes como um “mal menor”, comparado aos
perigos do mundo. “Não é, afirma o autor do estudo e uma das
principais autoridades brasileiras no assunto, o psiquiatra Ronaldo
Laranjeira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
e coordenador do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool
e Drogas. “Os pais precisam entender que o álcool potencializa o
risco de que aconteça aos seus filhos o que eles mais temem”.
Leia-se: que eles se metam em encrencas, e das grandes.
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