quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Vergonha Nacional_5/7


Revista Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86
por Laura Diniz e Carolina Rangel
Com reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel Marques


Fotografias

Rio de Janeiro, quarta-feira, 16h – pg 81

Quando foi fotografado por VEJA, o estudante de 16 anos de pé à esquerda tomava a primeira das dez cervejas que cosumiria naquele dia. Com a mesada de 1.700 reais, patrocina a farra a turma na paria e na balada. Quando a mãe soube dos seus excessos, ele prometeu beber só em casa. Mas não cumpre o acordo. “Nunca tiver dificuldade para comprar bebida e entro na balada com uma identidade falsa infalível”, diz.

Campo Grande, quarta-feira, 20h – pg 83

A estudante de 14 anos juntou-se a outras 3.000 pessoas para assistir à final a copa Libertadores em um telão na Praça do Rádio e torcer pelo Corinthians. Em Campo Grande, é proibido beber em locais públicos, independentemente da idade. Mas ninguém incomoda os contraventores. No dia do jogo, todo mundo bebeu na praça, mesmo com a presença de policiais. “Aqui não tem o que fazer, o jeito é beber”, disse o jovem, que festejou tomando vocda com suco no gargalo da garrafa.

Porto Alegre, quarta-feira, 20h45 – pg 84 e 85

As duas gauchas de 17 anos da foto ao lado fazem um brinde à impunidade. Elas começaram a tomar cerveja há pelo menos dois anos e hoje bebem quase diariamente. Nunca tiveram dificuldade para comprar as garrafas. Uma delas, estudante de filosofia, diz que as festas da turma na universidade pública em que estuda sempre têm gelatina com vodca. A outra, que ainda está no ensino médio, diz que só os religiosos de sua escola não bebem. As duas consideram o discurso antiálcool puro moralismo: “Café também já foi proibido para menores”.

Belém, quinta-feira, 23h30 – pg 85

O garçom Ricardo Omar, 35 anos, já vendeu cerveja a menores diversas vezes. “Eu trabalhava na praia, não tinha fiscalização nenhuma. Fico triste por ver adolescentes bebendo, mas, se eu não vendesse outro iria vender”, disse o garçom. Omar ficou decepcionado recentemente, quando descobriu que seu filho de 15 anos também consome bebida alcoólica, mas não o proibiu. “Beber um pouco não faz mal, o problema é descambar para as drogas”.

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