Por Susan Cain – Escritora
e Consultora empresarial formada em direito pelas Universidades de
princeton e Harvard. Este artigo foi adaptado do original “O Poder
dos Quietos” (Agir, 2012) com a autorização da Editora.
Da revista Mente &
Cérebro n° 233, Junho/2012
Lentidão e cachos
Em 1921, o psiquiatra suíço Carl
Jung, criador da psicologia analítica, publicou um livro bombástico:
Tipos psicológicos. A obra foi fundamental para a popularização
dos termos “introvertido” e “extrovertido” como os pilares da
personalidade. Pessoas que se adequam ao primeiro grupo são atraídas
pelo mundo interior do pensamento e do sentimento e os demais pela
vida externa: outras pessoas e o ambiente lhes parecem mais
atraentes. Enquanto os introvertidos focam no significado que tiram
dos eventos ao seu redor, extrovertidos mergulham nos próprios
acontecimentos, de forma mais concreta. É como se os retraídos
recarregassem suas baterias ficando sozinhos e os expansivos o
fizessem por meio da socialização.
Um fato a ser considerado é que não
há uma definição geral para introversão ou extroversão – não
se trata de categorias unitárias, como “cabelos cacheados” ou
“40 anos”, que permitem perceber claramente quem se enquadra em
uma delas. Por exemplo, a introversão pode se entendida tanto como
sinal de uma rica vida interior quanto como falta de autoconfiança e
de capacidade de socialização. Além disso, alguns argumentam que
as ideais de Jung são datadas, enquanto outros concordam
entusiasticamente com elas.
Ainda assim, os profissionais tendem a
concordar em vários pontos importantes:
1. Introvertidos e extrovertidos
diferem quanto ao nível de estímulo externo de que precisam para
funcionar bem.
2. Há diferenças na forma de
trabalhar. Extrovertidos tendem a terminar tarefas rapidamente, tomam
decisões rápidas (e às vezes drásticas) e sentem-se confortáveis
com muitas tarefas ao mesmo tempo: gostam da “excitação da caça”
por recompensas como dinheiro e status. Já os introvertidos costumam
ser mais lentos e ponderados, gostam de focar em uma atividade cada
vez e podem ter um grande poder de concentração, além de serem
relativamente imunes às tentações da fama e fortuna.
Vale lembrar que nossa personalidade
molda também nossos estilos sociais. Extrovertidos são pessoas que
darão vida a um jantar entre amigos e rirão generosamente de suas
piadas. Eles tendem a ser assertivos, dominantes e necessitam muito
de companhia. Eles pensam em voz alta e rapidamente; preferem falar a
escutar, raramente se encontram sem palavras e ocasionalmente vomitam
palavras que nunca quiseram dizer. Sentem-se confortáveis em
conflitos, mas não com a solidão. Os introvertidos podem ter várias
habilidades sociais e até gostar de festas e reuniões de negócios,
mas depois de um tempo desejam estar em casa, de preferência de
pijama. Eles preferem devotar suas energias sociais aos amigos
íntimos, colegas e família. Ouvem mais do que falam e muitas vezes
sentem que se exprimem melhor escrevendo do que falando. Tendem a não
gostar de conflitos, têm horror a jogar conversa fora, mas apreciam
discussões profundas. E podem ser reclusos ou misantropos, mas a
maioria é perfeitamente amigável, acredite.
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