Revista
Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86
por
Laura Diniz e Carolina Rangel
Com
reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel
Marques
Um
dos dados que mais chamam atenção na pesquisa é o que mostra que,
ao contrário de países como os Estados Unidos, por exemplo, no
Brasil, os jovens mais ricos são os que mais tê m o hábito de se
embebedar. O estudo mostrou que quase metadoe dos jovens da classe A,
em que a renda familiar média supera os 10.000 reais, se embriagaram
aos menos uma vez no último ano. É quase o dobro do índice
registrado entre as classe D e E (renda familiar média de 600
reais). Segundo uma das autoras do estudo, Zila Sanches, isso se deve
sobretudo ao fato de que os brasileiros anda relevam os riscos do
álcool, ao contrário do que ocorre entre os americanos. Além
disso, jovens ricos têm uma vida social mais ativa e maior autonomia
financeira do que os mais pobres, o que facilita o acesso à bebida.
Influenciaria, ainda um menor temor dos pais dessa classe média alta
de que seus filhos se tornam marginais ou fracassados em razão do
contato com o álcool, já que o ambiente de proteção social e o
histórico familiar não apontam nessa. Direção. Essa realidade já
influencia também a oferta de serviços de saúde. Há cerca de dois
anos, os médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, reduto da
classe A, começaram a notar o fenômeno. “Não era comum
atendermos adolescentes de 13 e 14 anos com intoxicações
alcoólicas.
Agora, dois ou três costumam dar entrada aqui por noite
à sextas-feiras e aos sábados”, explica a pediatra Paula Cristina
Ranzini, da Unidade de Pronto Atendimento Infantil da unidade Morumbi
do Einstein. Os jovens chegam entre 23 horas e meia-noite e são
levados pelos pais ou por pais de amigos. A situação mais comum é
terem exagerado em bebidas ice (como é conhecida a mistura de vodca
com refrigerante ou suco de fruta) e destilados em festas na casa de
amigos, chamadas de ”esquenta”. Os pais ficam perplexos e, muitas
vezes, trocam acusações na frente dos médicos. Diante da situação,
o hospital montou um protocolo de atendimento especial para
adolescentes embriagados, que prevê encaminhamento para consulta com
terapeuta e, nos casos mais graves, avaliação psicológica antes da
alta.
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