Revista
Veja n° 2277, de 11.07.2012 – pags. 80/86
por
Laura Diniz e Carolina Rangel
Com
reportagem de Kalleo Coura, André Eler, Alessandra Medina e Manoel
Marques
Levantamentos
feitos no Brasil e no exterior comprovam que beber – em qualquer
idade – potencializa comportamentos temerários. No adolescente,
com uma onipotência e impulsividade características, o risco de o
álcool provocar ou facilitar situações como gravidez precoce,
contaminação por doenças sexualmente transmissíveis,
envolvimentos com a criminalidade e uso de drogas ilícitas é
perigosamente maior. Junte-se a isso o fato de que, num organismo
jovem, o impacto e as consequências da ingestão de bebida são
muito diferentes do que os que incidem sobre um adulto e a conclusão
– unânime – dos especialistas é: menores de 18 anos não devem
beber sequer uma gota de álcool.
A
experiência de muitos adultos, no entanto, ajuda a enfraquecer o
que, para os cientistas, é uma certeza. Muitos pais pensam: “Tomei
minhas doses quando era jovem e hoje tenho um emprego estável, uma
família feliz e uma relação saudável com a bebida” . Por causa
disso, novas pesquisas têm tentado matizar as categorias de
bebedores jovens e precisar os riscos associados a cada perfil. Esse
tipo de estudo é realizado há pelo menos uma década no exterior,
mas só há pouco tempo começou a ser feito também aqui. Um
precioso levantamento, a ser publicado no mês que vem na revista
científica Drugs and Alcohol Dependence, ouviu 15.000 jovens
nas 27 capitais brasileiras para mapear como, onde, quanto e o que
bebem os adolescentes brasileiros. O foco escolhido foi o grupo que
mais preocupa quem trata do problema: jovens que bebem ao menos cinco
doses de álcool em uma única ocasião - ou seja, que incorrem na
popular “bebedeira”. O cenário que emerge do estudo é
alarmente. Ao longo de uma ano, um em cada três jovens brasileiros
de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 40% dos casos mais
recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos e parentes. Os
números confirmam também a leniência com que adultos encaram a
transgressão. Em 11% dos episódios, os menores estavam acompanhados
dos próprios pais ou de tios.
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