quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Quietos sim. E daí?_7/8


Por Susan Cain – Escritora e Consultora empresarial formada em direito pelas Universidades de princeton e Harvard. Este artigo foi adaptado do original “O Poder dos Quietos” (Agir, 2012) com a autorização da Editora.

Da revista Mente & Cérebro n° 233, Junho/2012


Lentidão e cachos

Em 1921, o psiquiatra suíço Carl Jung, criador da psicologia analítica, publicou um livro bombástico: Tipos psicológicos. A obra foi fundamental para a popularização dos termos “introvertido” e “extrovertido” como os pilares da personalidade. Pessoas que se adequam ao primeiro grupo são atraídas pelo mundo interior do pensamento e do sentimento e os demais pela vida externa: outras pessoas e o ambiente lhes parecem mais atraentes. Enquanto os introvertidos focam no significado que tiram dos eventos ao seu redor, extrovertidos mergulham nos próprios acontecimentos, de forma mais concreta. É como se os retraídos recarregassem suas baterias ficando sozinhos e os expansivos o fizessem por meio da socialização.

Um fato a ser considerado é que não há uma definição geral para introversão ou extroversão – não se trata de categorias unitárias, como “cabelos cacheados” ou “40 anos”, que permitem perceber claramente quem se enquadra em uma delas. Por exemplo, a introversão pode se entendida tanto como sinal de uma rica vida interior quanto como falta de autoconfiança e de capacidade de socialização. Além disso, alguns argumentam que as ideais de Jung são datadas, enquanto outros concordam entusiasticamente com elas.

Ainda assim, os profissionais tendem a concordar em vários pontos importantes:

1. Introvertidos e extrovertidos diferem quanto ao nível de estímulo externo de que precisam para funcionar bem.

2. Há diferenças na forma de trabalhar. Extrovertidos tendem a terminar tarefas rapidamente, tomam decisões rápidas (e às vezes drásticas) e sentem-se confortáveis com muitas tarefas ao mesmo tempo: gostam da “excitação da caça” por recompensas como dinheiro e status. Já os introvertidos costumam ser mais lentos e ponderados, gostam de focar em uma atividade cada vez e podem ter um grande poder de concentração, além de serem relativamente imunes às tentações da fama e fortuna.

Vale lembrar que nossa personalidade molda também nossos estilos sociais. Extrovertidos são pessoas que darão vida a um jantar entre amigos e rirão generosamente de suas piadas. Eles tendem a ser assertivos, dominantes e necessitam muito de companhia. Eles pensam em voz alta e rapidamente; preferem falar a escutar, raramente se encontram sem palavras e ocasionalmente vomitam palavras que nunca quiseram dizer. Sentem-se confortáveis em conflitos, mas não com a solidão. Os introvertidos podem ter várias habilidades sociais e até gostar de festas e reuniões de negócios, mas depois de um tempo desejam estar em casa, de preferência de pijama. Eles preferem devotar suas energias sociais aos amigos íntimos, colegas e família. Ouvem mais do que falam e muitas vezes sentem que se exprimem melhor escrevendo do que falando. Tendem a não gostar de conflitos, têm horror a jogar conversa fora, mas apreciam discussões profundas. E podem ser reclusos ou misantropos, mas a maioria é perfeitamente amigável, acredite.

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