sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Vergonha Nacional_3/7


Revista Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86
por Laura Diniz e Carolina Rangel
Com reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel Marques


Um dos dados que mais chamam atenção na pesquisa é o que mostra que, ao contrário de países como os Estados Unidos, por exemplo, no Brasil, os jovens mais ricos são os que mais tê m o hábito de se embebedar. O estudo mostrou que quase metadoe dos jovens da classe A, em que a renda familiar média supera os 10.000 reais, se embriagaram aos menos uma vez no último ano. É quase o dobro do índice registrado entre as classe D e E (renda familiar média de 600 reais). Segundo uma das autoras do estudo, Zila Sanches, isso se deve sobretudo ao fato de que os brasileiros anda relevam os riscos do álcool, ao contrário do que ocorre entre os americanos. Além disso, jovens ricos têm uma vida social mais ativa e maior autonomia financeira do que os mais pobres, o que facilita o acesso à bebida. Influenciaria, ainda um menor temor dos pais dessa classe média alta de que seus filhos se tornam marginais ou fracassados em razão do contato com o álcool, já que o ambiente de proteção social e o histórico familiar não apontam nessa. Direção. Essa realidade já influencia também a oferta de serviços de saúde. Há cerca de dois anos, os médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, reduto da classe A, começaram a notar o fenômeno. “Não era comum atendermos adolescentes de 13 e 14 anos com intoxicações alcoólicas. 

Agora, dois ou três costumam dar entrada aqui por noite à sextas-feiras e aos sábados”, explica a pediatra Paula Cristina Ranzini, da Unidade de Pronto Atendimento Infantil da unidade Morumbi do Einstein. Os jovens chegam entre 23 horas e meia-noite e são levados pelos pais ou por pais de amigos. A situação mais comum é terem exagerado em bebidas ice (como é conhecida a mistura de vodca com refrigerante ou suco de fruta) e destilados em festas na casa de amigos, chamadas de ”esquenta”. Os pais ficam perplexos e, muitas vezes, trocam acusações na frente dos médicos. Diante da situação, o hospital montou um protocolo de atendimento especial para adolescentes embriagados, que prevê encaminhamento para consulta com terapeuta e, nos casos mais graves, avaliação psicológica antes da alta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário